terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A pequena e única vitória

Quem não faria o mesmo? Um brinde à hipocrisia! (foto: Gabriel de Paiva / O Globo)
Costumo comentar os fatos do futebol de um modo geral, além daqui, nas minhas redes sociais. Gosto muito de futebol, não é segredo para ninguém. No entanto não consegui falar sobre o que aconteceu esta semana e terá outros capítulos daqui para frente. Óbvio que me refiro ao caso "Héverton", que mobilizou todo o país - ao menos aquela parte que se importa com o que rola no mundo da bola. Não tenho o estofo necessário para analisar a questão jurídica, se é ou não justo a Portuguesa ser penalizada, isto não vem ao caso nessas mal traçadas linhas. Minha opinião sobre isto é simples: que seja cumprida a lei, ponto.

Vejo a situação de um outro prisma, o do torcedor, esse hipócrita, que tem a capacidade surreal de mudar de opinião como muda de cueca. Tem gente, e não é pouca, crucificando o torcedor do Fluminense, fomentando uma rivalidade, uma animosidade que não faz o menor sentido, principalmente se pensarmos no triste ano que tivemos nas arquibancadas, repleto de brigas que repercutiram negativamente em todo o planeta, às vésperas da Copa do Mundo no nosso país. O pior de tudo é ver gente na imprensa fazendo exatamente o mesmo, assumindo o papel de disseminador da raiva, da hostilidade. Absolutamente ridículo.

Acho graça de quem condena a comemoração do torcedor do Fluminense. Acho mais graça ainda de quem endossa a revolta do torcedor da Portuguesa. Será que querem que o adepto do Tricolor carioca chore de tristeza por seu time se manter na elite do futebol nacional? Querem criar razões para que o torcedor do clube que fez uma das maiores bobagens da história recente do futebol mundial saia às ruas para uma revolução? Pera lá (sic)! Um erro não justifica o outro, se a história está encardida de tão manchada, é uma coisa; mas sugerir que não se cumpram as regras do jogo é coisa de gente babaca e desonesta.

Quis o destino que um dos envolvidos e principal beneficiado com a burrada de alguém dentro da Associação Portuguesa de Desportos tenha sido o Fluminense Foot-ball Club, que tem uma lista de serviços prestados ao futebol brasileiro tão grande quanto a lista de sua participação em questões polêmicas. A minha memória não favorece para lembrar do caso "Ivens Mendes", mas lembro bem do caso "Sandro Hiroshi", que culminou com a disputa da bizarra Copa João Havelange, em 2000. Se alguém puder me provar que o Fluminense foi o único beneficiado em ambos os casos, o Vida Cancheira está à disposição.

O Fluminense não é o Judas que está entregando a Portuguesa para Pôncio Pilatos. O clube fica com esta imagem justamente por ser o grande envolvido com a confusão. Não queiram desafiar a capacidade intelectual de quem está tentando ver este contexto com frieza. Não sejam "torcedores", desses que não tem escrúpulos em pegar uma situação vil para criar um clima pesado para cima de um clube que não é réu nem vítima nessa história. A Portuguesa teve capacidade para fugir do "fantasma de la B" em 37 rodadas e na última botou tudo a perder. No final das contas, quem sai vitorioso deste caso é a hipocrisia do brasileiro. Fim de papo.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Un poquito de Máxica

No primeiro gol de Maxi diante do torcedor, contra o Criciúma, muita emoção
na comemoração (foto: Edison Vara/Placar)

"Dominou ali pelo meio, tentou levar, ganhou do marcador, grande dele, bateu... GOLAÇO! ES-PE-TA-CU-LAR! GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL! Mais do que um gol, vai para um quadro, vai para a Bienal! Que coisa espetacular! Que jogada maravilhosa! Que jogador! E como é que o Renato diz que este jogador não está pronto? Mas quem é que está pronto neste mundo?! Grande gol do Maxi Rodríguez!"
Assim o narrador da Rádio Gaúcha, Pedro Ernesto Denardin, descreveu o 2º gol do jovem uruguaio Maximiliano Rodríguez, na vitória do Grêmio sobre o Flamengo, na tarde-noite do último domingo, em Porto Alegre. O garoto de 23 anos (apenas 6 dias mais jovem que este que vos escreve) chegou há 6 meses ao Tricolor gaúcho e vem mostrando grande evolução, jogo após jogo. Os gols do último domingo foram apenas o terceiro e o quarto dele com a camisa gremista, mas todos tem uma característica em comum: a investida pessoal, a habilidade e a disposição em arriscar que fez com que os dirigentes gremistas fossem ao Uruguai buscá-lo no pequeno Montevideo Wanderers - clube que revelou ninguém menos que o genial Enzo Francescoli.

Ainda me recordo bem quando das negociações do Grêmio com o clube apelidado de Bohemio (melhor apelido), entre abril e maio. Eu era setorista no VAVEL Brasil, noticiei o interesse do Grêmio em Maxi por lá, e fui atrás de informações sobre o jogador junto aos colegas da imprensa oriental. Obviamente estava escaldado com as apostas feitas pelo Tricolor em jogadores estrangeiros, que nos últimos anos sistematicamente vem dando errado - não queiram que eu faça uma lista, né? Os indícios eram bons, mesmo jogando em um time de menor porte Maxi vinha se destacando, inclusive marcando muitos gols, acima da média para um meio-campista.

Os primeiros jogos mostraram um Maxi um tanto disperso, com claras dificuldades de adaptação ao estilo de jogo praticado aqui no Brasil, mas já dando amostras de sua alta capacidade. A estreia do uruguaio, curiosamente, foi na reestreia de Renato Portaluppi no comando técnico do Grêmio, em 6 de julho, quase 2 meses após sua chegada. Na oportunidade, com apenas 5 minutos em campo, o camisa 14 deu assistência para o gol de Barcos, que empatou o jogo na Vila Capanema. Exatos 3 meses após sua chegada, em 11 de agosto, veio o primeiro gol, contra o Bahia, e sua primeira grande atuação foi contra o Náutico, quando deu um ótimo passe para gol e, em um lapso de genialidade, deu 3 canetas no mesmo adversário.

Até então, Maxi só vinha sendo utilizado nas etapas complementares dos jogos. A primeira oportunidade como titular veio exata uma semana após o meia completar 23 anos, contra o Criciúma, na Arena. Um golaço, somado a alguns bons passes, elevaram ainda mais a já boa moral do jovem junto ao torcedor. Na semana seguinte, contra o Corinthians, a entrada no intervalo e um passe genial para o gol de Barcos apenas endossaram o status do garoto charrúa.

No entanto o uruguaio não conseguia manter uma boa sequência no time gremista, uma vez que ele lutava, além da concorrência normal da posição, contra outros 3 estrangeiros, já consagrados e de passagens por suas seleções. Maxi ficou de fora de boa parte das decisões do Grêmio nesta temporada, sendo utilizado somente nas ocasiões em que o chileno Vargas esteve suspenso, ou servindo à sua seleção. Talvez o único dos jogos realmente importantes na temporada no qual o meia esteve à disposição tenha sido o jogo de ida da semi-final da Copa do Brasil, contra o Atlético-PR, em Curitiba - e lá Renato Portaluppi ignorou solenemente o camisa 14.

O Grêmio caiu para o próprio Rubro-Negro paranaense na Copa do Brasil, Zé Roberto voltou a ser titular, mas as chances para Maxi seguiam raras, poucos minutos contra Cruzeiro e Vasco, antes da sua entrada aos 10 minutos do 2º tempo contra os reservas do Flamengo, quando aconteceu o que ainda está quente na retina de todos os torcedores. O técnico gremista diz que o uruguaio ainda "não está pronto", dentre outras afirmações. É incoerente da minha parte, eu sei, principalmente depois de toda essa ode ao nosso futuro camisa 10, mas concordo com Renato; o processo de maturação do jovem meia ainda está em andamento e estas situações de jogo são ótimas para talhar o seu inegável potencial.

Para 2014 (14, seria coincidência?) certamente teremos um Maxi Rodríguez muito mais aprumado, como dizemos aqui no Sul, com maior capacidade de enfrentamento contra os volantes e zagueiros adversários, e melhor moldado taticamente, uma vez que ele ainda não consegue fazer um trabalho tático razoável - primeiramente porque ainda não desenvolveu uma boa leitura de jogo e não tem pique para jogar o tempo todo no ritmo que o esquema atual do Grêmio exige. É nítido que o uruguaio tem muita bola no pé, já sendo uma das maiores esperanças do torcedor gremista para a próxima temporada.

Fora isso, há a questão da adaptação a Porto Alegre e, principalmente, ao Grêmio. É notável a incorporação do uruguaio ao espírito gremista - logo quando chegou criou uma conta no microblog Twitter, para se aproximar dos torcedores. Percebe-se a gana do garoto quando está em campo, quando tem a bola no pé, quando marca um gol e comemora efusivamente. O pai de Maxi, Mauro Rodríguez, deu entrevista a uma rádio dizendo que seu filho mostrou 60% do que pode jogar. Podem anotar aí, Maxi vai encher nossos olhos e nos dará muitas alegrias. Estamos diante de um prodígio.

Do Velho Continente

Volto com imenso prazer a este blog retratando os jogos de volta da repescagem europeia para a Copa do Mundo de 2014. Tivemos jogos tensos e dando um aperitivo do que será a Copa aqui no Brasil!

Começamos por Bucareste onde a Romênia que tinha que reverter um placar de ida por 3 a 1 diante da Grécia. Porém no jogo de volta conseguiu apenas um minguado 1 a 1. Os romenos começaram em uma correria pela direita nos primeiros minutos mas os gregos com uma defesa bem postada e liderados por Samaras, karagounis e Mitroglou saíram com vaga para Copa.  

Em Zagreb a Croácia levou a melhor com placar clássico de 2 a 0 em cima da Islândia depois de ter empatado a primeira partida em 0 a 0. Os croatas que tem um bom time com Mandzukci, Modric & Ltda estão prontos para embarcar e conhecer o Brasil. 

