segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Depois da palavra falada, a palavra escrita

Imagem que só não é mais ilustrativa por falta de gente (Foto: Divulgação / Rádio Independente)
Este domingo marcou o final vitorioso de um ciclo em 2017. Por que vitorioso? Porque quando tu adotas um produto, em especial nesse meio antropófago, que é o da comunicação, tu torces para que ele te leve o mais longe possível. A Rádio Independente teve o Esporte Clube São José como seu principal produto nesse segundo semestre, estando em todos os jogos no Passo d’Areia na Série D e na Copa Paulo Sant’Ana, além de marcar presença nos jogos fora de Porto Alegre. A classificação para a Série C bateu na trave, mas o título da Copinha coroou o trabalho do clube, do "porteiro ao presidente", como gosto de dizer. Coroou também a valorização que demos ao produto São José, uma verdadeira aposta em um clube que vive à sombra de dois gigantes do futebol brasileiro, sem nenhum apelo na grande mídia.

Até aqui falo em nome da nossa equipe campeã, que também soube se valorizar e evoluir à medida que as jornadas ganharam importância e que o trabalho se tornou relevante, inclusive aos olhos de outros veículos maiores. Mas preciso falar por mim... Ninguém chegou para mim e disse que a estrada como locutor seria uma barbada. Fiz o curso para obter a habilitação e ter uma outra alternativa profissional, além da inegável paixão que tenho pelo rádio e pela comunicação. Fiquei quase um ano com a habilitação engavetada e amadurecendo o momento no qual eu iria me expor a um microfone, fora dos estúdios da "academia". Quase que despretensiosamente, acompanhando, olhem só, o próprio São José, surgiu uma oportunidade na pessoa do Daniel Félix, que viria a se tornar meu coordenador na Rádio Independente, além de um grande amigo.

Amizade... Em uma caminhada tortuosa, como é a do rádio, as amizades são conquistas de valor inestimável. Convivemos com pessoas, conhecemos lugares, experimentamos sensações que, para quem acompanha e verdadeiramente gosta de futebol são um privilégio, de poder contar coisas de um esporte que mobiliza e emociona tanta gente. Tudo começou no nada distante 25 de junho deste ano, em um Passo d’Areia com portões abertos pela primeira vez na Série D, para ser o plantão da jornada que definiria o futuro do São José na competição, no jogo contra o Ituano. Aquele cara que nunca havia aberto um microfone para o mundo ouvir, tremia como todo iniciante que se preze, mas sobreviveu àquele desafio e entendeu que se tinha alguma coisa que ele queria para si, era se embebedar dessa latinha cheia da cachaça a que tanto se referem os radialistas.

Do plantonista que estava se tornando confortável ao repórter/comentarista totalmente sem desenvoltura foram 3 jogos e uma viagem de quase 20 horas até São Bernardo do Campo. Outra experiência marcante, por tudo que envolveu aquela epopeia, pelo que foi o jogo, pelas pessoas que conheci nesse processo. Faltava uma coisa: o campo. Por mais que eu soubesse que não me daria muito bem metendo microfone na boca de boleiro, queria tentar, queria esse desafio. E ele não demorou a vir... 17 de agosto, estreia do São José na Copa Paulo Sant’Ana, coincidentemente contra o Aimoré, no estádio Monumental do Cristo Rei, numa noite esquisita de quinta-feira. Uma que outra tímida entrevista, participação na coletiva do então técnico do time porto-alegrense e um desempenho abaixo da crítica. Nada que me deixasse chateado, ou algo do gênero, afinal, era apenas o primeiro jogo.

Existe um chavão que diz que "o Brasil tem 200 milhões de treinadores", ou algo assim. Todo brasileiro que gosta de futebol tem um quê de corneteiro ou de comentarista que parece algo inato. Óbvio que comigo não seria diferente, e veio o primeiro convite para comentar uma partida e também a primeira participação em uma rádio AM, na Metrópole, de Cachoeirinha. Estádio Antônio Vieira Ramos, em Gravataí, um xoxo 0 a 0 entre Cruzeiro e Igrejinha. A tarde de sábado onde me senti mais à vontade com um microfone em punho e menos à vontade em uma cabine com espaço físico reduzido, que dividi com o amigo Jefferson Couto. Ali descobri o que eu queria e o que eu poderia fazer de melhor se tratando de rádio esportivo. Já imaginava que eu conseguiria desempenhar melhor no comentário, mas não esperava tanta naturalidade da minha parte.

A Copa Paulo Sant’Ana foi um baita laboratório, tanto para mim, quanto para a Rádio Independente, que abriu seu microfone para uma grande e competente equipe ao longo da competição. É uma satisfação enorme criar esses laços de convivência e amizade com cada um da equipe, com quem pude aprender muito para evoluir a cada jornada esportiva. Até então, só havia participado das transmissões de jogos da dupla Ze-Cruz, e não me interessava tanto pela dupla Gre-Nal. No entanto, com a caminhada do Grêmio na Libertadores da América, surgiu a Rede do Futebol, e com ela o convite para comentar Grêmio e Botafogo, na Arena. Os amigos Daniel Félix, Fabiano Barbosa (ou Barbosa Júnior, como o próprio prefere) e Ciro Götz comandaram uma grande transmissão, desde às 20h até quase 1h da madrugada, coroada com a classificação gremista em pleno 20 de setembro.

À medida que o São José avançava na Copinha e eu buscava evoluir, tanto na cabine, quanto na beirada do campo, uma nova experiência apareceu nessa jornada: fazer jogos em tubo, pela Rádio Saldanha. Comentei Paraná e Internacional, pela Série B, em jogo que estabeleceu o recorde de público da Arena da Baixada. Confesso que é diferente de estar na cabine, dentro do clima do jogo, mas é uma outra forma de ver e contar a história. Esse período frenético teria mais capítulos marcantes, com as fases finais da Copa Paulo Sant’Ana, onde a Rádio Independente fez acompanhamento total dos clássicos entre São José e Cruzeiro, e da final entre São José e Aimoré. Comentei o primeiro clássico Ze-Cruz e reportei nos outros 3 jogos, participando também dos pré e pós-jogos, ao lado do Barbosa Júnior, que me ensinou demais e facilitou muito o desenvolvimento do meu trabalho.

No final das contas, com todas essas experiências em apenas 4 meses de trabalho, são duas coisas que ficam: a gratidão e o aprendizado. Muitas pessoas participaram deste processo, e se eu for listar todos o texto vai dobrar de tamanho, mas ainda menor, infinitamente menor do que tenho a aprender. Afinal, se nem 2017 acabou, o que dizer dessa caminhada? Muitos desafios estão esperando, prontos para serem encarados de frente, com muita dedicação e humildade, elementos fundamentais para chegar a algum lugar. Nosso espaço, enquanto Rádio Independente, nós estamos cavando aos pouquinhos, e 2017 está sendo sensacional neste aspecto. Falando por mim, comentarista/repórter/plantão/radialista Jhon Willian Tedeschi, espero seguir contribuindo de forma satisfatória em todos os espaços que me forem permitidos, sempre em frente.

sábado, 22 de outubro de 2016

A maldição do Gre-Nal possível

Em 2011, o Grêmio caiu diante da Universidad Católica, sendo parte do famoso e frustrado "Gre-Nal da Libertadores" (Foto: Jefferson Bernardes / AFP Photo)
Na tarde deste domingo será disputado, na Arena do Grêmio, o Gre-Nal 411, válido pelo Brasileirão 2016 e que poderá implicar em muitas consequências chave na sequência dos clubes na temporada. Teremos cerca de 50 mil pessoas no estádio gremista para ver um Grêmio buscando terminar o campeonato com certa dignidade e querendo atrapalhar a vida do Internacional, que tenta se livrar de vez de qualquer risco de rebaixamento. Ambos seguem vivos na Copa do Brasil, onde no meio da semana passada alcançaram as semifinais, deixando a dupla paulista Palmeiras e Santos pelo caminho e terão pela frente os grandes de Minas Gerais, Cruzeiro e Atlético-MG.

