segunda-feira, 30 de maio de 2016

Orgulhosamente seguimos iludidos

Apontou e acertou: o Grêmio não ocupava o topo da tabela do Brasileirão desde outubro de 2008 (Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA)
Antes do início do Campeonato Brasileiro, nem o mais delirante dos torcedores da dupla Gre-Nal poderia imaginar que depois de quatro rodadas, os dois gigantes do futebol gaúcho estariam dividindo a liderança da competição. Os primeiros meses de 2016 foram pouco animadores, com um pouco inspirado Internacional conquistando o Gauchão, e o Grêmio decepcionando nas três competições que disputou. Eis que a arrancada do Brasileirão surpreende, com ambos os times mostrando grande solidez, se credenciando de cara ao título nacional que não fica na Província de São Pedro fazem longínquos 20 anos.

Depois da primeira rodada a sensação que ficou era de que teríamos mais um Brasileirão daqueles intermináveis, com a dupla lutando por posições intermediárias, para no final do campeonato se contentar com vagas para torneios continentais. Os empates sem gols contra Corinthians e Chapecoense foram difíceis de digerir, cada qual pelas suas circunstâncias. O Grêmio controlou o jogo na Arena Corinthians, perdeu boas chances de gol, mas mostrou muitos dos problemas que irritaram muito o torcedor nas eliminações na Libertadores e no Gauchão. Já o Inter, jogando em casa, consagrou o goleiro Danilo, da Chapecoense, e também não foi capaz de tirar o zero do placar, inclusive desperdiçando pênalti dos pés do zagueiro Paulão.

O Tricolor é o líder, com os mesmos 10 pontos colorados, mas com vantagem no saldo de gols. O time de Roger Machado não empolga como em 2015, ainda que dê mostras de estar se aproximando do seu melhor desempenho. A vitória categórica sobre os reservas do Atlético-MG pode até ter enganado muita gente, principalmente depois da vitória esquálida sobre o Flamengo na rodada 2. No entanto, é importante notar que o treinador gremista, ainda que tenha seus defeitos - e que não são poucos -, está reencontrando uma ideia de time que o tornou um dos técnicos mais badalados do país. O próximo passo é ter paciência com os talentosos jovens à disposição no elenco e torná-los protagonistas no time, deixando os criticados medalhões de lado - sobretudo Douglas e Marcelo Oliveira.

Talvez surpreenda ainda mais a boa largada do Inter, cujo futebol pouco vistoso dava esperanças igualmente proporcionais aos seus torcedores. É um time claramente moldado a se defender, jogando muitas vezes com três volantes, e que prima pela eficiência em todos os setores. O sistema defensivo, outrora uma dor de cabeça no Beira-Rio, aparentemente foi resolvido, com a ascensão de Artur e as ótimas fases de Paulão e Ernando. E os lampejos de talento individual, que era o que salvavam o time no ano passado, evoluíram para uma mecânica de jogo interessante do meio para a frente, contando com a qualidade e mobilidade do trio Eduardo Sasha, Andrigo e Vitinho. As vitórias maiúsculas contra São Paulo e Santos, ambos em território paulista, foram um belo cartão de visitas.

O Inter também aponta para o alto, mais um postulante ao título nacional (Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional)
O que fica é a expectativa de uma sequência de bons resultados que façam a dupla Gre-Nal brigar como protagonistas, como deveria ser em todos os anos. Não existe adversário fácil no Campeonato Brasileiro, tido por muitos como o mais difícil do mundo, mas 2016 também não é um ano que apresente um "bicho-papão". Os grandes paulistas estão em um período de instabilidade, sobretudo Corinthians e Palmeiras, os cariocas há tempos não assustam, e os mineiros parecem um pouco abaixo das ótimas campanhas feitas de 2012 para cá. Ou seja, mesmo longe de terem os melhores times das suas histórias, Grêmio e Inter mostram ter totais condições de sair da fila por títulos nacionais. Depende apenas deles fazer com que a ilusão do torcedor de um dos gigantes gaúchos se torne realidade e festa na Goethe no início de dezembro.