Agora falemos do "miracle"  que os franceses tiveram que realizar diante da Ucrânia. Pois na partida de ida os ucranianos fizeram um 2 a 0 obrigando o time de Ribery operar um milagre no Stade de France. Os Le Blues juntamente com a torcida enlouquecida depois da Marselhesa (hino Frances) transformaram o campo em uma panela de pressão abrindo 2 a 0 ainda no primeiro tempo e mostrando uma postura bem diferente em relação ao primeiro jogo. Em uma marcação pressão e sem medo de ser feliz os franceses foram e tomaram conta do campo de ataque e não saíram mais de lá. Tamanha intensidade foi recompensada com um gol contra do contemplado Gusev que certamente não vai dormir essa noite. Bem diferente da equipe francesa que fará uma baita festa pois virá ao Brasil demostrando toda a sua grife e tradição no mundo da bola.

Mas nem todos os grandes jogadores da atualidade estarão na próxima Copa do Mundo. No duelo que envolvia Portugal do craque Cristiano Ronaldo que tinha feito 1 a 0 no primeiro jogo foi pegar uma carne de pescoço em Estocolmo, a seleção da Suécia do também craque Ibrahimovic que precisava correr atrás da maquina. Neste jogo ficou evidente que Cristiano Ronaldo estava melhor servido de time em relação ao gigante sueco. Portugal tinha mais material humano em relação a Suécia e isso fez toda diferença no jogo. O gajo abriu o placar praticamente calando o estadio porém Zlatan Ibrahimovic mostrou que tem bala na agulha e virou o jogo para o time da torcida mais "loura" do universo. Quando tudo parecia uma tragédia portuguesa "O cara" Cristiano Ronaldo resolveu a parada e marcou mais dois gols para alegria do povo português! Foi evidente a diferença entre os dois elencos e no placar agregado ficou CR7 4 x 2 Ibrahimovic. Infelizmente Zlatan Ibrahimovic e sua Suécia não estarão presentes aqui no Brasil em 2014. Já o gajos estão comemorando a vaga e a seleção de Portugal mostra-se uma coadjuvante interessante. 


sábado, 9 de novembro de 2013

Ensaios sobre um sentimento

Este texto e consequente volta ao Vida Cancheira após tenebroso inverno vem rondando meus pensamentos desde o epílogo da Copa do Brasil para o Grêmio, na noite da última quarta-feira. Muito já se falou, muito já li sobre o jogo e tudo o que rolou dentro das quatro linhas. No final das contas, a conclusão é a mesma: encerraremos mais um ano sem títulos - assim como no ano passado, não ganhamos sequer um turno de Gauchão. O que escrevi quando da eliminação gremista na Libertadores da América poderia muito bem ser aplicado no mata-mata nacional, poderia reciclar o texto, apenas mudando alguns personagens, pois o sentimento é exatamente o mesmo.

Lá pelas tantas, escrevendo esta crônica, começo a ouvir Comfortably Numb, do Pink Floyd, e concluo que poucas músicas poderiam refletir tanto o sentimento do torcedor gremista quanto esta. Claro que vi muita gente chorando quando do apito final da partida contra o Atlético-PR, e não poderia ser diferente, pois a expectativa por sair da fila era gigantesca. Era um torneio que parecia mais fácil do que realmente foi, e a queda foi um baque absurdo, pelo simples fato do resultado ter sido diferente daquele ansiado pelas cerca de 45 mil pessoas que quebraram o recorde de público do Teatro da Arena do Grêmio em jogos oficiais. Só que, de um modo geral, o sentimento era de puro conformismo.

Sentimentos. Não sou o cara mais indicado para falar sobre isto, seja lá qual for o aspecto. Nada traduz melhor o que senti após o jogo do que este verso da estupenda composição de David Gilmour e Roger Waters: "there's no pain, you are receding". No texto que citei acima, dizia que o Grêmio havia "deixado de ser grande". Após o jogo contra o Corinthians, utilizei o Twitter para proferir o seguinte:

O Grêmio a cada campeonato que passa, rebobina a fita de sua história para os infelizes anos 70, mais especificamente a primeira metade deles, quando era um clube sem a menor expressão fora dos limites do Mampituba - aceitem a realidade histórica, amigos gremistas. Voltamos a ser o time do quase. O time das duas eliminações consecutivas em oitavas de final de Libertadores e das três eliminações seguidas em semi finais de Copas do Brasil nos últimos 3 anos. Aliás, quatro dessas cinco derrotas foram para equipes teoricamente inferiores, ou para clubes de menor expressão. Infelizmente a camisa deixou de ganhar jogos há muito tempo...

"Now, I've got the feeling once again", porque já virou costume aquela cara de tacho após uma derrota inexplicável em casa ou uma eliminação absurda - seja para colombianos, de Medellín e Bogotá, seja para caxienses e chilenos, seja para paranaenses e paulistas. Nos últimos 12 anos o torcedor gremista já viu de tudo um pouco. Como diz com propriedade o amigo Jair Farias, baita gremista, somos "passageiros da agonia". A agonia, na minha interpretação da metáfora, é um ônibus cheio da pressão dos anos consecutivos sem conquistas relevantes. Na imensa maioria das vezes somos muitos a tentar empurrar esse ônibus no grito, ladeira acima, mas invariavelmente ele vem empacando. Enquanto mais íngreme a ladeira (de acordo com a dificuldade do jogo), mais força fazemos, mais nos desgastamos e dá mais vontade de desistir.

Para você que é gremista, está lendo este texto e diz que não gosta de perder, tenho más, ou melhor, péssimas notícias. Dificilmente uma válvula de escape vitoriosa será o clube que escolheste torcer, ou que seu pai lhe ensinou a amar, ou seja lá qual foi o motivo pelo qual escolheste torcer por um clube de futebol. Porque o futebol é como a vida: feita de vitórias e derrotas, glórias e fracassos. Inclusive acho que tu, que ainda não pensas assim, já deverias ter se acostumado com esta ideia. Ser gremista - ou torcedor de qualquer outro time - é exercitar o masoquismo. Não adianta ficar de "mimimi" e revoltinha em redes sociais, todos sabem que você sofre de morte quando seu time perde uma final, é rebaixado ou sofre um empate nos acréscimos do 2º tempo.

O pior de tudo é que torcedor age como marido traído da espécie "corno manso". Na próxima quarta-feira o Grêmio joga contra o Vasco e eu serei um dos trouxas que estará no Teatro na Arena gremista (sic), porque quem ama perdoa, quem ama está ao lado não importa a situação, por mais imbecil que possa parecer aos olhos dos outros. Vi muita gente falando em largar de mão, como já vi dizerem o mesmo em diversas outras situações nestes últimos 12 anos. Adianta? Seguiremos nesse constante entorpecimento que é ser apaixonado por um clube de futebol, pois torcer, acima de tudo, é um estado de espírito e uma demonstração de caráter.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Melhores estadios e piores humanos

O futebol é dito por muitos como o esporte das "multidões". Quem falou acertou. Pelo fato de ser um esporte simples. Basta uma pelota e marcar duas goleiras e temos o nosso amado futebol que mexe com o mundo inteiro. Este esporte foi capaz de parar guerras e proporcionar a pessoas que nunca se viram na vida gritar, rir e serem felizes com uma simples comemoração de um gol ou de um titulo.

Pois o futebol mais do que qualquer outro esporte produz o fenômeno da coletividade. Torcer faz bem. Aqui em Porto Alegre nos gabamos de ter um dos maiores clássicos do mundo e certamente o maior do Brasil. Falo obviamente do GRENAL. Talvez nos conformamos apenas em ficar atras do clássico argentino entre Boca Juniors e River Plate. O GRENAL tem um poder tão forte na Província de São Pedro que gerou a famosa frase: "Um GRENAL faz uma segunda-feira" e com toda a razão. Muda o humor dos chefes de alguns, o café fica muito melhor para outros e para a maioria que espera a hora do almoço só para falar: "E o GRENAL de ontem?".  A flauta é algo que gosto muito. Sou totalmente a favor. O futebol vive as margens da flauta! O GRENAL não se exclui muito pelo contrário o Grêmio é o Grêmio por causa do Inter e vice-versa.

Logicamente imaginava-se com o Grêmio e sua ARENA e o Inter e seu Beira-Rio novo em folha iriamos ampliar este espetáculo que tanto nos orgulha. Porém estamos prestes a testemunhar um dos episódios mais tristes e vergonhosos do nosso estado. O GRENAL de torcida única. Mesmo com estádios renovados para uma nova era onde se esperava a civilidade como grande legado.

Portanto retrocedemos como humanos, involuímos como pessoas. Temos que admitir! Terá um vivente para contestar dizendo "é a minoria" e com razão mas porque a maioria ta perdendo para essa minoria? É algo não logico! Isso tem que derivar de algo... Policia pessimamente preparada? As direções de ambos os clubes omissas perante as organizadas? Vandalismo literal por parte de alguns? Analisando a policia tem que ser melhor preparada e uma hora ou outra serão provocados por uma minoria. Um belo exemplo foram as recentes manifestações onde alguns provocavam, a policia reagia e o caos estava feito. Fico triste por estar acontecendo isso com o nosso grenal que até musica do Zaffari faz parte. Mais triste ainda por saber que estamos menos civilizados que ontem.    





sexta-feira, 14 de junho de 2013

Avaliação

Depois de muito tempo longe deste blog que amo tanto volto as atividades com dilemas antigos. Mas admito com "coração novo" literalmente. O Inter de Dunga campeão gaúcho de 2013 conseguiu montar um padrão de jogo onde se prioriza a posse de bola, subida de laterias e um ataque que se movimenta. O primeiro semestre de Dunga foi bom. Têm taça no armário e sabe-se que no time há carências. Pois Vitor Jr, Josimar e Rafael Moura não podem ser solução do colorado. É pouco para quem ambiciona titulo ou até mesmo uma vaga na Copa Libertadores de 2014. O treinador está bem apesar deste que vós escreve não entender o ostracismo de Ygor pois este é melhor que Airton e o já citado Josimar.

Em relação a direção o presidente Luigi demostra uma calma que beira a demasia. É notório que o Inter precisa de um meia, um zagueiro e ao menos dois atacantes. Isso tudo se não vender Fred que está em alta com o leste europeu assim como R.Moledo que já está praticamente vendido a carreira na Europa. Infelizmente hoje o grupo de Dunga é razoável e nada mais que isso. Porém combinemos que é o suficiente para ganhar do Bahia, Vitória e Portuguesa em qualquer lugar do globo terrestre.