A possibilidade de haver uma final histórica é real, o que caracterizaria o maior clássico da história. No entanto, por falar em história, ela nos conta que, sempre que estivemos diante de um Gre-Nal que pararia o Rio Grande do Sul, muitas vezes ele não aconteceu. Até hoje se fala do “Gre-Nal do Século”, disputado em fevereiro de 1989, válido pela semifinal do Campeonato Brasileiro do ano anterior – graças ao formulismo vigente à época. O Internacional venceu o clássico de número 297 por 2 a 1, de virada, em um domingo calorento, dentro de um Beira-Rio com quase 80 mil pessoas, chegando à final do torneio.


Tivemos outros clássicos em competições de mata-mata, mas nenhum com a mesma importância. Destaca-se entre eles o confronto eliminatório nas quartas de final da Copa do Brasil de 1992, no qual o Internacional novamente saiu vencedor, se classificando às semifinais na competição da qual se sagraria campeão. Foram dois empates em 1 a 1, com o time colorado se classificando na decisão dos pênaltis, dentro do estádio Olímpico. Nas Copas Sul-Americana de 2004 e 2008, o Inter fez valer a regra e eliminou o Grêmio, assim como na Seletiva para a Libertadores, em 1999.

Os clássicos que a história não escreveu

E os Gre-Nais que não aconteceram? No início das competições nacionais, lá na distante década de 60 do século passado, o Rio Grande do Sul tinha apenas um representante, o campeão estadual. Somente em 1967, com a criação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, Grêmio e Internacional passaram a participar juntos das competições além do Mampituba. O clássico de 1989 foi o primeiro a decidir alguma situação importante – no caso, além da classificação à final daquele Brasileirão, também valia uma vaga na Libertadores de 1989.

Até então, sequer havia a iminência desse clássico arrasa-quarteirão, ainda que ambos fizessem boas campanhas, sobretudo ao longo dos anos 70, mas muitas vezes o Grêmio ficou pelo caminho e não pode evitar o tricampeonato do Internacional. Nos anos 80, a tendência se inverteu, só que sem as boas campanhas coloradas, pelo menos na primeira metade daquela década. Depois de 1989 a gangorra quebrou de vez, e, pelo menos no Brasileirão, enquanto um ia bem, o outro ia mal. Restava a recém-criada Copa do Brasil.

O Brasileirão teve disputas eliminatórias apenas até 2002, descartando a possibilidade de um duelo de vida ou morte. A Copa do Brasil teve o confronto de 1992, que marcou a exceção do Internacional, um costumaz figurante no torneio. Em 1994, o Inter foi eliminado nas quartas de final pelo Ceará, que seria derrotado na final pelo Grêmio. Os nordestinos ainda passaram pelo obscuro Linhares, do Espírito Santo, antes da decisão – ou seja, era mesmo uma oportunidade concreta de um Gre-Nal na final daquele ano.

Os pequenos desastres da era moderna

O Internacional foi eliminado em casa, para o Peñarol, dando adeus à Libertadores 2011 e a possibilidade de um clássico histórico (Foto: Reprodução / AFP)
Entre 2002 e 2013 os clubes que disputavam a Libertadores da América ficaram de fora da Copa do Brasil – 2003, 2006, 2007, 2009, 2010, 2011 e 2012 foram exemplos disto. Nos anos de exceção, mais algumas pequenas tragédias, mas isso entra na conta histórica da Copa do Brasil. Em 2013, voltamos a ter a chance de um Gre-Nal decisivo. Nas quartas de final daquela competição, Grêmio e Inter enfrentariam Corinthians e Atlético-PR, respectivamente, e estavam chaveados para um possível enfrentamento nas semifinais.

O Tricolor passou nos pênaltis pelos paulistas, mas o Colorado ficou no caminho, perdendo no gol qualificado para o Furacão, que também eliminaria o Grêmio nas semifinais. No ano passado a situação se repetiu, terminando de forma ainda mais melancólica. A dupla Gre-Nal iria enfrentar Fluminense e Palmeiras, na mesma situação de 2013 – isso que no sorteio para as quartas de final já houve a expectativa de as bolinhas colaborarem. Ambos foram eliminados, ficando a um gol cada do esperado clássico que ficou na vontade.


A situação mais bizarra aconteceu em 2011. O Internacional era o atual campeão da Libertadores da América, enquanto o Grêmio arrancou uma vaga à fórceps para a fase preliminar da competição. As campanhas de ambos os colocaram nas oitavas de final posicionados de modo a se enfrentarem, caso se classificassem. Os adversários eram o Peñarol, para os colorados, e a Universidad Católica, para os gremistas. Rivais acessíveis, na teoria...

Na prática, a expectativa se tornou uma tragédia esportiva. Em meio à decisão do returno do Gauchão 2011, houveram os confrontos na competição continental. Ambos conseguiram a proeza de perder os jogos em Porto Alegre, o Grêmio na ida, e o Inter na volta, e o clássico pela Libertadores virou lenda urbana. Para 2016, a expectativa é maior que das outras oportunidades, em que pese o momento não tão brilhante dos times. Serão duas quartas-feiras que poderão encher o Rio Grande do Sul de dinamite – ou de lamúrias, novamente.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Reaprendendo a sonhar



A primeira semana de outubro, quando formos fazer uma retrospectiva da dupla Gre-Nal em 2016, ficará marcada com a semana da retomada da esperança dos torcedores. Quando as expectativas já eram as piores possíveis, dentro e fora de campo armaram-se reviravoltas que permitiram uma revisão de objetivos. Tudo bem que são prêmios de consolação, longe, muito longe da grandeza de Grêmio e Internacional, mas indicam o começo da salvação de uma temporada que tinha tudo para terminar de forma trágica. Na verdade o risco ainda existe, mas só quem pode respirar aliviado na hora de dormir sabe o valor que isso tem.

Jaílson foi o autor do gol que manteve o Grêmio na briga por uma vaga na próxima Libertadores da América (Foto: Tiago Caldas / Lancepress)
Da briga pela liderança ao meio da tabela. Sem escalas, em um processo rápido e doloroso, que pulveriza os anseios até do mais otimista. O mês de aniversário do Grêmio ficou para trás com apenas uma mísera vitória em cinco jogos pelo Brasileirão, com direito a lambadas inesquecíveis sofridas para Coritiba e Ponte Preta. O comando técnico mudou e a visão sobre o futebol também, com a chegada de Renato Portaluppi, ídolo-mor da história gremista. Esqueçam aquele time acadêmico, que tocava a bola incansável e infinitamente. O “velho-novo Grêmio” busca ser sólido, vertical e reativo, características históricas do clube.

