terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A pequena e única vitória

Quem não faria o mesmo? Um brinde à hipocrisia! (foto: Gabriel de Paiva / O Globo)
Costumo comentar os fatos do futebol de um modo geral, além daqui, nas minhas redes sociais. Gosto muito de futebol, não é segredo para ninguém. No entanto não consegui falar sobre o que aconteceu esta semana e terá outros capítulos daqui para frente. Óbvio que me refiro ao caso "Héverton", que mobilizou todo o país - ao menos aquela parte que se importa com o que rola no mundo da bola. Não tenho o estofo necessário para analisar a questão jurídica, se é ou não justo a Portuguesa ser penalizada, isto não vem ao caso nessas mal traçadas linhas. Minha opinião sobre isto é simples: que seja cumprida a lei, ponto.

Vejo a situação de um outro prisma, o do torcedor, esse hipócrita, que tem a capacidade surreal de mudar de opinião como muda de cueca. Tem gente, e não é pouca, crucificando o torcedor do Fluminense, fomentando uma rivalidade, uma animosidade que não faz o menor sentido, principalmente se pensarmos no triste ano que tivemos nas arquibancadas, repleto de brigas que repercutiram negativamente em todo o planeta, às vésperas da Copa do Mundo no nosso país. O pior de tudo é ver gente na imprensa fazendo exatamente o mesmo, assumindo o papel de disseminador da raiva, da hostilidade. Absolutamente ridículo.

Acho graça de quem condena a comemoração do torcedor do Fluminense. Acho mais graça ainda de quem endossa a revolta do torcedor da Portuguesa. Será que querem que o adepto do Tricolor carioca chore de tristeza por seu time se manter na elite do futebol nacional? Querem criar razões para que o torcedor do clube que fez uma das maiores bobagens da história recente do futebol mundial saia às ruas para uma revolução? Pera lá (sic)! Um erro não justifica o outro, se a história está encardida de tão manchada, é uma coisa; mas sugerir que não se cumpram as regras do jogo é coisa de gente babaca e desonesta.

Quis o destino que um dos envolvidos e principal beneficiado com a burrada de alguém dentro da Associação Portuguesa de Desportos tenha sido o Fluminense Foot-ball Club, que tem uma lista de serviços prestados ao futebol brasileiro tão grande quanto a lista de sua participação em questões polêmicas. A minha memória não favorece para lembrar do caso "Ivens Mendes", mas lembro bem do caso "Sandro Hiroshi", que culminou com a disputa da bizarra Copa João Havelange, em 2000. Se alguém puder me provar que o Fluminense foi o único beneficiado em ambos os casos, o Vida Cancheira está à disposição.

O Fluminense não é o Judas que está entregando a Portuguesa para Pôncio Pilatos. O clube fica com esta imagem justamente por ser o grande envolvido com a confusão. Não queiram desafiar a capacidade intelectual de quem está tentando ver este contexto com frieza. Não sejam "torcedores", desses que não tem escrúpulos em pegar uma situação vil para criar um clima pesado para cima de um clube que não é réu nem vítima nessa história. A Portuguesa teve capacidade para fugir do "fantasma de la B" em 37 rodadas e na última botou tudo a perder. No final das contas, quem sai vitorioso deste caso é a hipocrisia do brasileiro. Fim de papo.