Avaliar o grupo colorado no seu total e reparar na mostragem até o presente momento qualifica a equipe vermelha e branca a uma das vagas na Libertadores se tudo der certo. Os pontos perdidos não voltam mais, as lamentações já foram feitas e a parada para recarregar, repensar e corrigir é agora. A direção deve trabalhar para reforçar o grupo e municiar a equipe de Dunga para o restante do campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. Cogita-se Adriano Imperador no time colorado. Não creio que venha a ser uma boa. Pois Adriano primeiro deve ser "recuperado" para depois dar resultado. No bom "gestores" o Inter precisa dar resultado para "já" no curto e médio prazo e Adriano não se encaixa neste quesito. Apesar de ser o Imperador.

Portanto para tentar pescar um vaga na competição mais charmosa das Américas o colorado deverá ralar muito e o técnico Dunga terá que tirar leite de pedra. A torcida deve apoiar mais do que nunca no Centenário, em Novo Hamburgo aonde for. Mas fechamos a conta concordando: "não será nada fácil".

Pergunta: Quando o Inter vai anunciar uma contratação?

Não, a culpa não é do São Paulo

Poucos pararam para pensar, mas foi o Tricolor paulista o coadjuvante de dois momentos emblemáticos da história recente do Grêmio. Voltamos para 11 de novembro do ano passado, para o velho e saudoso estádio Olímpico Monumental. Cerca de 46 mil pessoas superlotavam o Velho Casarão para seu penúltimo jogo - ao menos, à época, se achava que seria mesmo. Os donos da casa, empurrados pela torcida e pelo seu preparo físico invejável àquela altura do campeonato, viraram um jogo na base da força e se qualificaram para a Libertadores da América do ano seguinte. Indo 7 meses e um dia à frente, percebe-se que o "fica Luxemburgo" entoado pela maioria dos quase quarenta e cinco mil e oitocentos e noventa e quatro presentes naquela tarde de domingo quente e ensolarada foi absurdamente equivocado. Os dois jogos tem uma coisa em comum: ambos contaram com "pardalices" do professor.

Quarta-feira, 12 de junho de 2013. Noite fria dos namorados e uma Arena esvaziada estavam no contexto de mais um Grêmio e São Paulo. Em 7 meses, o time gremista já havia jogado a vaga direta na Libertadores pelo ralo, empatando um Gre-Nal sem gols, onde teve dois jogadores a mais em determinado momento do jogo. Depois jogou a própria competição pela janela, sendo eliminado pelo Independiente Santa Fe. Some-se a isto uma participação ridícula no Campeonato Gaúcho e um começo claudicante no Brasileirão, e o "fica Luxemburgo" não era a maior das vontades do torcedor. Afinal, quem quer um treinador que muda de esquema "em função do adversário", ou não consegue fazer um amontoado de ótimos jogadores se tornar ao menos um time razoável? O time azeitado do ano passado deixou de existir como passe de mágica. Será que este time azeitado realmente existiu?

Eu acredito que sim. Os problemas aconteciam quando o treinador mudava a postura do time, ou o time mesmo fazia isto por conta própria, e quando haviam mudanças táticas. Como houveram nos dois jogos contra o São Paulo. No ano passado, 3 volantes e um atacante; este ano, um armador e 3 atacantes. Fatos pontuais como estes, que pareciam ser apenas para reiterar o poder do técnico sobre (vejam bem!) o clube, foram se repetindo, até que o time, mesmo com sua formatação original, perdeu totalmente a consistência. E o torcedor perdeu a paciência. Assim como em 2012, o time levou um gol no final da etapa inicial e foi alterado no intervalo, para ficar da forma como deveria ser, desde o início. Já dizia aquela velha máxima, "técnico que mexe bem, é porque escala mal". Escala mal e se indispõe com os melhores jogadores do time - a saber, Barcos, Elano e Zé Roberto.

Não vou voltar a registros anteriores, não cabe. Eu me animei muito a falar sobre a adaptação à Arena e esqueci de falar sobre o time. Há que pensar no presente e no futuro, e um futuro minimamente promissor envolve a não permanência de Vanderlei Luxemburgo no comando técnico do Grêmio. Que a direção não irá mandá-lo embora, é fato sabido e registrado, Fábio Koff confia no trabalho do professor, confia no projeto. Mais uma vez chegamos ao mês de junho com a sensação de que o ano já acabou, mesmo com 33 rodadas do Brasileirão pela frente e uma Copa do Brasil a ser jogada. Se formos pegar como parâmetro o que o time não vem jogando atualmente, não sobreviverá aos próximos desafios, infelizmente. E se o Grêmio não aproveitar, deixará passar o bonde da história e não será mandante contra o São Paulo pelo menos até o ano que vem...

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Driblando a morte até acabar o campo

O Grêmio foi justa e definitivamente expurgado da Copa Libertadores da América. A história que vai para os livros acabou no início da madrugada desta sexta-feira, 17 de maio de 2013, em Bogotá, capital colombiana. No entanto, a desgraça veio sendo adiada desde o final de janeiro, início de fevereiro, quando o time contou com uma boa dose de sorte para passar pela Liga de Quito na 1ª fase da Libertadores. Talvez venha desde a antepenúltima rodada do Brasileirão do ano passado, quando 45 mil pessoas assinaram a renovação de contrato de Vanderlei Luxemburgo, técnico que nunca ganhou e nunca ganhará nenhuma competição internacional de mínima importância. Isto já havia sido provado na Copa Sul-Americana do ano passado, quando a equipe gremista caiu para o Millonarios, arqui-rival do Santa Fe, o algoz da vez. É, a Colômbia não faz bem ao Grêmio, mesmo...

O sentimento já não é mais de tristeza, tampouco de raiva. Diria que é uma decepção momentânea, enquanto o velório acontece, depois vem a resignação, a sensação do “eu já sabia” que ronda a cabeça do gremista minimamente consciente da capacidade do time. Esta resignação fica mais forte quando são ouvidas as manifestações de jogadores, comissão técnica e direção após um vexame do tamanho de mais uma eliminação em oitavas-de-final de Libertadores. Parece que nada foi aprendido de 2011 para cá. Penso que eu aprendi... aprendi a torcer por um time que, infelizmente, deixou de ser grande. As 2 últimas Libertadores foram lamentáveis, de se esquecer. Esquecer, não, lembrar. Lembrar, remoer, sentir a dor e o amargo da derrota e aprender. O Grêmio não aprende. Oferece sofrimento, vergonha e humilhação em prato decorado com requintes de crueldade para seu torcedor.

Quis o destino que Medina, aquele que iria “comer o Grêmio”, colocasse a cereja, devidamente avermelhada, sobre o bolo da desgraça tricolor. Faltando 10 minutos para o final do jogo. Mas não foi este gol que eliminou o Grêmio, nem o gol de pênalti do argentino Pérez no jogo de ida. Nem as derrotas para Huachipato e Caracas na fase de grupos. O Grêmio foi o 15º entre 16 classificados na fase de grupos. Perdeu para o 2º melhor, deu a lógica. Fora o fato de ter sido o 4º colocado no Campeonato Gaúcho, atrás de 2 clubes que não estão em nenhuma das divisões do Brasileirão. Não havia a menor possibilidade de ser campeão de nada, como, de fato, não é e não vai ser pelo décimo-segundo ano consecutivo. Um time que não fura retrancas de times teoricamente mais fracos e se acadela nas situações adversas. As eliminações internacionais neste biênio foram assim.

Olha, vejo que o “comer o Grêmio” vai ser bem mais literal que a simples eliminação na Libertadores. O Grêmio tem um grupo caro, absolutamente desequilibrado e um contrato amarradíssimo com a construtora do seu (?) estádio. No meu entender, ganhar a Libertadores seria muito maior que a conquista de um título, seria a garantia da sobrevivência enquanto clube, enquanto instituição. Este tipo de coisa não se coloca na cabeça dos jogadores antes de entrar em campo, quando se está no circo dos grandes clubes. Hoje você sai do Grêmio, amanhã você pode estar, na Europa, no Inter, no Corinthians, no Flamengo... A situação dentro de campo é decepcionante, mas a situação fora de campo é preocupante, assustadora. Enquanto sócio e torcedor interessado nas questões institucionais do clube, admito que tenho medo do restante desse 2013. Será um ano longo...

Um pouco de números. Nas últimas 2 Libertadores, foram 20 jogos, entre 1ª e 2ª fase e oitavas-de-final, fim da linha em ambas as oportunidades. Foram 9 vitórias, 4 empates e 7 derrotas. Entre os resultados, incluem-se derrotas para os poderosos Oriente Petrolero, Huachipato, Caracas e empates com León de Huánuco e Liverpool uruguaio. Direções diferentes, comissões técnicas diferentes, perfis de grupos diferentes, mas os mesmos resultados vexatórios, humilhantes, culminando em eliminações para times sem nenhuma tradição. Óbvio, o futebol mudou, camisa não ganha jogo, entre outros decretos do futebol moderno, mas é inadmissível que um clube do tamanho do Grêmio não consiga montar um time melhor que Universidad Católica ou Independiente Santa Fe. Ou teria o Grêmio se reduzido ao tamanho das supracitadas equipes?

É duro admitir que o Grêmio se tornou um coadjuvante no futebol regional, nacional e internacional. O time gremista não saiu do papel, mas saiu prematuramente da Libertadores. Novamente. Hoje não adianta abordar questões táticas, apontar jogador A ou B, porque nada deu certo. O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense se tornou uma baderna total, dentro e, principalmente, fora do campo. O time escapou contra a Liga de Quito, escapou contra o Fluminense, escapou contra o Huachipato, uma hora a tentativa de fuga da morte não aponta nenhum caminho plausível. O cerco é fechado e em determinado momento as escolhas cobram seu preço – a conta do Grêmio foi pesadíssima, o débito era muito superior ao crédito. Instituição no prejuízo quebra, time que está devendo cai. O Grêmio caiu, foi justa e definitivamente expurgado da Copa Libertadores da América.

domingo, 14 de abril de 2013

Presente de grego - não para a tradição

Campeonato Gaúcho ’13, Taça Farroupilha (2º turno), 7ª rodada. Cerâmica 0-2 Cruzeiro, 14.04.2013, Estádio Antônio Vieira Ramos (Gravataí/RS).
Jogo decretou a volta do Cerâmica a Série A2
do Gauchão. (foto: Jhon Willian Tedeschi)
Primeiramente devo dizer que tentei não ser neutro nesta tarde de futebol em Gravataí. Havia decidido já no final da 6ª rodada da Taça Farroupilha que me faria presente no jogo entre Cerâmica e Cruzeiro, pelo nível de dramaticidade que a partida prometia (e, de fato, cumpriu) e porque, convenhamos, futebol é na arquibancada. Pois bem, me travesti de torcedor ceramista e fui ao Vieirão acompanhar o jogo. Admito, nunca tive qualquer vínculo com o clube que fica a cerca de 20 minutos da minha casa, no centro de Gravataí.