A estreia de Renato foi pela Copa do Brasil, na desnecessariamente dramática classificação gremista sobre o Atlético-PR, quando o time foi derrotado no tempo normal e venceu apenas nos pênaltis. Naquela noite já se notava um Grêmio nem melhor, nem pior, apenas diferente. Na sequência, vitória sobre a Chapecoense, em atuação pobre e eficiente, um pouco mais seguro na defesa, menos dinâmico e mais letal. Ao menos o time voltava a vencer no Brasileirão, deixando para trás uma sequência de 7 jogos sem sentir o gostinho dos 3 pontos. Apresentando visível evolução, o Grêmio superou o Palmeiras no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil, fechando setembro com mais uma vitória.

Outubro começou com uma novidade vinda do Paraguai. A Conmebol anunciou que a Libertadores da América passará a ser disputada durante a maior parte do ano, já em 2017, aumentando o número de clubes e de vagas para os brasileiros. Ou seja, da noite para o dia as 4 vagas via Brasileirão se transformavam em 6, e alguns times, que pareciam à passeio no campeonato, voltavam a ter ao menos alguma motivação para terminar o ano de forma mais digna. Entre eles o Grêmio, que se arrastava em uma melancólica espera pelo final do ano, enquanto tentava a sorte na Copa do Brasil, derradeira chance de título ainda nesta temporada.

O começo dessa nova luta foi inglório, em jogo onde o time tinha que jogar pela dignidade, além de jogar pelo resultado, envolto na desconfiança de que entregaria para o Cruzeiro visando a prejudicar o Internacional. A postura foi boa, a atuação foi ruim, e o Grêmio perdeu pelo placar mínimo no Mineirão – onde não vence a Raposa desde 1998. Nesta quarta-feira, mais uma situação do mesmo tipo, desta vez para enfrentar o Vitória, em Salvador. Novamente o time se comportou bem e, apesar de perder um caminhão de gols, saiu vitorioso, se colocando na porta do recém-inaugurado G-6.

Matematicamente falando, hoje são necessários 59 pontos para garantir uma vaga na próxima Libertadores. Está muito longe do que time e torcida ambicionaram em boa parte do campeonato, mas, como costumo dizer, é muito melhor estar na “competição mais charmosa das Américas” do que não estar. O próximo jogo é um confronto direto, contra o Atlético-PR, na Arena, onde vencer é mais que importante, é vital para a manutenção deste objetivo. Volto a dizer, a vaga na Libertadores não era exatamente o que queríamos, mas se é o que podemos, vamos atrás dela.

Danilo Fernandes pega o pênalti de Juan, em momento que poderá se tornar emblemático na história do Internacional (Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional)
Cerca de 70 mil pessoas estiveram no Beira-Rio entre o último sábado e esta quinta-feira. O apoio do povo que veste vermelho era fundamental para que os aparelhos do Internacional seguissem funcionando bem, para deixá-lo respirando no Brasileirão. Todos dentro do clube encararam os jogos contra Figueirense e Coritiba como finais de Copa do Mundo, a torcida fez sua parte e o time voltou a vencer duas partidas seguidas, o que não acontecia a quase 4 meses, quando o Inter recebeu e bateu América e Atlético numa dobradinha de confrontos contra mineiros.

O risco de rebaixamento ainda é eminente, a pontuação colorada é a mesma do Cruzeiro (33 pontos), primeiro clube dentro do Z-4 e que tem um jogo a menos. Falta muito para o torcedor poder comemorar a permanência na Série A, mas a possibilidade disto acontecer passava diretamente por esses últimos 5 dias. Alguns resultados paralelos teimavam em não ajudar, mas finalmente o Inter se ajudou. Podem não ter sido as atuações dos sonhos, mas vencer já faria o sono dos colorados ficar mais tranquilo. Até o próximo sábado, a zona de rebaixamento faz parte do passado.

Dizia após a vitória do Inter sobre o Figueirense que a tônica dos jogos entre clubes ameaçados era a baixa qualidade técnica. Pudera, no nível de tensão em que os clubes na linha entre a 12ª e a 18ª posição estão, qualquer encontro entre eles tende a pegar fogo. O jogo contra o Coritiba não poderia ser diferente. Com mais cara de time do que vinha tendo, a equipe treinada por Celso Roth seguiu esbarrando forte em suas limitações e fazendo muita força para jogar. Os paranaenses, depois de se defenderem o primeiro tempo inteiro, se soltaram na etapa complementar, inclusive ameaçando o gol de Danilo Fernandes.

Um detalhe definiu o jogo: a competência. Na parte final do jogo, Inter e Coritiba tiveram pênaltis a seu favor; Juan parou no goleiro adversário, enquanto Vitinho marcou o gol de mais uma sofrida vitória do Internacional. O Inter venceu as suas duas finais de Mundial, mas não empolgou, tampouco jogou bem. A tabela é bem indigesta até o final do campeonato e este nível de atuação deverá garantir fortes emoções ao torcedor até a última rodada. Com o equilíbrio vigente na parte de baixo da tabela, 44 pontos devem salvar os desesperados. Enquanto isso, aos colorados só resta torcer para que o pesadelo acabe de uma vez.

domingo, 2 de outubro de 2016

Angústias de um sábado à noite

O Inter pediu e o torcedor atendeu: quase 35 mil pessoas apoiaram o time do início ao fim na vitória sobre o Figueirense, em pleno sábado à noite (Foto: Ricardo Duarte / SC Internacional)
Na maioria das vezes em que me proponho a escrever aqui no Vida Cancheira é para falar sobre futebol, mas sempre colocando uma pitada de sentimento, até porque normalmente falo sobre Grêmio e é impossível me tirar do papel do torcedor frequentador da arquibancada. Nesta noite de sábado estive em um papel de relativa neutralidade. Fui convidado para assistir a Internacional e Figueirense junto a dois amigos torcedores colorados e, mesmo ciente da situação delicada que vive o clube do Beira-Rio, aceitei o convite.

A maioria das pessoas que me conhece sabe que sou um gremista um pouco fora do convencional. Embora fanático, interessado e envolvido com muitas questões do clube, não carrego comigo esse sentimento “anti-colorado” que a imensa maioria carrega consigo – e cuja recíproca é verdadeira. Minha família é inteiramente torcedora do Internacional, muitos dos meus melhores amigos também, e eu definitivamente não conseguiria me sentir feliz com um eventual rebaixamento do clube. Claro, não vou ser hipócrita, quando as situações envolvem grandes títulos é óbvio que torço contra. Mas sei muito bem o que os colorados estão passando, de abrir os jornais e ver a posição desconfortável em que seu time se encontra. Ou seja, tinha plena consciência de que a vitória era vital para o Internacional.

