domingo, 7 de dezembro de 2014

Ser copeiro ou não ser?

Um dos momentos mais espetaculares do Brasileirão 2014
(Foto: Charles Guerra / Agência RBS)
O que Internacional e Corinthians ganharam e perderam nos dois jogos deste último sábado, que encerraram suas participações no Campeonato Brasileiro 2014, todos sabemos. Mas o que representa, na prática, as presenças dos gaúchos na fase de grupos e dos paulistas na 1ª fase da Libertadores da América 2015? Até que ponto o mito de enfrentar argentinos e uruguaios poderá ser mais difícil para o Corinthians? É tão fácil assim o grupo do Internacional, como alguns setores da imprensa vem vendendo? Vamos aos fatos...

E depois de dois anos de ausência, o Inter volta no Grupo 4 da Libertadores, para tentar seu terceiro título em menos de 10 anos. Tenho lido e ouvido muitas coisas sobre este grupo, e o fato do Colorado ter escapado de San Lorenzo e São Paulo não se constitui necessariamente em uma vantagem. Vantagem mesmo, no meu ver, foi escapar de jogar a 1ª fase do torneio, podendo esticar um pouco mais a pré-temporada e azeitar o time.

O Grupo 4 contará com dois campeões nacionais (o 2, chamado "da Morte", terá apenas um), do Chile e Equador. O campeão chileno foi definido ontem, a tradicional equipe da Universidad de Chile, e o equatoriano será conhecido no próximo dia 21, na final que será disputada entre Emelec e o campeão do segundo semestre - Barcelona, Independiente del Valle e Liga de Quito seguem na briga, além dos próprios Eléctricos. Fecha a chave o vencedor de Monarcas Morelia e The Strongest - uma viagem ao México ou à altitude de La Paz.

Não será nada fácil, mesmo. Os clubes de Guayaquil são muito tradicionais, e jogar em Quito também tem o bônus da altitude. O Independiente causou muitos problemas ao San Lorenzo, atual campeão da América, que eliminando os argentinos ainda na fase de grupos. A Universidad de Chile dispensa apresentações, e uma viagem longa, tanto para a Bolívia, quanto para o México, é sempre uma dor de cabeça extra, principalmente para os brasileiros, com todos seus problemas relativos ao calendário.

Já o Corinthians terá que disputar a 1ª fase da Copa, conhecida aqui no Brasil como "pré-Libertadores", contra o melhor colombiano na contagem total dos pontos de 2014, que pode ser ou Santa Fe, ou Once Caldas, ambos bem conhecidos dos brasileiros. Passando por esse confronto, o Timão entra no Grupo 2, com o atual campeão, San Lorenzo, seu arquirrival São Paulo, e o chico, pero tradicional Danubio, surpreendente campeão uruguaio na temporada passada.

O problema para os paulistas, no meu ver, é o confronto da 1ª fase. Jogar na Colômbia é sempre um inferno - o Corinthians sabe bem como é, inclusive -, principalmente contra equipes mais tradicionais. E neste aspecto o Santa Fe seria um adversário mais complicado, apesar de o Once Caldas também jogar na altitude de Manizales. Esse duelo eliminatório afeta toda a logística do início de ano, encurtando a pré-temporada e obrigando o time a começar o ano já com um confronto decisivo.

A sequência me parece mais tranquila. Honestamente, não vejo em San Lorenzo e Danubio mais times que em Universidad de Chile e qualquer equatoriano que se classifique, por mais que jogar no Nuevo Gasómetro e no Centenario seja sempre carne de pescoço. O São Paulo é um adversário doméstico que, apesar de ser rival estadual, não costuma se dar muito bem contra seus compatriotas na Libertadores. Sem contar as viagens curtas para Buenos Aires e Montevidéu. Nesse aspecto o Corinthians tem uma vantagem interessante.

Seja como for, gaúchos e paulistas estarão na vitrine mais importante da América, e uma das mais importantes do mundo do futebol. E, como costumo dizer, "a Libertadores é um lugar onde é melhor estar, do que não estar". Quem espera facilidades no torneio mais charmoso do mundo, pode esperar sentado. A edição 2014 está aí para provar que não basta ser o melhor, tem que mirar e querer a Copa para poder tocá-la.