Mais conhecida como “a cidade da GM”, Gravataí está em meio aos festejos pelos 250 anos de sua fundação, completados na última segunda-feira, dia 8. Eu não sabia, descobri na noite do sábado, ao ir a uma festa na cidade e presenciar um show do Tchê Barbaridade (!), no Parcão do município. Não conheço nenhuma outra coisa interessante da cidade na qual estudei um semestre e tenho uma meia dúzia de amigos e conhecidos. Por isso e outras coisas que virão na sequência, não me compadeci da queda do Cerâmica, um presente daqueles que comunidade nenhuma gosta de ganhar.

Pela 3ª vez no Gauchão estava assistindo a jogos do Cerâmica, antes havia os visto enfrentar São José e Grêmio, ambos os jogos em Porto Alegre. A impressão que tive dos times de Guilherme Macuglia e Luís Eduardo nas oportunidades era que o problema não estava na casamata. Fui para o estádio duvidando que eu fosse desmentido. Não fui. O time é realmente muito fraco, a única coisa boa que aconteceu ao time neste Gauchão foi a aparição de Soares, centroavante oriundo da Paraíba, de nível razoável para os padrões do futebol do interior. No geral, faltam qualidades básicas a maioria dos jogadores, e se viam erros primários que nem na várzea acontecem.

A arquibancada é um capítulo à parte. Normalmente vazia nos jogos anteriores, houve um fenômeno impressionante para o cotejo deste domingo. Cheguei ao estádio e me surpreendi ao ver o pavilhão social completamente lotado. Somente o jogo contra o Internacional havia tido mais de 100 pagantes, e certamente havia mais gente ali naquele setor do que na totalidade no jogo contra o time colorado. De certa forma foi bonito de ver, embora não tenha sido digno, pois a comunidade simplesmente ignorou o time durante todo o campeonato, mesmo com a campanha decente na Taça Piratini (quando caiu nas quartas-de-final para o vice-campeão São Luiz).

O jogo foi ruim, muito ruim. O Cerâmica tentava amorcegar o jogo, já que o empate lhe servia, mas errava o suficiente para tirar seus simpatizantes do sério, enquanto o Cruzeiro não parecia estar jogando a vida, usando e abusando das firulas quando tinha a bola nos pés. O primeiro tempo não teve quase nada que prestasse, exceções feitas a um chute de Jean Paulo, ainda no começo do jogo, que assustou Alexandre Villa, e às pixotadas da defesa ceramista, excessivamente permissiva com o ataque estrelado. A etapa final parecia ir pelo mesmo caminho, enquanto nada acontecia nos outros jogos que interessavam aos desesperados. Parecia, até o desastre, aos 6’ do segundo tempo.

Desastre sob todos os aspectos, técnico, anímico e plástico. Jean Paulo foi lançado pela esquerda, cruzou e o lateral-esquerdo Pedro, prata da casa, jogou de carrinho para dentro do próprio gol. Sim, o Cruzeiro abria o placar em Gravataí com um gol contra, que além de tudo que envolve um gol contra, foi extremamente feio. Festa dos cerca de 200 torcedores cruzeiristas que foram a Gravataí apoiar o seu time, desespero dos torcedores do time local, que inclusive passaram a tentar apoiar o time, já que eram até então um público contemplativo. Quase sem alternativa, Luis Eduardo tirou o jogador mais lúcido da equipe, Serginho Catarinense, e colocou Cristian (ex-Palmeiras, Coritiba, entre outros), inexplicavelmente no banco.

O que se viu dali em diante foi um show de balões, cera e malandragem do Cruzeiro, que, apesar dos pesares, é um time bem razoável, com bons valores, como o goleiro Fábio e o atacante Jô. Com a bola nos pés, o time porto-alegrense mostrava muita superioridade, chegando com muita facilidade ao campo de ataque. Se tivesse apertado um pouco mais, poderia ter tido muito mais tranquilidade para garantir a vitória e a permanência na Divisão Especial. Os gols do Pelotas e do Santa Cruz também não ajudavam. No finalzinho, Márcio mataria o jogo e o Cerâmica, em mais um contra-ataque mortal – desta vez, literalmente. Comemoração incrível do banco de reservas, da torcida, dos jogadores, era como se o Cruzeiro tivesse conquistado um título.

De fato, conquistou. Após o término da partida apareceu um troféu (?) com os jogadores, que festejaram com seus hinchas e fizeram pose para levantar a taça, ainda que o maior prêmio fosse a manutenção da categoria. Ganha, rebaixa o time da cidade aniversariante e leva para casa uma taça comemorativa a este aniversário – sem contar que o Cruzeiro está de mudança para Cachoeirinha, que tem uma relação bastante íntima com Gravataí. Quem mais lamentou a queda foi o goleiro Alexandre Villa, experiente, com passagens pelo futebol europeu e certamente um dos menos culpados pelo descenso do clube. Ao final do jogo, os simpatizantes do Cerâmica saíram como se sai de uma sessão de cinema, sem demonstrar qualquer sentimento quanto à queda do clube. A comunidade de Gravataí realmente não merece um time disputando o Gauchão.

Fica o Cruzeiro, de uma comunidade bastante pequena em Porto Alegre, mas que mesmo assim levou 200 torcedores ao Vieirão para fazer um buzinaço no centro de Gravataí após o jogo. Isto torna um clube grande. Duvido que o contrário aconteceria, por isto não lamento a queda do Cerâmica. Ficará muito bem como clube do 3º escalão do futebol gaúcho. Marcante também foi a oração feita após o jogo, quando os jogadores, comissão técnica, dirigentes e funcionários ficaram no círculo central do gramado durante cerca de 5 minutos, agradecendo aos responsáveis pela vitória. Certamente ficará registrada como uma das imagens do campeonato. Digna, assim como a permanência de um clube muito tradicional do nosso futebol.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Sou gremista e o Grêmio não me representa

Chegou ao ponto de eu dizer isto. Chegou o ponto em que a insatisfação é tamanha, que a revolta é tão grande, que um desabafo é quase obrigatório. Começo o texto sem me importar se a retórica irá fugir, se as concordâncias e a gramática não serão as mais adequadas, ou se alguns palavrões irão aparecer. Aliás, peguem o primeiro: foda-se, assim o farei única e exclusivamente porque quero fazer. Me dou a esse luxo, porque estão matando o meu clube, estão matando o Grêmio lentamente, como em uma tortura chinesa, como nos tempos do DOPS, em que a censura imperava e não se podia fazer nada, sob pena de sentir o sarrafo comer nas suas paletas. A única diferença é que o governo não é uma ditadura; pelo contrário, vivemos uma época populista, se dependesse dos nossos governantes, as coisas seriam diferentes, ou melhor, seriam como deveriam ser.

Na minha última aparição aqui no Vida Cancheira, eu “prometi” tocar no assunto Arena do Grêmio (sic) com a cabeça mais fria, após o jogo contra o Lajeadense. Aconteceram 3 jogos em que sequer passei perto da cancha do Humaitá (Caxias, Cruzeiro e Cerâmica, todos pelo nosso “charmoso Gauchão” [BRITO, Paulo; 2013]), antes do meu retorno nesta quarta-feira. Uma noite que, em Condições Normais de Temperatura e Pressão, seria uma noite de total delírio copeiro, loucura, psicopatia e caos, uma promessa de reviver Las Grandes Noches Coperas de 2007, quando derrubamos São Paulo e Santos na base do bafo na nuca no meio do furdúncio. Não me importei em pagar um valor absurdamente abusivo por um ingresso – creio que nunca mais irei pagar tão caro na vida para assistir a um jogo de futebol. Copa é Copa, quem sabe, sabe.

O problema (ou solução, para resolver este texto) é que a cabeça não esfriou. Ela quase explodiu na noite de ontem, com todo o contexto que se apresentou no, me desculpem os enamorados daquela cancha, Teatro da OAS. Um Teatro contaminado pelo fedor da censura, que o DOPS, digo, o BOE insiste em atirar na nossa cara – quase que literalmente, o atirar. Acabaram com nosso direito de fazer festa, acabou o nosso direito de não passar calor, acabou nosso direito de manter-se em pé, acabou nosso direito de beber Coca-Cola mais gelada do que a lata nos permite, acabou nosso direito de fumar um Marlborão, porque todo gremista é um marginal, um filho da puta e isto não vai ficar assim, porque você vai matar um torcedor rival com uma pedra de gelo, porque o estádio (sic) de futebol é um ambiente fechado e sua fumaça vai intoxicar de morte o seu coleguinha do lado, porque você vai perfurar o crânio do goleiro adversário com o PVC da bandeirola ou matar um brigadiano com um murgaço, porque não se deve mais falar palavrão, xingar o juiz, o adversário, seu goleiro, seu técnico, a avó do Badanha, nem sequer pensar em xingar a si próprio, por ter sido um imbecil completo de deixar isto acontecer e, pior, abrir as pernas para tudo isto, “consumindo” o futebol moderno e sendo conivente com toda esta palhaçada.