Costumo dizer que as demandas dos clubes no Brasileirão são definidas a partir da rodada 28, na qual estamos, pois a partir daí faltarão apenas 10 jogos para o final do campeonato, a chamada reta final. Já a alguns jogos a prioridade colorada é fugir da zona de rebaixamento, o que não aconteceria neste sábado, seja como fosse. Mesmo assim a torcida pegou junto, em um sábado à noite estranhamente frio do início de outubro, véspera de eleições, entre outras situações. Eu dizia para meus anfitriões algo que já disse aqui no blog, que o torcedor só frequenta o estádio quando o time enche os olhos, ou quando ele precisa do torcedor. Mais do que nunca, ao longo dos seus 107 anos de história, o Internacional precisa do apoio de seu povo, seja nas arquibancadas, seja com energias positivas para os jogadores.

Até no aspecto institucional o Internacional encarava o jogo como um dos mais importantes dos últimos anos, usando até a comparação com uma “final de Mundial”. Uma inglória decisão, e devemos concordar que esta analogia foi extremamente infeliz, mas necessária, para mobilizar jogadores e torcedores. Falando sobre o que aconteceu dentro das quatro linhas, o Internacional venceu por 1 a 0, gol do reabilitado Vitinho, logo no início da partida. O jogo foi fraco tecnicamente, como vem sendo a tônica dos duelos entre os times da parte de baixo da tabela do Brasileirão. Os comandados de Celso Roth pareciam muito mais preocupados em não cometer erros que pudessem proporcionar oportunidades para os catarinenses do que em matar o jogo e tranquilizar o torcedor de uma vez.


Estar em meio a muitos e angustiados colorados me fez pensar bastante durante o jogo, sobre como o futebol mexe com o torcedor. Ver o olhar de preocupação em todos e saber que, em meio a tantos problemas mais sérios que temos, o momento do time do coração ajuda a tirar o nosso sono de uma forma absurda. Nem entro nas questões de merecimento ou torcida por uma queda ou não do Inter, ou de qualquer outro time, é muito mais um lance conceitual, do quanto isso nos afeta. Na volta para casa encontrei dois torcedores colorados, na parada do ônibus, e troquei algumas palavras com eles, sobre coisas do ambiente do estádio. Absorver esse sentimento, sem compartilhar dele, é uma das coisas mais loucas do futebol. Por isso o futebol é o esporte mais popular do mundo, por isso move fortunas e multidões.

A vitória colorada não foi definitiva, e nem seria. Mas o clima que a torcida criou antes, durante e depois do jogo tende a reanimar o grupo de jogadores para tentar livrar o clube do pior. Na quinta-feira o Inter tem mais um jogo-chave para sua sobrevivência, quando receberá o Coritiba, outro concorrente direto na luta para fugir do Z-4. A frieza dos números é implacável, o Internacional segue na 18ª colocação, a 3 pontos do primeiro time fora da linha de rebaixamento e a briga deverá ser ferrenha até as rodadas finais. A lição que fica é que nos momentos ruins que o clube – seja ele qual for – deve olhar para o torcedor de verdade, aquele que abre mão de muitas coisas para estar ao lado do seu time, apoiando-o de forma incondicional. Que o Inter aprenda e traga o povo para seu lado enquanto ainda há tempo.

domingo, 18 de setembro de 2016

Melancolia instituída

Até o presidente Romildo Bolzan Júnior, uma ilha de lucidez dentro do Grêmio, perdeu os rumos de suas atitudes (Foto: Rodrigo Rodrigues / Grêmio FBPA)
Quando me proponho a parar e escrever sobre o Grêmio, procuro ser o mais coerente possível. Pode não fazer sentido para quem lê meus textos recheados com cornetas e críticas, até para quem me acompanha em redes sociais, onde pego ainda mais pesado com o clube. Só que agora, depois da derrota para o Fluminense que derrubou o Grêmio para a metade de baixo da tabela do Brasileirão, dentro do contexto de uma vitória nos últimos 10 jogos, comemorando 113 anos sem comando no futebol do clube, tampouco treinador, as coisas precisam mudar.

Mais que as coisas, as atitudes precisam ser diferentes. Em meio a uma ebulição na política, com as eleições para o Conselho Deliberativo, e essa profunda crise técnica dentro de campo, o momento é de abraçar o clube como um todo. Talvez eu até tenha dito o contrário nos últimos dias, em meio ao descontentamento com as atuações insuficientes, goleadas sofridas e declínio na classificação do Campeonato Brasileiro. Caras, hoje o Grêmio está na 2ª página da classificação e há uns 30 dias nós sonhávamos até com o título brasileiro. A luz que já era amarela ganhou tons alaranjados.

O velho-novo treinador é Renato Portaluppi, que é muito menos técnico que o antecessor Roger Machado, mas que como treinador pode dar algum resultado. A verdade é que o Grêmio está desgovernado. As atitudes não são tomadas à luz da sobriedade, e sim passando a impressão de que todos estão sob efeito de alguma bebida muito forte – a qual poderia amenizar o nosso sofrimento com toda essa conjuntura. As chances de fracasso são consideráveis, quarta-feira já teremos mais um “jogo mais importante da temporada”, quando uma vaga nas quartas-de-final da Copa do Brasil será decidida contra o Atlético-PR, na Arena.


Seja como for, abandonar não vai adiantar nada, nada mesmo. Todo torcedor sabe onde aperta seu calo e sabe melhor ainda de onde tira para seguir contribuindo com o clube. Muitas vezes tiramos de onde não temos, quando o que temos, na verdade, são motivos para nos indignarmos com esse momento lamentável que o Grêmio vive. Mas o time está em queda livre e precisa da nossa força para que tudo não se torne um drama maior ainda nesse final de 2016. A distância para a zona de rebaixamento está em míseros 9 pontos e isso é assustador, um desastre desse tamanho seria a maior reversão de expectativas da história do clube.

O Grêmio não vence a mais de um mês, e nesse setembro são 4 derrotas em 5 jogos, duas delas goleadas impiedosas sofridas para Coritiba e Ponte Preta. As escolhas erradas cobraram seu preço em um momento crucial da temporada. A insistência em algumas situações de jogo, com alguns jogadores, ou ainda a incapacidade de mudar ou se reinventar podem ser causas, mas não me cabe chegar aqui como profeta do acontecido. Seria de um mau-caratismo e oportunismo sem tamanho. O fato é que a ilusão que tínhamos no começo do campeonato foi jogada na lata do lixo, e poucas coisas entristecem mais do que isso.

