sexta-feira, 14 de junho de 2013

Não, a culpa não é do São Paulo

Poucos pararam para pensar, mas foi o Tricolor paulista o coadjuvante de dois momentos emblemáticos da história recente do Grêmio. Voltamos para 11 de novembro do ano passado, para o velho e saudoso estádio Olímpico Monumental. Cerca de 46 mil pessoas superlotavam o Velho Casarão para seu penúltimo jogo - ao menos, à época, se achava que seria mesmo. Os donos da casa, empurrados pela torcida e pelo seu preparo físico invejável àquela altura do campeonato, viraram um jogo na base da força e se qualificaram para a Libertadores da América do ano seguinte. Indo 7 meses e um dia à frente, percebe-se que o "fica Luxemburgo" entoado pela maioria dos quase quarenta e cinco mil e oitocentos e noventa e quatro presentes naquela tarde de domingo quente e ensolarada foi absurdamente equivocado. Os dois jogos tem uma coisa em comum: ambos contaram com "pardalices" do professor.

Quarta-feira, 12 de junho de 2013. Noite fria dos namorados e uma Arena esvaziada estavam no contexto de mais um Grêmio e São Paulo. Em 7 meses, o time gremista já havia jogado a vaga direta na Libertadores pelo ralo, empatando um Gre-Nal sem gols, onde teve dois jogadores a mais em determinado momento do jogo. Depois jogou a própria competição pela janela, sendo eliminado pelo Independiente Santa Fe. Some-se a isto uma participação ridícula no Campeonato Gaúcho e um começo claudicante no Brasileirão, e o "fica Luxemburgo" não era a maior das vontades do torcedor. Afinal, quem quer um treinador que muda de esquema "em função do adversário", ou não consegue fazer um amontoado de ótimos jogadores se tornar ao menos um time razoável? O time azeitado do ano passado deixou de existir como passe de mágica. Será que este time azeitado realmente existiu?

Eu acredito que sim. Os problemas aconteciam quando o treinador mudava a postura do time, ou o time mesmo fazia isto por conta própria, e quando haviam mudanças táticas. Como houveram nos dois jogos contra o São Paulo. No ano passado, 3 volantes e um atacante; este ano, um armador e 3 atacantes. Fatos pontuais como estes, que pareciam ser apenas para reiterar o poder do técnico sobre (vejam bem!) o clube, foram se repetindo, até que o time, mesmo com sua formatação original, perdeu totalmente a consistência. E o torcedor perdeu a paciência. Assim como em 2012, o time levou um gol no final da etapa inicial e foi alterado no intervalo, para ficar da forma como deveria ser, desde o início. Já dizia aquela velha máxima, "técnico que mexe bem, é porque escala mal". Escala mal e se indispõe com os melhores jogadores do time - a saber, Barcos, Elano e Zé Roberto.

Não vou voltar a registros anteriores, não cabe. Eu me animei muito a falar sobre a adaptação à Arena e esqueci de falar sobre o time. Há que pensar no presente e no futuro, e um futuro minimamente promissor envolve a não permanência de Vanderlei Luxemburgo no comando técnico do Grêmio. Que a direção não irá mandá-lo embora, é fato sabido e registrado, Fábio Koff confia no trabalho do professor, confia no projeto. Mais uma vez chegamos ao mês de junho com a sensação de que o ano já acabou, mesmo com 33 rodadas do Brasileirão pela frente e uma Copa do Brasil a ser jogada. Se formos pegar como parâmetro o que o time não vem jogando atualmente, não sobreviverá aos próximos desafios, infelizmente. E se o Grêmio não aproveitar, deixará passar o bonde da história e não será mandante contra o São Paulo pelo menos até o ano que vem...

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