A Brigada Militar abusa da sua autoridade, a direção do Grêmio abusa do bom-mocismo, isto reflete nas arquibancadas, reflete na cabeça dos jogadores dentro de campo e refletirá, finalmente, que não ganharemos a Copa. O nosso time é uma seleção, um timaço de verdade, melhor que o da época da ISL, quando uma grana absurda foi investida no clube (daquele jeito, é verdade, mas havia muito dinheiro). Só que, todos sabemos, não se ganha uma Copa só com um time forte. Times medíocres já foram muito longe na Copa graças à sinergia entre todos os envolvidos: os 11 dentro de campo e os 15, 20 ou 50 mil fora dele (o Grêmio de 2007 que o diga). Eu não quero um estádio lotado, desde os tempos de Olímpico eu nunca quis. Sempre preferi que tivéssemos 20 mil ensandecidos, do que 50 mil para assistir a uma peça de teatro, ou a uma sessão de horário nobre no cinema. Aliás, teatro e cinema são alternativas muito mais baratas em relação aos jogos no Teatro da OAS, aviso desde já. Ontem sentei em uma poltrona que nem em viagens aéreas eu havia sentado. Pergunte-me se era isto que eu queria? É o óbvio ululante de quatro Libertadores nas paletas que não. Como eu disse acima, eu quero loucura, eu quero alento, eu quero um clima de Copa de verdade, do jeito que eu cresci vendo os estrangeiros fazendo e amadureci participando, uma vez que nossos clubes aprenderam que criar um “clima de Copa” não era feio e não fazia mal. Hoje é mais que feio. É criminoso. Dá cadeia.

Admito que o Teatro seja espetacular. Espetacular para quem vai assistir ao show do Roberto Carlos no dia 20, por exemplo. Não é aceitável nem para quem vai a um show de rock’n’roll, como foi especulado para o evento de inauguração do recinto, em dezembro passado, até porque a nossa forma de torcer vai muito mais de encontro ao rock’n’roll do que ao samba, lento, cadenciado, e por vezes mais amargo que o recomendável. Que ao menos haja um espaço para torcer do modo rock’n’roll, do modo copeiro, que haja um espaço para intimidar o adversário, que incite o estádio a se transformar em um caldeirão, em um inferno para quem venha nos enfrentar. Falo hoje do Grêmio, amanhã alguém vai falar o mesmo do Inter e seu Beira-Rio em avançado processo de “modernização”. Podem anotar. Se os demais estádios “modernizados” do Brasil seguirem esse mesmo padrão, o que acredito que acontecerá, adeus futebol brasileiro.

Finalizo voltando a falar do Grêmio, porque o que aconteceu ontem – está exposto, não vou ficar repetindo o que todo mundo já sabe, mesmo sem ter visto – me deixou extremamente desgostoso, triste, de verdade. Estão acabando com o maior patrimônio que o Grêmio tem, que é sua torcida, estão fazendo com que ela se volte contra a instituição, contra a camisa que aprenderam a amar acima de muitas coisas que seriam mais importantes para pessoas normais, mas, para nós, que somos torcedores, não são. Já nos tiraram nosso estádio, tiraram nossa tradição de time copeiro e vencedor, nos dando em troca um time que, em que pese sua qualidade, é de um bunda-molismo que irritaria até Dalai Lama, comandado por um jóquei de pônei, que ganhou um cavalo sem freio e não sabe o que fazer. Agora o Grêmio está fazendo com que sua gente se afaste, não diretamente, mas dando o aval para tudo isto que foi relatado aqui. O Grêmio que eu cresci aprendendo a amar está em estado terminal, e o pior ainda está por vir. Juro que vou tentar não ser um dos ratos a pular da barca.

domingo, 17 de março de 2013

E agora, José?

Campeonato Gaúcho ’13, Taça Farroupilha (2º turno), 2ª rodada. Grêmio 2-0 Lajeadense, 16.03.2013, Arena do Grêmio (Porto Alegre/RS).
Certa feita Drummond se perguntou isto, perguntou isto, e sua pergunta se tornou um de seus poemas mais célebres e uma das indagações mais repetidas Brasil a fora. Aproprio-me do questionamento do saudoso mestre e o refaço, para alguns Josés (sic). Cada um deles teria uma resposta diferente para me dar, de acordo com seu envolvimento; o mais famoso deles, José Roberto, não teria nada do que reclamar, afinal, tivera jornada gloriosa, correndo como um garoto de 19 anos, tendo o dobro nas paletas, e marcando os 2 gols da vitória do Grêmio sobre o Lajeadense, na tarde-noite deste sábado. Bom, sobre Grêmio-Lajeadense, muito pode ser visto na nossa imprensa especializada (BEM entre aspas) e falar sobre o jogo é se aproximar do óbvio, então falo sobre o que julgo óbvio em 3 doses curtas e grossas, como coices de porco: 1) Zé Roberto é um atleta fora do comum – meu medo é que passem os anos e ele seja tão lembrado pela torcida gremista quanto Zinho o é; 2) o Lajeadense é um time muitíssimo bem armado pelo Flávio Campos, vai dar muito trabalho neste 2º turno; 3) sempre achei o Cris muito bom zagueiro, mas o vírus do futebol francês o afetou gravemente, assim como fizera com o ex-colorado Bolívar – diria que Cris é um Bolívar sem grife (“Capitão América”).

Mas e os Josés anônimos? Que perguntas eles precisariam me responder, o que este maldito blogueiro quer saber deles?! Não apenas dos Josés, mas dos Joões, das Marias, dos Pedros e das Paulas que frequentam o Teatro a Arena Porto Alegrense, novo, lindo, silencioso e cheiroso estádio do Grêmio. Foi o primeiro jogo dos 4 (todos os oficiais) que fui na Arena até agora em que fiquei praticamente o tempo todo conectado. Vi um tweet de um jornalista comentando sobre os valores praticados para lanches dentro do estádio. Foi o menor dos problemas, mas é um problema recorrente, ou quem está disposto a pagar 10 pratas em um cachorro quente (e não quero nem saber se é do Rosário, do Bigode, ou do morte-lenta ali da esquina)? Ou então 10 pratas em uma pipoca grande? – comprei a menor, pela metade do preço, e com o valor eu faria umas 2 PANELAS de pipoca doce, creio que ainda melhor que a que comi. Desde a inauguração, cada jogo teve uma ocorrência considerada grave ou importante; ontem, foi a questão das bilheterias, que pela primeira vez foram abertas no dia do jogo, em quantidade insuficiente para a relação demanda/modo operacional. Eram apenas 5 mil pessoas, mas 5 mil pessoas impacientes, acostumadas com a agilidade do velho e saudoso Olímpico.

Então, finalizando esta breve consideração, quero saber dos Josés, dos Joões, das Marias, Pedros e Paulas gremistas, o que estão achando destes primeiros 3 meses de Arena. O que está satisfatório e o que precisa melhorar? Infra-estrutura? Valores? Formas de compra de ingressos? O Vida Cancheira sempre foi espaço do nosso leitor, e aqui fica mais um convite à discussão, entre tantos que surgirão sobre este assunto, nos mais variados meios de comunicação. Posteriormente, com a cabeça mais fria, falarei sobre meus pontos de vista, minhas opiniões e o que percebi nestas 4 partidas em que me fiz presente na nova cancha.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Internacional... Antes do GRENAL - 396

Dunga é certamente a melhor contratação feita pelo Inter para a temporada 2013. O treinador é disciplinador, não tem papas na linguá e conhece como poucos o clima de vestiário. Neste começo de trabalho com os titulares o colorado saiu-se bem, mostrando força na marcação, troca rápida de passes e uma curiosidade nada comum para os dias de hoje: Ambos os laterias sobem.

Paulo Paixão se equipara a Dunga em termos de acerto de contratação esbanjando competência. Agora falando da boleirada: Gabriel mostrou serviço mas até quando vai continuar neste pique? Caio ainda não estreou e Vitor Junior deu pequena amostra até agora nas oportunidades que recebeu. Mas nada é definitivo o trabalho ainda está sendo desenvolvido. Gilberto não foi bem desde a sua volta do Sport, Juan não mostra confiança pois lesiona-se com frequência.

Já no outro lado da moeda Fabrício vem fazendo um ótimo inicio temporada assim como D´Alessandro que dispensa comentários sendo o maestro do time e mostrando que é ´um camisa 10 para ser lembrado durante muito tempo aqui no futebol gaúcho. Willians mostrou ser um reforço com seu poder de marcação e Fred tanto na segunda volancia como sendo terceiro homem do meio campo revelou amadurecimento em muitos quesitos. Damião parece que acabou com a sua urucubaca e Forlán ta demostrando recuperação daquele jogador inteligente, técnico e acima da média que era.

Portanto o colorado está no rumo certo mas necessita de reforços a começar por um segundo atacante, um meia de criação e um zagueiro de confiança. Hoje o Inter tem um time razoável do meio para trás em compensação é para ser uma maquina do meio pra frente, afinal tem um maestro argentino, um craque uruguaio e um artilheiro nato. Porém o elenco do Inter hoje é fraco pois os reservas são muito distantes tecnicamente dos titulares. Enfim que amanhã tenhamos um bom GRENAL, acima de tudo sem violência e que demostremos civilidade.

Barbárie!

Infelizmente neste episodio triste do jogo entre San Jose e Corinthias com a morte de um jovem de 14 anos vitima fatal de um MORTEIRO lançado por um marginal transvestido de torcedor deveria ser usado como divisor de águas mas não creio nessa tendencia.

O time paulista foi severamente punido pela COMMEBOL, sem torcida o Corinthias ficará sem receita, os números podem chegar a 15 milhões de reais. Mas isso trará de volta para os braços da famila o garoto boliviano novamente? O pior é que em NADA mudará a organização falha e ultrapassada da COMMEBOL responsável pela organização da competição. Triste por está entidade que deveria atuar de forma seria e PROFISSIONAL. Infelizmente a COMMEBOL está parada nos 80 onde era tudo a BANGU.

Deveriam usar esse triste fato para mudar a fiscalização nos estadios tanto em Oruru, Montevidel, Rio de Janeiro ou Buenos Aires. Não importa! Pois esses fatos não podem se repetir. Considera-se isso uma barbárie a morte do garoto boliviano, uma falta de civilidade e uma insensatez sem precedentes. Imagina se fosse alguém próximo? Um irmão? Um filho ou amigo que não voltará mais para casa pelo ato besta de um marginal.

Portanto devemos refletir e agir racionalmente, sim digo NÓS pois a COMMEBOL nada se pode esperar desta entidade pobre de espirito, amadora e totalmente despreparada ou organizada. Estamos em
pleno 2013 e só agora aprovaram a suspensão por 3 cartões amarelos. O que esperar de um entidade assim? Sinto tristeza pela família e pelo esporte que perde.