Bom, desta vez estou sendo breve, porque não há muito a ser dito. Esses dias, em uma transmissão de um jogo do Vasco, na Série B, o comentarista dizia que “o torcedor só vai ao estádio quando o time empolga, ou quando está precisando dele”. O Grêmio está precisando de nós. Temos que estar juntos com nosso time, como diz aquela música, “na ruim muito mais”. Não precisamos apoiar incondicionalmente, muito menos aplaudir derrotas. O importante é mostrarmos que não abandonamos o clube e que podemos evitar o pior. Afinal, mesmo melancólico, 2016 ainda não acabou.

domingo, 4 de setembro de 2016

Não me digam o que pensar, não me julguem por sentir

Camilo marcou um gol antológico, que abriu o caminho para a ótima vitória do Botafogo sobre o Grêmio (Foto: Vítor Silva / SSPress / Botafogo FR)
O texto de hoje poderia muito bem ser a continuação do que escrevi no início da semana que passou sobre o jogo do Grêmio contra o Atlético-MG. O tão falado jogo a menos que o time de Roger Machado tinha a cumprir contra o Botafogo foi um desastre. O placar de 2 a 1 não condiz com o que foi a partida, foi totalmente enganoso. Afirmo isto avaliando o quão fraca e calamitosa foi a atuação gremista na tarde deste domingo, mesmo com os desfalques de Marcelo Grohe, Pedro Geromel e Miller Bolaños (esse nem tão desfalque assim). Foi aquele famoso jogo onde ninguém ganha nota maior que 5 na avaliação dos jornais na segunda-feira, todos com atuação abaixo das suas médias históricas no campeonato.

Começamos pelo ânimo do time. Nunca saberemos o que havia no almoço dos jogadores em algum dos luxuosos hoteis da capital carioca, se o calor era tão forte que pudesse causar danos cerebrais aos jogadores ou se aconteceu algo sobrenatural no trajeto pela Linha Vermelha. A verdade é que o time entrou em campo absolutamente travado. Podem dar a desculpa do péssimo gramado, digno dos melhores campos de várzea do Brasil, mas o terreno de jogo é o mesmo para os dois times; se o Botafogo consegue trocar passes no gramado do Luso-Brasileiro, e o Grêmio não, eis um grande problema. E quando Luan é o jogador mais aceso do time em um jogo – não que isto deponha contra ele –, aí é o momento de chacoalhar de vez o elenco.

A vontade que tenho, hoje, é buscar fragmentos de textos sobre outros jogos e registros de redes sociais para não passar por oportunista. Mas como não tenho a cara de pau suficiente para fazer isso, vamos às minhas impressões... O atual técnico gremista não tem o perfil para a chacoalhada supracitada, muito menos há dirigentes no clube com este culhão, já me desculpando pelo termo. Dentro do elenco aparentemente não existe uma liderança obstinada, com moral e capacidade para elevar o time durante os jogos, quando a coisa aperta. O fato de os capitães, pelo menos hoje, serem Maicon e Marcelo Oliveira explica muita coisa. O time é bem montado, mas em alguns jogos se mostra acéfalo, dentro e fora de campo.

Hoje sequer bem montada a equipe foi. O pouco argumento que eu tinha para elogiar o trabalho de Roger Machado se esvaiu como a areia das subestimadas praias da Ilha do Governador. O tal 4-2-3-1, cantado e decantado como a grande virtude gremista, sendo um sistema tático bem estruturado e azeitado, caiu no esquecimento, dando lugar a um Frankenstein com 3 volantes que envergonharia até os maiores entusiastas do catenaccio. Aquele arroz com feijão cumpridor que dava resultados deu lugar a um miojo morno e aguado, que não mata a fome – ou melhor, aumenta o buraco no estômago. Tudo bem que existam desfalques, um gramado horroroso ou o maldito respeito ao adversário, mas não se pode enfrentar um time da linha de baixo da tabela com essa cautela toda, é inadmissível.

O pior não é a escolha pelo número excessivo de “apoiadores” (termo gourmetizado para denominar os volantes), o maior erro foi a disposição deles dentro de campo. Em hipótese alguma pode se tirar Walace da frente da zaga, posição onde ele vinha se destacando no Grêmio e foi muito bem nas Olimpíadas. Deixar ele em uma posição mais à frente, jogando mais aberto que centralizado, é tolher as maiores virtudes dele. A dupla Maicon e Jaílson foi inútil, nem tanto no aspecto técnico, mas no aspecto tático, pois o time ficou totalmente centralizado, pelas características destes jogadores – tecnicamente o campeão olímpico ainda foi pior que os colegas de função. Quanto às substituições feitas no setor, sequer vou me dar ao trabalho de comentar.

Do meio para a frente o time sucumbiu. Sem o “apoio dos apoiadores” e com o perdão do trocadilho, utilizando a referência alimentar feita mais cedo, o ataque morreu de fome. O melhor, como citado anteriormente, foi Luan, que ao menos buscou jogo, se movimentando totalmente fora da sua melhor posição, que é como o chamado “falso-9”. A referência ficou a cargo de Henrique Almeida, um 9 que deveria ser verdadeiro, mas é pior que os falsos. Ele mal tocou na bola, e ainda viu o garoto Matheus Batista, que entrou em sua vaga e numa fogueira altíssima, mostrar seu valor e marcar seu golzinho. Faltou falar de Douglas, mas ele aparentemente faltou ao jogo. Talvez ele nem tenha ido tão mal, até pode ter sido muito bem marcado, mas a postura deste pretenso atleta é uma das coisas mais irritantes que existem.

Dito isto, é necessário ressaltar a grande atuação de um Botafogo que deitou nas fragilidades gremistas, criando chances e dominando as ações até suas pernas acabarem, resultado de uma maratona de 3 jogos em 6 dias. O golaço de Camilo, em uma linda meia-bicicleta, entra para os anais dos maiores gols da história do Brasileirão em todos os tempos. O armador botafoguense também teve atuação importante na criação das jogadas e no abastecimento a Sassá, que marcou o 2º gol e deu permanente dor de cabeça a Kannemann e Wallace Reis. Luís Ricardo foi muito bem na lateral-direita, enquanto Aírton e o argentino Carli foram gigantes no sistema defensivo. O Botafogo, em que pese ter sido goleado pelo Cruzeiro no meio da semana, vem em uma boa crescente, com um time organizado, veloz e perigoso, sobretudo nos contra-ataques. Não deverá correr maiores riscos de rebaixamento.

O Grêmio, por sua vez, segue oscilando, alternando atuações bestiais com atuações de besta, ou atuações de gala com atuações de galinha, sendo um leão (quase) indomável dentro da Arena e um gatinho medroso longe dela. Essa irregularidade se percebe também na relação entre os adversários, pois invariavelmente o Tricolor se complica contra rivais mais fracos. Dos últimos 18 pontos, o Grêmio conquistou apenas 6, e nada melhor que os números para escancarar uma mediocridade que incomoda e muito. Nessa altura do campeonato pensar em título é utopia, e o mais racional é aceitar que teremos que nos contentar novamente com aquela vaga que, vocês sabem...

A realidade é olhar para trás na tabela, pois o pelotão intermediário de Ponte Preta, Fluminense e Atlético-PR se aproxima perigosamente – os dois primeiros, inclusive, são adversários gremistas nas próximas 4 rodadas. Pelo futebol que o Grêmio não vem apresentando nos últimos jogos, ficar pelo caminho é uma possibilidade e a luz amarela deve ser acesa nas bandas da Arena. Eu pedi no último texto uma prova de que o time não travaria nos momentos cruciais e hoje o time não se impôs em nenhum minuto contra um adversário claramente inferior. É muito difícil torcer e apoiar um time sem ambição, e é ainda mais difícil defender um treinador que não consegue tirar esse espírito dos seus comandados.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Decepção programada

Henrique Almeida e Edílson observam Robinho comemorando, sem saber o que fazer. Àquela altura do campeonato, nada mais poderia ser feito... (Foto: Reprodução / Folhapress)
Poucas situações na vida podem ser tão paradoxais quanto a saída de um estádio de futebol. É um momento de absoluta comunhão de expectativas frustradas ou de júbilo embriagante que pode influenciar nas próximas horas, semanas ou vidas, dependendo do peso da entrega no placar final. Poucas coisas no futebol são piores que sofrer um gol nos minutos finais. Aí não importa o contexto, o desgraçamento mental e a sensação de que aquilo era uma coisa totalmente evitável tomam conta dos nossos corações e nos fazem ter uma ressaca moral aparentemente incurável.