Antes do Esquecimento
  • Na tarde deste domingo foi disputada a grande final do Torneo de Transición argentino, entre San Lorenzo e Lanús, no Monumental de Núñez. Era esperada uma decisão altamente equilibrada, mas o time treinado por Pablo Guede voltou a fraquejar em uma decisão e foi massacrado pelo Granate. A vitória por 4 a 0 do Lanús ficou baratíssima, escancarando a falência do sistema de jogo do Ciclón. Apesar do vexame, o San Lorenzo estará na Libertadores 2017, junto do campeão Lanús, do Godoy Cruz e do Estudiantes.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Morna e insípida

O técnico Roger pecou pela covardia e voltou a tirar o torcedor
gremista do sério (Foto: Wesley Santos / Agência PressDigital)
Dizem que "em tempos de guerra, qualquer buraco é trincheira". Depois de sequer chegar à final do Gauchão e de ser eliminado de forma categórica da Libertadores da América, o Grêmio tentou juntar os cacos para dar uma resposta convincente aos seus torcedores na estreia pelo Brasileirão. O Tricolor foi à Arena Corinthians para enfrentar o atual campeão, e voltou com um pontinho na mala, graças ao empate sem gols na capital paulista.

A direção já admitia antes do jogo que estava satisfeita em não perder. Objetivo cumprido? Em partes. Era de suma importância apresentar uma atitude diferente daquela mostrada contra o Rosario Central. Convenhamos que piorar era muito difícil, e contra um também abatido e pouco inspirado Corinthians, a missão ficou um pouco mais simples. O Grêmio dominou o jogo em sua totalidade, inclusive criando as melhores chances para tirar o zero do placar. Em condições normais, todos comemorariam o empate, mas ficou um gostinho de quero mais que incomoda.

Por que incomoda? Porque o time voltou a demonstrar a falta de ambição que irritou o torcedor na eliminação na Libertadores. O Grêmio de Roger Machado não precisa parir uma bigorna incandescente para vencer seus jogos e sabe disso. O problema é não tentar, é não buscar ir além de suas limitações, bastante evidentes, por sinal. O treinador gremista voltou a demonstrar que não tem criatividade alguma quando o jogo encrespa, ou quando precisa buscar o resultado. A troca de Bolaños por Edinho foi um crime lesa-pátria, um acinte à paciência do torcedor. Na prática, a medida trouxe o Corinthians ao campo do Grêmio, e os minutos finais só não foram de um terror ainda maior porque o Alvinegro paulistano está longe de seus melhores dias.

Não foi ruim para ser trágico ou intragável, também não foi bom o suficiente para estouro de foguetes. O Grêmio mostrou que tem potencial para fazer um campeonato digno, e que os desempenhos desastrosos nas decisões do primeiro semestre não são o teto do time, longe disso. Cabe à nova direção, encabeçada por Alberto Guerra, reforçar o time de verdade, e ao técnico Roger fazer uma forte autocrítica, para identificar seus erros, mas principalmente seus acertos, porque quem não sabe explicar os motivos de seu sucesso, também não saberá reconhecer seu fracasso.

Antes do Esquecimento

O Brasil de Pelotas estreou no último sábado na Série B, recebendo o Paraná Clube diante de um ótimo público em um Bento Freitas em obras. A vitória por 2 a 0, com doblete de Felipe Garcia, pode até empolgar o torcedor, mas o desempenho foi muito preocupante para quem vê de fora. Para manter a categoria, maior desafio do Xavante em 2016, o fator local será determinante, pois o time está claramente abaixo da necessidade que a competição impõe.

Dois degraus abaixo, o São José conheceu seus adversários na Série D nacional. O time da Zona Norte de Porto Alegre ficou no Grupo A14, ao lado de Villa Nova-MG, São Bento-SP e Portuguesa-RJ. A estreia será no dia 12 de junho, às 16h, contra o São Bento, em Sorocaba. O elenco que segue sendo comandado por China Balbino perdeu jogadores importantes, como Jô, Diego Torres, Rafinha e Wágner Fogolari, mas outros bons nomes chegaram, como o volante Reinaldo, ex-Lajeadense e de passagem pelo Palmeiras, o meia Alex Goiano, destaque do São Paulo de Rio Grande no Gauchão e o inoxidável atacante Rodrigo Gral, que dispensa apresentações.