Das reviravoltas da vida

Copa Libertadores da América, 2ª fase, 2ª rodada. Fluminense 0-3 Grêmio, 20.02.2013, Engenhão (Rio de Janeiro/RJ).
Que troço absurdo que é esse tal de futebol. Um time totalmente bagunçado na quinta-feira chega na quarta e, como em passe de mágica, adquire entrosamento, ganas de ganhar, alia a grande qualidade a um ímpeto que eu não lembrava ter visto antes. Dificilmente um resultado como este que você vê ali acima acontece em confrontos entre equipes da mesma grandeza técnica. Muito menos uma vitória deste tamanho na casa do adversário. Menos ainda em um jogo de Copa. O Grêmio me surpreendeu, calou minha boca e reacendeu a esperança no sofrido torcedor gremista, que parecia ter jogado a toalha após a derrota para o Huachipato. O mesmo time chileno (troque 2 letras e você terá o verdadeiro adjetivo do time) que conseguiu a proeza de levar 1-3 do Caracas, em casa, e ressucitou venezuelanos e gaúchos no Grupo 8 do certame copeiro. Agora todo mundo tem 3 pontos, só os visitantes venceram e a próxima rodada promete, com o Grêmio recebendo o Caracas, e com Huachipato e Fluminense, no Chile.

Tivemos uma semana tensa no time que vem alternando entre Humaitá e Azenha. Muitas explicações para a derrota na Libertadores na quinta anterior e a atuação insuficiente no domingo pelo Gauchão. Minha ideia era que o Grêmio havia tirado o pé contra o Veranópolis para chegar voando contra o Fluminense, enquanto os cariocas vem se matando em seu Estadual. Deu certo. Qualidade, quando chama qualidade, dá jogo. O Grêmio provou que não precisa parir uma bigorna por jogo para ganhar na Copa. Dá para ser campeão jogando, dominando o adversário. O Grêmio jogou, dominou, amassou, destroçou o atual campeão brasileiro. Em um primeiro momento não há como dominar a euforia; depois chega a dar pena do Fluminense, que não conseguiu jogar, não conseguiu impedir o Grêmio de jogar, não conseguiu nada. Se bem que, dos brasileiros, sempre considerei o Fluminense o clube mais fácil de se encarar em uma Copa. Clube sem camisa, sem torcida, sem tradição, sem nada, além de ser um dos maiores filhos do Grêmio.

Desde o apito inicial de Paulo César de Oliveira percebia-se que as coisas seriam diferentes. Se viu um time muito bem compactado, com as linhas muito próximas e se movimentando, totalmente diferente do time estático da quinta-feira anterior. Cris e André Santos, com melhor ritmo de jogo, renderam muito melhor. O zagueiro, que incorporou um xerifão, foi perfeito, anulando Fred (que só pega motoqueira...), intimidando o arisco Wellington Nem e baixando a ripa quando necessário. Bom, qualquer coisa que o defensor fizesse melhor que apenas sair do chão, coisa que ele não conseguiu contra o Huachipato, já seria lucro total. Tudo foi lucro. A nação tricolor incorporou um espírito de sangue-doce que não tinha nada a ver com aquela torcida que já acreditou em uma reversão de 4 gols contra o Boca Juniors, entre outras. O gremista se tornou um cara cético. Tanto é que, passada a euforia do jogo, o que mais se viu foram comentários "na defensiva", o que acho louvável. Um time de futebol deve sempre estar sob desconfiança.

Porque este Grêmio de Vanderlei Luxemburgo sempre quando esteve sob desconfiança deu respostas boas, mesmo que os resultados não fossem os ideais ou desejados. O problema sempre foi nas horas "cabais", com um nível de empolgação, favoritismo ou confiança elevados, quando algo acontecia e o time desandava, sobretudo em casa. Mantenham o pé atrás com o time, torcedor gremista. Se o time meter 3 ou 4 no Gre-Nal de amanhã, sem desespero. O gremista precisa aprender que só está ganho quando a taça está no armário, e faz muito tempo que isto não acontece. Parece que este ano vai, o grupo é excelente (o melhor nos últimos 10 anos), e o time parece que vai se acertar por osmose. Só isto não é o suficiente. Por mais que o time esteja um "cano", o torcedor vai precisar gastar sua voz, empurrar, para que não tenhamos um time auto-suficiente. Times auto-suficientes, como o do ano passado, sempre caem do cavalo. Não importa se no Olímpico ou no Teatro na Arena, o Grêmio vai ter que entrar em campo contra o Caracas tendo que "provar o contrário". Se fizer isto até o final da Copa, o Tri estará próximo.

(não queria falar em atuações específicas, mas como falei em Cris e André Santos, devo falar de Fernando. Impressionante o que o guri de Erechim jogou, ele simplesmente foi o dono da meia-cancha gremista, desarmando, armando, não errando passes, me surpreendeu muito, uma vez que sou um dos seus maiores críticos. A atuação de Abel Braga também foi determinante - atuou como Luxemburgo na quinta anterior, escalando mal, mexendo pior ainda e não dando qualquer consistência tática ao ótimo time do Fluminense. Passou pelo técnico a derrota do Tricolor das Laranjeiras. Do argentino Hernán Barcos, só tenho isto a dizer: <o/)

Porto Alegre de Açúcar

Depois de algum tempo afastado das redações deste blog que tanto me orgulho, venho tocar em um assunto que não pode passar batido. Como titulo desta cronica elaboro uma pergunta simples: Até quando teremos uma Porto Alegre de Açúcar? Pois não é a primeira vez que chove nesta intensidade na capital de todos os Gaúchos e acontece a mesma coisa... A cidade para, sinaleiras não funcionam, as ruas parecem rios e a cidade fica literalmente no caos.

O prefeito Fortunati ficou impressionado com o aqueduto de 59 MILHÕES de reais que não serviu pra necas de Pitibiriba. Entendo que hoje Porto Alegre vive em um canteiro de obras para novas vias de locomoção como a Avenida tronco, os Viadutos e melhorias para a cidade. Mas este episodio não pode ficar fora de pauta. A Nilo Peçanha estava irreconhecível, Assis Brasil nem se fala e fora que TODOS os carros e Ônibus não andavam. Porto Alegre parou!

Fui na minha bela dentista ali na Azenha, depois do tratamento maldito fui recompensado com o belo sorriso da doutora, de traços finos e olhar forte. Saí do consultório rumo ao centro e demorei incríveis 1 hora e dez minutos. Pois os corredores os ônibus não andavam, no meu caso estava no viaduto e o motorista não podia abrir a porta, via muitas pessoas indo caminhando e muitas outras perguntando o que estava acontecendo.

Portanto estamos a beira de uma Copa do Mundo e se chover assim nesta intensidade? Com que cara ficaremos perante o mundo? O prefeito Fortunati tem o dever de rever estes conceitos de esgotos e afins pois é algo PRIMÁRIO em termos de infraestrutura para uma cidade como Porto Alegre. Conheço as dificuldades de um politico nesta capital maniqueísta em que vivemos. Ainda esperamos a tal revitalização do Porto que não saí por pura birra, o Aeromóvel então é mais indignante ainda e sem nem mencionar a duplicação da Edvaldo Paiva onde pessoas protestaram em favor das arvores. Se faz obras criticam e se não faz também criticam... Afinal Porto Alegre não é de açúcar é Maniqueísta. Simples assim. 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

3 em 5

Uma verdadeira overdose de Grêmio na semana que se passou. A que estamos vivendo promete, com momentos de alta tensão e, desde já, grande ansiedade devido aos jogos importantíssimos que vem pela frente. Voltando um pouco no tempo, tivemos 3 jogos: 2 pelo Gauchão e o outro pela Copa Libertadores. O Grêmio escapou de um fiasco no âmbito doméstico, em compensação pagou um king-kong para toda a América ver.
 
Campeonato Gaúcho 2013, Taça Piratini (1º turno), 3ª e 8ª rodadas.Grêmio 5-0 Santa Cruz, 13.02.2013 | Grêmio 1-0 Veranópolis, 17.02.2013 (ambos no Olímpico Monumental).
Começando com os menos repercutidos dos jogos. Na quarta-feira, o time misto/reserva do Grêmio recebeu o Galo do Vale do Taquari e abusou. Usou e abusou. Fez 5, podendo ter feito 6, 7, 8... O time era tão alternativo, que sequer o técnico foi Vanderlei Luxemburgo - Roger Machado comandou a equipe. Ótimas atuações de Facundo Bertoglio e Guilherme Biteco, este improvisado na ala-esquerda. A atuação na etapa inicial não foi mais que regular, chegando a correr alguns riscos, mas mesmo assim Werley abriu o placar no final do primeiro tempo. O segundo tempo foi avassalador. Depois de levar uma bola no poste, Bertoglio fez 2 gols em 2 minutos, matando o ímpeto do Santa Cruz. O argentino ainda daria assistência e sofreria pênalti, para os 2 gols de Willian José. Devo dizer que o 3-5-2 armado por Roger, até de maneira emergencial, deu certo. Os alas Guilherme Biteco e Tony tiveram grandes participações ofensivas, assim como o armador Jean Deretti - que inexplicavelmente está relegado ao time de aspirantes, mesmo inscrito na Copa Libertadores.

O jogo que garantiu a classificação gremista às quartas-de-final da Taça Piratini também definiu que teremos um Gre-Nal no próximo domingo. O jogo foi confirmado para o estádio Centenário, em Caxias do Sul, às 16hs. Os titulares, de castigo pela derrota contra o Huachipato, foram buscar entrosamento sob um calor escaldante que assolou a Capital do Rio Grande do Sul. O jogo foi devagar, com 2 pausas ao longo do jogo para reidratação dos atletas. Werley fez o gol da vitória, ainda no 1º tempo, e tivemos poucas chances de gol. Ao menos o time foi bem defensivamente, sem ser ameaçado. Dida voltou ao arco gremista e fez uma boa intervenção na etapa final, nada além disto. Eduardo Vargas e Welliton mostraram que o time realmente precisa de um homem de referência - Welliton nesta função é menos jogador que Hernán Barcos e Marcelo Moreno. O ataque contando com um chileno, um boliviano e um argentino teve pouco tempo para jogar, mas para jogos mais encrespados poderia ser uma alternativa, caso Bertoglio estivesse inscrito em La Copa.