Este poético e rebuscado prólogo só serve para expressar o quanto está sendo difícil de lidar com o empate que o Grêmio sofreu ontem para o Atlético-MG, na Arena. O Tricolor foi amplamente superior, não correu nenhum risco durante o jogo e mesmo assim não saiu com a vitória, prova cabal que a justiça acontece apenas nos tribunais, e olhe lá. O 1 a 1 mantém o time gremista na 6ª colocação no Brasileirão, com 36 pontos, 7 a menos que o líder Palmeiras, ainda que tenha um jogo a menos em relação aos demais times da parte de cima da tabela. Este jogo a menos, contra o Botafogo, será o próximo compromisso do Grêmio, no próximo domingo, às 16h.

Quando a formação inicial do Grêmio foi anunciada, não vi com bons olhos a opção pelos três volantes, mesmo que nenhum deles seja propriamente um quebrador de bola, muito pelo contrário. Fiquei apreensivo, pois jogando contra um adversário que claramente iria jogar mais postado, o time poderia perder poder de fogo. No entanto, desde o primeiro minuto o Grêmio amassou, indo para cima do Atlético-MG e povoando o campo adversário, como o caráter decisivo do jogo exigia. Ainda assim, mesmo jogando inteiro no território rival, o time gremista tinha pouquíssima profundidade, com Luan e Bolaños jogando abertos e sem chegar perto da área defendida pelo campeão olímpico Uílson.

A volta do intervalo foi de manutenção do estilo, e deu certo. Logo no início do 2º tempo Luan contou com a sorte, e viu um chute despretensioso da entrada da área explodir em Ronaldo e encobrir Uílson. O Grêmio continuou dominando o jogo, tecnica e territorialmente, mas sem criar mais chances claras de gol. Aqui cabe um parêntese: em que pese ter marcado o gol da vitória contra o Atlético-PR na última quarta-feira, pela Copa do Brasil, ontem foi mais uma jornada infeliz do equatoriano Miller Bolaños. O camisa 23 gremista insiste em não justificar o enorme investimento feito em seu futebol, seja pelas decisões erradas ou posicionamento equivocado dentro de campo, seja pela infinidade de gols perdidos. Haja arroz para pagar esse prejuízo.

O técnico Roger Machado também parece ter perdido a paciência com o outrora “Killer” e voltou a apostar no fraco Henrique Almeida, após uma sequência de jogadas malfadadas do ex-astro do Emelec. E após uma troca ainda mais malfeita do treinador gremista, eu perdi a paciência com ele. A entrada de Ramiro na vaga de Douglas, deixando o time com inacreditáveis 4 volantes em campo, era o prelúdio de uma tragédia que não tardou a acontecer. Mais precisamente 5 minutos após a mudança, aos 41’ do 2º tempo, Robinho, que sempre gostou de marcar contra o Grêmio, aproveitou uma paciente troca de passes do Galo e acabou com a festa gremista. Aí é o momento em que eu deixo de saber o que pensar e só sei o que sentir – e como xingar.


Em primeiro lugar, como é que ninguém tem a capacidade de matar a troca de passes de um adversário que está em busca do resultado? Como é que um time com 4 volantes fica apenas observando o toque de bola rival, com jogadores trotando no campo defensivo? Por que o treinador não estava à beira do gramado esbravejando para não deixarem o adversário jogar? Por que essa insistência em um futebol bonito que não permite jogar sujo para garantir um resultado? A vitória era vital na luta pelo título brasileiro e foi jogada no lixo, sem remorso algum e com a complacência de parte da torcida que aplaudiu o time ao final do jogo. Honestamente, prefiro um time que jogue mal, passe aperto o tempo todo, mas que obtenha os resultados. Nessa altura do campeonato, o mais importante são os 3 pontos, podendo ser desprezado o aspecto qualitativo, sem dor alguma na consciência.

Se eu pudesse indicar uma leitura para Roger Machado, certamente seria “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel.  Talvez ele aprenda um pouco sobre ambição e sobre as coisas a serem feitas para alcançar determinado objetivo. Vejo um perfil conformista no comandante gremista e os jogadores absorvem essas pequenas coisas para seus subconscientes, o que impede um centromédio de enfiar a pata no seu adversário para minimizar qualquer chance de sofrer um gol. O que quero dizer é que, para vencer, às vezes é necessário transgredir e ignorar as regras, mesmo que isso seja antiético, imoral, chame como quiser. No aspecto técnico Roger é excelente, encontrou uma maneira de jogar que se adéqua ao elenco à disposição, mas que não tem aquele algo a mais que caracteriza um time vencedor.

O Brasileirão não está perdido para o Grêmio, ainda faltam 17 jogos, e o Tricolor também arrancou muito bem na Copa do Brasil. Falta mesmo é convencer o torcedor que nos momentos cruciais o time não vai travar, deixando de fazer um mísero golzinho contra um adversário da zona de rebaixamento, ou levando um gol qualificado que o eliminará de uma competição eliminatória. Hoje, a impressão é que um roteiro assim já está pré-escrito, pronto para ser colocado em cena. O Grêmio precisa mesmo é deixar de ser esse anti-clímax em forma de clube de futebol, que sempre dá um jeito de decepcionar seu torcedor de uma forma diferente – e cada vez mais cruel.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Equilíbrio inglório

O Cruzeiro se recuperou um pouco no Brasileirão, mas seus torcedores andaram protestando forte contra a situação delicada que o clube ainda vive (Foto: Reprodução / UOL)
O Brasileirão sempre foi um campeonato dos mais esquisitos. Na nova fórmula de pontos corridos, vigente desde 2003, as coisas passaram a ter um pouco mais de lógica e foi composta uma hierarquia de clubes ainda maior que a existente nas décadas anteriores. A pirâmide do futebol brasileiro está bem dividida, com castas bem caracterizadas em seus respectivos escalões, mas nada impede que tenhamos surpresas nos dois extremos das tabelas, não importando a divisão. Este ano a Série A vem mostrando um equilíbrio que não se via a algumas temporadas, com brigas intensas pelas primeiras colocações e na luta contra o rebaixamento.

Na parte de cima da tabela, apenas 5 pontos separam o líder Palmeiras do 6º colocado Grêmio, que ainda tem um jogo a menos em relação aos adversários. Existe um pelotão à espreita, que fecha a primeira parte da tabela, e está a 10 pontos do ponteiro do campeonato. A briga pelas 4 vagas que o Brasileirão oferece para a Libertadores da América do ano que vem deve ser ferrenha até as rodadas finais, pois nenhuma equipe dispara, devido à incrível irregularidade que é marca registrada nesta temporada do futebol brasileiro. Quando parece que algum time pode disparar, aparece uma Ponte Preta para visitar o primeiro colocado e segurá-lo.