Copa Libertadores da América, 2ª fase, 1ª rodada. Grêmio 1-2 Huachipato/CHI, 14.02.2013, Arena Porto-Alegrense.
Porque na Copa, amigos, na Copa o bicho pegou. O Teatro A Arena Porto-Alegrense viu um dos piores jogos do Grêmio na história da Libertadores da América. Eu, pelo menos, vi poucos jogos tão ruins com meus próprios olhos - e esta é minha 3ª Libertadores como frequentador de todos os jogos em Porto Alegre. Luxemburgo quis mostrar que a direção trabalhou, escalando 3 reforços ao mesmo tempo, sem qualquer entrosamento. André Santos, Adriano e Hernán Barcos estavam totalmente perdidos no gramado, além de os 2 primeiros não mostrarem qualquer qualidade superior aos atletas substituídos (no caso Alex Telles e Fernando). Gostei da estreia de Barcos, homem de referência, que impõe respeito e deixa os defensores adversários sempre preocupados. Fez seu golzinho, convertendo pênalti já com o placar em 0-2, e agora faltam 24 gols para alcançar a marca que leva na camisa.

Taticamente, o time foi uma salada. Sem compactação, com os setores totalmente distantes um do outro. Adriano e Souza ficaram se batendo durante 45', até o ex-santista sair no intervalo. Enquanto isto, nenhum deles dava cobertura ao lado esquerdo da defesa, onde saiu a jogada do primeiro gol dos chilenos. Cris e Saimon, no miolo, foram desastrosos, assim como Elano, o pior em campo - não criou, não marcou, não correu, nada, nadinha... Bom, ao invés de ficar reativando minha úlcera falando dos que não foram, prefiro falar dos que foram, dos que fizeram, que foram os chilenos. Los Acereros marcaram, correram, deram a vida, que é o mínimo que a Copa exige. Quando precisaram mostrar qualidade, o veterano Francisco Arrué e o centroavante Braian Rodríguez apareceram muito bem. Gostei muito do toque de bola dos negriazules, bem ao estilo do futebol chileno, rápido e com grande objetividade - a eficácia lhes deu os 3 pontos, justíssimos.

Ao passo em que todos reclamam do estádio, nas questões internas, mas o que estava fora de campo prejudicou bem mais que o "estado do gramado". Como o Huachipato conseguiu tocar bola na Arena, como se estivesse em casa? Cara, eles estão na Libertadores, certamente méritos para isto eles tiveram, e, de fato, mostraram ainda ter. A Arena foi campo neutro. Isto é pontuável, juntamente com as dificuldades de acesso, a insistência das direções do Grêmio e da Arena Porto-Alegrense em impedir que a torcida mais participativa do Brasil ajude o time, relegando parte da torcida ao Nível 4, o mais distante do gramado, e, para outros setores, cobrando ingressos absurdos. O futebol moderno vem vitimando uma das torcidas mais contrárias a ele, triste ironia. Da forma como estão conjecturados os favores, os times adversários se sentirão super à vontade no estádio do Grêmio (sic), outrora uma das canchas mais temidas do continente.

Em outra oportunidade falarei sobra a figura do "10", que falta no time gremista. Sem ele, não há criatividade, não há o diferencial para que os atacantes saiam na cara do gol ou para que os ótimos terceiros homens de meio-campo cheguem como elementos-surpresa. Só que é possível vencer, ainda mais uma equipe inferior. Infelizmente o Grêmio esqueceu que era um jogo de Copa, jogando sem vontade, sem tesão, sem comer a grama, que é o mínimo que a torcida gremista exige do seu time ao disputar a Libertadores da América. Se não considerarmos o jogo contra a Liga de Quito, o Grêmio volta a receber e a ser derrotado por 1-2 por um time chileno na Libertadores. São 5 derrotas nos últimos 6 jogos (!!!!) de Copa. Amanhã o Fluminense é o adversário, talvez o time mais forte da competição. Uma derrota no Rio afunda o Grêmio, obrigando o time a obter 4 vitórias nos 4 jogos restantes. Na boa? Só nos resta torcer e rezar...

domingo, 10 de fevereiro de 2013

A Espanha é aqui

No ano passado houve uma polêmica gigantesca sobre a questão das cotas televisivas, e a ruptura da maioria dos clubes do Brasil com o (falecido) Clube dos 13. Muitas pessoas argumentavam que, de acordo com a divisão nem tão igual assim, o futebol brasileiro sofreria uma “espanholização”, aonde, teoricamente, 2 clubes – Corinthians e Flamengo – iriam se distanciar dos demais por ganharem mais grana da televisão, fruto do fato de ambos os clubes serem os de maior torcida no território nacional. Aqui no Rio Grande do Sul foi onde se deu uma das maiores “choradeiras” em relação a isto, logo aqui, onde temos o maior “teto de vidro” do Brasil...

Nos últimos 40 anos, apenas 2, sim, DOIS clubes que não fossem Grêmio e Internacional conseguiram ganhar o Campeonato Gaúcho, o Juventude, em 1998, e o Caxias, em 2000. O Alviverde caxiense, aliás, foi campeão da Copa do Brasil em 1999, e se manteve mais de 10 anos consecutivos na Série A do Brasileirão, enquanto o Grená quase subiu para a elite nacional em 2001 (em decisão pra lá de discutível, diga-se de passagem). Desde 1973, em apenas 15 anos os 2 primeiros colocados no Gauchão não foram Grêmio e Inter, ainda que, se formos pegar os modelos com finais, em apenas 7 oportunidades nos últimos 20 anos o campeonato foi decidido em Gre-Nal. Somente no ano passado 2 clubes do Interior decidiram um turno de Gauchão; na oportunidade o Caxias venceu o Novo Hamburgo.

Não consigo comparar por nomes de clubes com a Espanha, ou algo assim, mas vejo que o temor de alguns torcedores ao longo do Brasil já é uma realidade há décadas aqui no Rio Grande do Sul. Hoje ela é mais escancarada, com a Federação dando prioridade total aos clubes de Porto Alegre (os 2 que “importam”, claro), e deixando de lado o futebol do Interior, que mal tem um representante na Série C do futebol nacional, e os 2 “garantidos” (pelas vagas reservadas pela CBF) na Série D. Já existe pouco incentivo para os clubes crescerem no âmbito estadual, para esse desenvolvimento no âmbito nacional ele é praticamente inexistente. Nem ao menos ajuda política, como apontam o supracitado caso do Caxias, em 2001, e do Brasil de Pelotas, no ano passado. Se depender da FGF, Grêmio e Internacional se tornarão 2 dos maiores clubes do mundo, enquanto teremos apenas os tais “2 garantidos” na Série D do Brasil – para eles me parece excelente esta hipótese.

Ironicamente, acabei simpatizando com o clube do “chefe”, e que também não parece ganhar muita atenção do seu dono – a rede de lojas de itens musicais deve dar bem mais lucro que um clube de futebol. Aqui mesmo, no Vida Cancheira, acompanhamos alguns jogos do Esporte Clube São José, pelo Gauchão do ano passado, e minha presença no Passo d’Areia, que era eventual, vem se tornando freqüente. Em 2013 assisti a mais jogos do São José do que do próprio Grêmio, clube do qual sou sócio há quase 3 anos. E no final da tarde do sábado eu estava no primeiro e maior estádio com grama sintética do Brasil para mais um jogo do nosso Estadual. O Zequinha, chamado de “o mais simpático do Rio Grande”, é também o mais forte deste ano, enquanto líder de seu grupo, maior pontuador no geral, e único clube do Estado a levantar taça em 2013. Tudo bem, foi um torneio amistoso, a Copa Centenário, mas marcou a quebra de um período de 42 (!) anos sem ganhar sequer campeonato de par-ou-ímpar.

O jogo de ontem foi contra o Cerâmica, clube de Gravataí, cujo estádio fica a 20 minutos da minha casa, ainda mais próximo que o Passo d’Areia – o Vieirão é mais uma cancha que certamente visitarei neste Gauchão. Normalmente o público na cancha do São José se concentra nas sociais, onde normalmente me posiciono, e atrás da goleira da direita, a única que tem arquibancadas e onde fica a barra do Zequinha, Os Farrapos, que costumam fazer um barulho bacana, apesar de serem pouco mais de uma dúzia por jogo. Do outro lado, nem uma alma sequer, nem para resgatar uma eventual bola que seja chutada para aquele setor. Assim como no domingo passado, havia um contingente interessante de torcedores adversários – na outra oportunidade era uma galera muito animada que veio de Passo Fundo –, com trapos e quase todos com camisas do Cerâmica, coisa não muito comum nas arquibancadas do São José, de quem a grande maioria é apenas simpatizante. Afinal, não era o clube “mais simpático do Rio Grande”?

Entre os 2 jogos, contra Passo Fundo e Cerâmica, estive nas arquibancadas do velho Olímpico Monumental, para assistir à estreia dos titulares gremistas no certame, contra o até então invicto e INVIOLADO São José. Naquela tarde/noite ficou ainda mais nítido que, se a dupla Gre-Nal levar a sério o campeonato, dificilmente será vencida. Muitas vezes vemos o Campeonato Espanhol com Real Madrid e Barcelona abrindo dezenas de pontos de vantagem sobre os demais, com menos de 5 (!) derrotas ao longo de uma liga com 34 jogos, e isto só não acontece aqui, porque muitas vezes os “grandes” da Capital ignoram o “charmoso” Gauchão, como diria um famoso locutor da Província. Quando jogam às ganhas, placares como o 5-1 do Grêmio sobre o São José e o 3-0 do Inter em cima do Pelotas (fora o baile) se tornam comuns, e algo diferente disto, como na estreia dos titulares colorados, no empate sem gols contra o Novo Hamburgo, é considerado uma zebra.

O que acontece hoje aqui no Rio Grande do Sul, é uma amostra do que muitos pensam que pode acontecer no Brasil em um médio-prazo. São 12 campeonatos sem que Inter ou Grêmio seja o campeão, e infelizmente isto não é um absurdo. Como eu dizia anteriormente, não existe qualquer incentivo para os clubes do Interior, nadinha de nada. Sei lá, eu não consigo mensurar quantos torcedores haviam neste último jogo, e não sei se chegou ao milhar a quantidade de gente nos jogos contra Passo Fundo e Cerâmica. Isto é uma tendência na grande maioria dos clubes do Interior, e em todos da Região Metropolitana, onde é difícil encontrar alguém que seja torcedor apenas de Novo Hamburgo, Aimoré, Cruzeiro, entre outros. Caxias do Sul e Pelotas são locais de resistência, onde existem torcidas fortes e presentes às canchas destas cidades.

Eu defendo que a dupla Gre-Nal deveria ser retirada do Gauchão. O torneio não se tornará menos atrativo sem Grêmio e Inter, visto os públicos ridículos que eles levam aos seus estádios, e cada vez menos pessoas vão os ver nos campos do Interior. A cota televisiva da dupla poderia ser dividida entre os demais clubes, que fariam reforços nos seus elencos, ainda teriam seus jogos televisionados, e a chance real de título – que, convenhamos, hoje em dia é inócua – atrairia mais adeptos aos estádios. Dinheiro chama dinheiro: com maior grana da TV, os times seriam melhores, angariariam mais renda nos estádios, e as premiações por títulos acabariam tornando o crescimento dos clubes uma coisa natural. Não vou me aprofundar, mas é só pegar o exemplo de Santa Catarina, onde até ontem a Chapecoense não era nada, e uma sequência de bons Estaduais a catapultou à Série B do Brasileirão.

Para não dizer que não falei das flores, o jogo entre São José e Cerâmica foi um desastre. Não tivemos mais de 5 lances dignos de nota, e a única ocorrência foi a expulsão do bom volante e capitão do Zequinha Willian Paulista. Aliás, Willian estava jogando com a camisa 100, por alguma razão que não sei explicar, se pelo centenário do clube, ou pelo nº de jogos (o que acho improvável). O jogo foi tão bom, que fiquei o 2º tempo inteiro conversando com um senhor de 81 anos chamado Cândido, aposentado do Exército de um forte sotaque carioca, que me contou ter jogado em clubes como Flamengo e Botafogo entre 1948 e 1954, além de ter histórias sensacionais da sua carreira na Marinha. Espero encontrá-lo mais vezes no, assim como ele, seu Cândido, simpático Passo d’Areia.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Galácticos do Humaitá

Antes de mais nada é importante destacar a volta da equipe Vida Cancheira aos gramados virtuais, movimentando este espaço que foi utilizado até meados do ano passado, ficou guardado com carinho e volta a ser útil para que nossas análises futebolísticas, entre outras. Deixamos o domínio ".com.br", por questões administrativas, mas mesmo por aqui tentaremos ser o mais dedicados possível para levar nossas visões e opiniões aos leitores que nos acompanham desde setembro de 2011.

Fiquei de acompanhar e cobrir para o blog o confronto do Grêmio contra a Liga de Quito, pela fase preliminar da Copa Libertadores da América. Até então, poucas emoções na pré-temporada gremista, que era de um marasmo de dar dó, onde pouca gente chegava, as negociações aqueciam e esfriavam em ritmo nada empolgante, e tudo dava a entender que o Grêmio enfrentaria seus 2 jogos na Copa praticamente com o mesmo time de 2012. Os reforços até a virada do ano eram Dida, veterano goleiro de 40 (!) anos, contratado junto a Portuguesa (!!), e Willian José, promissor (?) centroavante do São Paulo, além do pacotão dos garotos do Juventude Follmann (goleiro), Bressan (zagueiro), Alex Telles (lateral-esquerdo), Ramiro (volante) e Paulinho (atacante). Na primeira semana deste ano chegou mais um veterano, Cris, zagueiro de 35 anos que estava no futebol turco.

O clube esteve envolvido em uma novela interminável contra o São Paulo para trazer o atacante chileno Eduardo Vargas, do Napoli. Às vésperas da estreia gremista na Libertadores foi confirmada a contratação do avante que se consagrou jogando pela Universidad de Chile, em 2011. Pouco antes, havia sido trazido o jovem Jean Deretti, meio-campista do Figueirense - em troca, Felipe Nunes, Maylson e Willian Magrão foram para o Furacão do Estreito. A gestão Fábio Koff, até este momento, era muito criticada, e o principal alvo dos ataques era Rui Costa, executivo de futebol que passou pela gestão Duda Kroeff no segundo semestre de 2010 (juntamente com o excelente Alberto Guerra). Taxado de devagar, inclusive por este blogueiro, Rui preferiu trabalhar quietinho, principalmente depois que o assessor da presidência Omar Selaimen (who?) pediu as contas.

Isto que nem estou contando as vitórias nas negociações com Santos e Porto para manter Pará e Souza no elenco - ambos foram contratados em definitivo. Enquanto isto, o time treinava na altitude de Quito, buscando a sonhada adaptação as condições do centro do mundo para passar pela Liga Deportiva Universitária local. A (só aqui no Brasil) chamada pré-Libertadores reservou emoções além da conta para a torcida Tricolor. No primeiro jogo, o Grêmio deixou de matar o confronto por ironia do destino e falta de capricho e incompetência dos seus atacantes. Derrota por 1-0, gol sofrido no lance seguinte à lesão de Dida. A volta era nada menos que a primeira partida oficial disputada na nova Arena do Grêmio, e tudo já foi dissecado sobre o teste para cardíacos em que quase 8 milhões de torcedores foram aprovados, com louvor.

Não sei se o susto acordou a diretoria, sinceramente. O que se viu na semana seguinte a classificação foi uma verdadeira blitzkrieg do Grêmio no mercado: foram trazidos Adriano, volante do Santos, Welliton, atacante do Spartak Moskow/RUS (e que jogou demais pelo Goiás), e Hernán Barcos, do Palmeiras, todos dispensando maiores apresentações. Se pegarmos os nomes ventilados pela imprensa, incluindo na conta o bizarro caso de Enrico Cabrito e os nomes trazidos desde o final do ano passado, o balanço é de lucro absoluto para a direção gremista, vejam:

ESPECULADOS:
Diego Lugano, Anderson Polga, Antolín Alcaráz, Wellington Silva, João Filipe, Montillo, Éder Luís, Carlos Eduardo, Sebastián Coates, Fabián Balbuena, Emiliano Insúa e Jonas.


VIERAM:
Souza, Pará, Dida, Willian José, Cris, Jean Deretti, Eduardo Vargas, Welliton, Adriano, Hernán Barcos e André Santos.

Nem contei as bombas das quais o Grêmio se livrou. Aliás, contarei agora:

SAIRAM:
Gilberto Silva, Júlio César, Naldo, Pablo, Anderson Pico, Edílson, Gabriel, Marquinhos, André Lima e Vílson.

Alguns jogadores foram emprestados, como Leandro, Rondinelly e Léo Gago, na negociação com o Palmeiras para a vinda de Hernán Barcos, e, das saídas, a única discutível foi a do ótimo Júlio César, que acabou se transferindo para o Botafogo. Nada que fosse tão relevante assim. Bom, utilizei no título a expressão "Galácticos do Humaitá", claramente em alusão aos Galácticos do Real Madrid, que estão em sua 2º geração, mas que em 2000/2001 (biênio de times estrelares também no Tricolor gaúcho) arrebentou com o mercado de transferências. Tenho certeza que Fábio Koff está assumindo o papel de um Florentino Pérez - montando um time fortíssimo no ataque e deixando lacunas importantes em outros setores. Vanderlei Luxemburgo - que treinou o time espanhol no hiato entre os esquadrões - ganha bem até demais para ajeitar esta casa, já que material humano para fazer o time jogar da forma que ele, Luxa, gosta, tem de sobra.

Permito me colocar no lugar do "profexô", sem ganhar um tostão para isto, e fazer um pequeno exercício de imaginação. O que Luxemburgo pode fazer com um elenco tão recheado de alternativas ofensivas? Acredito que nem ele saiba ainda, podendo ter mais um ótimo "problema" à disposição, que é o lateral-esquerdo André Santos, que está chegando do Arsenal/ING. Eu pensei no assunto ontem, inclusive conversei com alguns amigos sobre e fiquei de dissertar, antes mesmo de explodir essa bomba da contratação de Barcos. Minha ideia inicial era claramente inspirada no Boca Juniors na década passada, que jogava em um 4-1-2-1-2, com um cabeça de área e um enganche bem definidos, além dos tradicionais carrilleros que apoiariam os laterais. Algo mais ou menos assim:


Utilizaria Elano e Zé Roberto como homens de 2ª função no meio-campo, não exigindo deles grandes avanços, muitas vezes fazendo com que eles joguem atrás da linha da bola, o que já acontece no 4-2-2-2 atual, e soltaria Facundo Bertoglio (uma vez se recuperando, de fato), Eduardo Vargas e Welliton, 3 jogadores de muita qualidade, velocidade e incisão, os chamados rompedores. Não podendo contar com o argentino, eu tentaria Jean Deretti, que até quando entrou contra a Liga de Quito mostrou virtudes interessantíssimas. Mal sonhava este blogueiro que a sexta movimentaria ainda mais o mercado... Então, já com Hernán Barcos e André Santos, creio que o melhor esquema tático seja o atual, com algumas mudanças de nomes, claro:


Vejam que a estrutura é a mesma, com alguns ajustes: Cris passaria a ser uma espécie de líbero, e Pará um lateral-base, até porque as melhores (?) características de André Santos são todas ofensivas. Adriano seria o volante responsável por cobrir o lado esquerdo, e Souza faria o lado direito, sem precisar se prender tanto. Zé Roberto pode ser um articulador mais recuado, posicionado à esquerda, explorando sua característica de pensar e organizar o jogo, e "fazendo" André Santos jogar. Assim Elano fica com mais liberdade para encostar nos atacantes, e eventualmente abrir para a direita, uma vez que sua condição física não é a mesma de 2010, por exemplo. Lembrando que são apenas esboços, sem grande aprofundamento ou sugestão de movimentação, mas creio que se possa ter uma ideia do que fazer.

Depois de muitos anos, o Grêmio tem opções de sobra, ofensivamente falando. Sequer toquei nos nomes de Kléber e Marcelo Moreno neste post, que formavam a dupla de ataque intocável do Tricolor na temporada 2012. Convido os leitores, neste reencontro, a sugerirem alternativas para montar este Grêmio, que, já na próxima quinta-feira, às 19h45, segue sua caminhada rumo ao Tri da América, recebendo o Huachipato/CHI. O Vida Cancheira estará na Arena do Grêmio para mais uma amostra do que os Galácticos do Humaitá são capazes. E sejam bem-vindos de volta!