O que surpreende, na verdade, é a quantidade de times que estão credenciados a lutar por posições no final da tabela. Ou melhor, a quantidade de times jogando um futebol de nível débil, digno de divisões inferiores do futebol brasileiro. Aviso que assistir a jogos de times como América-MG, Coritiba, Figueirense e Santa Cruz pode causar dependência, te levar a drogas mais pesadas, como jogos do CRB ou do Brasil de Pelotas, e a reabilitação é muito, mas muito difícil. Só que o mais impressionante, e de efeitos devastadores, é ver times como Cruzeiro, Internacional e São Paulo com espírito e futebol de times rebaixáveis. Por sinal, os clubes citados jamais foram rebaixados, o que torna a situação ainda mais assustadora.



O América-MG tem 5 dos 6 pregos fincados em seu caixão. Com 13 pontos em 21 jogos, não tem mais volta, nem por um milagre. Ou seja, sobram 3 vagas para 9 clubes separados por 8 pontos. O que essa montoeira de números quer dizer? Simples, que vai ter muito choro e ranger de dentes nas 17 rodadas que teremos pela frente. Tenho para mim que até a 30ª rodada as coisas estarão mais claras, com definições nas partes de cima e de baixo da tabela. Aqui vai um tranquilizante aos torcedores dos clubes supracitados: nenhum deles vai conhecer os porões da Segunda Divisão, ao menos não em 2017. Por pior que eles possam estar agora, todos tem capacidade de recuperação, sobretudo gaúchos e mineiros, de situação mais delicada.

No entanto, o recado está dado: é hora de acordar! Muitos clubes grandes caíram no conto do “clube grande não cai” e “a Série B não é o nosso lugar”, e acordaram fora da elite do futebol brasileiro. Vejo muita soberba dentro dos clubes, de achar que as coisas se resolverão por mágica, ou pelo peso da camisa. Internacional e Cruzeiro estão seguindo à risca a famosa “Cartilha do Rebaixamento”, com trocas de treinadores e decisões gerenciais no mínimo discutíveis. O São Paulo vem jogando pouco faz tempo e está em queda livre no campeonato. Times mais fracos, como Coritiba, Figueirense, Botafogo e Vitória prometem lutar até o fim, pois são conscientes de suas limitações e de suas realidades.

As próximas rodadas serão de um nível emocional elevadíssimo. Todos os times nessa faixa da tabela enfrentam suas próprias dificuldades e é difícil fazer uma aposta. Apesar dos pesares, o Cruzeiro está em franca ascensão e venceu um confronto direto contra o Figueirense neste final de semana. Por outro lado, o Internacional está a inacreditáveis 13 jogos sem vencer e vai encarar duas pedreiras na sequência – o Sport, fora de casa, em confronto direto, e o Santos, no Beira-Rio – e precisa urgentemente voltar a vencer. Vitória, Santa Cruz e Figueirense, hoje, parecem ser os favoritos à queda. Mas, em duas rodadas, tudo pode mudar, sobretudo nessa loucura que é o Brasileirão 2016.

domingo, 14 de agosto de 2016

Enfrentando o medo da história

Jogadores do Grêmio agradecem o apoio da torcida em um domingo histórico na Arena. Mas o que os torcedores querem mesmo é um motivo para ser grato de verdade aos jogadores (Foto: Rodrigo Rodrigues / Grêmio FBPA)
Um jogo de futebol vai muito além do trivial que acontece dentro das quatro linhas, com 22 pessoas correndo atrás de uma bola com o objetivo de colocá-la dentro de um retângulo de aproximadamente 2 metros de altura e 7 metros de largura. A nível profissional existe um nível de paixão quase que insana envolvido nesse processo, que não dura apenas 90 minutos, mas faz parte do cotidiano de milhões e milhões de pessoas. As histórias contadas, que geram inúmeras músicas, livros e filmes, são o principal ingrediente desse contexto que permeia as imaginações e a realidade, numa separação tão tênue que muitas vezes faz com que elas se misturem sem aviso. A realidade, inclusive, pode ser um fardo praticamente insuportável a se carregar, até mesmo pelos que deveriam ser profissionais – sim, os jogadores.

O Grêmio está imerso em um momento histórico muito denso dos seus quase 113 anos de existência. Há um processo de adaptação a uma nova casa, a uma nova realidade que se fez inadiável, já que o velho Olímpico do bairro da Azenha não suportava mais as necessidades do clube. Há um período sem grandes conquistas que é angustiante para o torcedor, ainda que o Tricolor, enquanto instituição, tenha ficado à beira de um precipício sem volta a pouco mais de uma década – mas vai explicar isso para o torcedor, esse ser visceral que perde totalmente seu discernimento quando tocam no distintivo do seu clube do coração. Diante disto, surgem os pequenos tabus, coisas simples e que incomodam tanto quanto essas questões transicionais mais pesadas.

O Tricolor manda seus jogos em uma moderna arena cravada na periferia de Porto Alegre a pouco mais de três anos. Confesso minha pouca afeição ao local, pela minha relação muito próxima ao Monumental de tantas glórias, mas é necessário encarar a realidade e seguir a vida. Criou-se uma aura de que o Grêmio e sua torcida ainda não tinham permitido ao novo estádio que ele tivesse alma, como se um amontoado de concreto pudesse ter vida própria – sempre acreditei que o Olímpico tinha. Sobretudo nos jogos decisivos, ou quando uma multidão resolvia ir apoiar o time, esse sentimento se fortalecia, sobrepunha às barreiras das quatro linhas, e fazia com que os jogadores travassem ou que houvesse algo em potencial para dar errado.


Muitas vezes deu errado, este blog é testemunha de algumas dessas ocasiões, mas finalmente ocorreu o aparentemente definitivo exorcismo desse fantasma que frequentava os becos e praças desertas da Vila Farrapos. No ensolarado e quente final de manhã deste domingo, o Grêmio recebeu o Corinthians, no primeiro de três duelos vitais para que o sonho do título brasileiro deste ano não virasse um pesadelo, e o churrasco do dia dos pais ficou ainda mais saboroso com a vitória categórica por 3 a 0 contra os atuais campeões nacionais. A Arena recebeu o maior público de sua curta história em jogos oficiais, pouco mais de 50 mil pessoas, que viram uma atuação correta de um time desfalcado de seus dois melhores jogadores, mas que soube superar suas limitações e se aproveitar das fraquezas corintianas.

Foi um jogo sem redenções épicas, nem grandes histórias para contar. O Grêmio tomou a iniciativa do jogo, empurrado pela multidão que foi lhe apoiar, e sufocou o Corinthians até abrir o placar, em um golaço de Pedro Rocha. O time paulista teve enormes dificuldades na contenção do jogo, estando organizado em um 4-1-4-1 que não tinha compactação, muito menos a necessária voluntariedade dos jogadores da terceira linha nos raros momentos sem a posse da bola, situação personificada no paraguaio Romero, de péssima atuação. Muitas vezes os donos da casa alugaram o campo para os visitantes, atraindo as linhas rivais para o seu campo, visando ao contra-ataque. Deu certo, o Grêmio desarmou muito mais, utilizou com alta eficiência a velocidade de Pedro Rocha, Everton e Bolaños, e matou o jogo no início da etapa complementar.

Duas coisas são importantes ressaltar. Em primeiro lugar, novamente a defesa gremista protagonizou momentos de horror na bola aérea, sempre nos 15’ finais de cada tempo. Não fosse a péssima pontaria dos homens de frente do Corinthians, a atuação iluminada de Marcelo Grohe e uma boa dose de sorte, o resultado poderia ter sido totalmente diferente. O posicionamento da zaga tricolor ainda vai me fazer voltar a ter medo de altura, que troço impressionante. Outra coisa... Sigo com minhas restrições ao técnico Roger Machado, sua visão de jogo (a falta dela, no caso) e as limitações para alterar o panorama de um jogo complicado. Mas, hoje, pelo menos, nosso treinador não atrapalhou, mexeu certinho, colocando as peças certas, nos momentos certos. Tudo bem que as circunstâncias ajudaram, mas a dupla Kaio e Ramiro não ficou devendo em nada para Jaílson e Maicon, além da entrada de Guilherme, não tão bem como outrora, mas em nível aceitável.

O primeiro desafio foi superado. O Grêmio voltou para o grupo dos 4 melhores do campeonato, ainda com um jogo por fazer – contra o Botafogo, no dia 4 de setembro. Na sequência, o Tricolor irá enfrentar o Flamengo, na manhã do próximo domingo, em Brasília. É mais um dos chamados “jogos de 6 pontos”, e é importante pontuar, uma vez que os demais rivais na briga pelo topo da tabela terão todos adversários acessíveis. Depois, o oponente é o Atlético-MG, em Porto Alegre, uma pedreira tão grande quanto Corinthians e Flamengo. A impressão é de que o time parece moldado ao enfrentamento de igual para igual, contra times da mesma grandeza, o que traz boas perspectivas para esta série de carnes de pescoço. Volta à tona aquela coisa de saber porque ganha e porque perde, perder o medo de ser feliz e de mudar a história. A oportunidade está batendo na porta novamente.

domingo, 7 de agosto de 2016

Casa da luz vermelha

A paciência da torcida do Inter acabou de vez. Demonstrar isso é uma das principais atitudes para mudar o atual cenário do clube (Foto: Rafael Divério / Agência RBS)
A história está aí para que aprendamos com ela. Olhar para o lado muitas vezes é uma necessidade, mas olhar para trás é ainda mais importante. Os erros dos outros no passado podem nos mostrar muitas coisas para que mudemos nossa realidade no presente. E o Internacional parece ignorar estes detalhes, se afundando cada vez mais no Brasileirão. O Colorado alcançou a assustadora marca de 11 jogos sem vencer, sem grandes indícios de que a situação vá melhorar tão cedo. O empate deste domingo contra o Fluminense foi a quinta partida consecutiva sem vitória no Beira-Rio. Ao menos a sequência histórica de quatro derrotas seguidas – a maior da história do clube como mandante – foi quebrada.


O time que começou muito bem o campeonato, chegando a liderar nas primeiras rodadas, teve uma queda vertiginosa de rendimento. A última vitória, contra o Atlético-MG, colocou o time colorado como líder na rodada 8. A atuação contra o Galo foi exemplar, de certa forma enchendo os olhos dos torcedores, que acreditavam em uma grande campanha. A equipe tinha uma certa consistência defensiva, utilizando a velocidade dos seus homens de frente para garantir os resultados. Vinha dando certo, enquanto os adversários não eram os melhores, ou não estavam em seus melhores momentos, e a parte ofensiva vinha em boa fase. As vitórias fora de casa contra São Paulo e Santos foram exemplos claros disto.

O turning point negativo do Inter, sem sombra de dúvida, foi a bizarra derrota para o Botafogo, dentro do Beira-Rio. As atuações contra Figueirense e Coritiba já haviam sido abaixo da média, mas não preocupavam. Mas, perder para o Botafogo, da forma como o jogo se desenhou, foi acintoso, ofensivo ao torcedor que estava nas arquibancadas. Dali em diante parece que o grupo perdeu totalmente a confiança, tanto no trabalho do até então técnico Argel Fucks, quanto em si mesmo, pois nada mais deu certo para o Colorado a partir desse ponto. Argel duraria mais três jogos, as derrotas por 1 a 0 para Flamengo, Grêmio e Santa Cruz, na sequência, até ser demitido.

A resposta da direção colorada foi tentar blindar o elenco colocando um ídolo no comando, com o retorno de Paulo Roberto Falcão, após 5 anos longe da direção técnica do time. Muitos louvaram, mas qualquer um que entenda um pouco de futebol sabe que a qualidade de Falcão como treinador é inversamente proporcional às suas capacidades como comentarista. Uma coisa é tu analisares uma partida de futebol com todos os recursos que uma transmissão “padrão Globo” te proporciona. Outra, totalmente diferente, é estar à beira do gramado, precisando muitas vezes mudar a história de um jogo, sem contar as questões de gestão do elenco, o que é ainda mais difícil que preparar um planejamento tático e técnico.

Outro ponto importante, este que destaca ainda mais a falência de ideias do comando do futebol do clube, foram as contratações visando o segundo semestre. Tudo bem que o meia Seijas é um jogador de seleção, ainda que da Venezuela, e vinha mostrando muitos bons serviços no Santa Fe, mas em hipótese alguma poderia chegar como salvação da pátria. Assim como Nico López, de boa Libertadores pelo Nacional uruguaio, mas que nunca se firmou em lugar nenhum, além de ter flopado na Itália e na Espanha. Até aí tudo bem, muito dessa empolgação vinha da torcida, e é justificável, visto o número de estrangeiros que deram certo no Inter nos últimos anos. Mas, como explicar a contratação de Ariel Nahuelpán?

O Inter termina o primeiro turno com pontuação de time rebaixável, e isso é assustador para a torcida. É impossível não comparar a situação colorada com o Grêmio, no famigerado ano de 2004. O Tricolor ficou 10 partidas sem vencer, em sua pior série, e acabou na lanterna do Brasileirão, com a pior campanha da história da competição até então. É necessário que o Inter olhe para o retrospecto, não só do arquirrival, como também dos demais clubes grandes rebaixados em anos anteriores. Desdenhar das possibilidades de queda é uma irresponsabilidade. É necessário entender a delicadeza do momento e ter a sensibilidade de tratá-lo com seriedade, para que o torcedor não sofra as consequências.

O material humano disponível não é o ideal para um clube do tamanho do Internacional, mas também é bom o suficiente para que o clube se mantenha na elite do futebol brasileiro. Penso que Falcão não seja o treinador mais indicado para o momento do clube. Infelizmente o Inter precisa de um “bombeiro”, que faça o time conquistar pontos necessários para que a situação se acalme e a confiança retorne ao grupo de jogadores. Se desfazer de atletas descomprometidos também é importantíssimo, para fechar o elenco e alcançar os objetivos. Já que eles não os mais gloriosos, que sejam para evitar uma mancha irreversível na história do clube.