sábado, 23 de fevereiro de 2013

Internacional... Antes do GRENAL - 396

Dunga é certamente a melhor contratação feita pelo Inter para a temporada 2013. O treinador é disciplinador, não tem papas na linguá e conhece como poucos o clima de vestiário. Neste começo de trabalho com os titulares o colorado saiu-se bem, mostrando força na marcação, troca rápida de passes e uma curiosidade nada comum para os dias de hoje: Ambos os laterias sobem.

Paulo Paixão se equipara a Dunga em termos de acerto de contratação esbanjando competência. Agora falando da boleirada: Gabriel mostrou serviço mas até quando vai continuar neste pique? Caio ainda não estreou e Vitor Junior deu pequena amostra até agora nas oportunidades que recebeu. Mas nada é definitivo o trabalho ainda está sendo desenvolvido. Gilberto não foi bem desde a sua volta do Sport, Juan não mostra confiança pois lesiona-se com frequência.

Já no outro lado da moeda Fabrício vem fazendo um ótimo inicio temporada assim como D´Alessandro que dispensa comentários sendo o maestro do time e mostrando que é ´um camisa 10 para ser lembrado durante muito tempo aqui no futebol gaúcho. Willians mostrou ser um reforço com seu poder de marcação e Fred tanto na segunda volancia como sendo terceiro homem do meio campo revelou amadurecimento em muitos quesitos. Damião parece que acabou com a sua urucubaca e Forlán ta demostrando recuperação daquele jogador inteligente, técnico e acima da média que era.

Portanto o colorado está no rumo certo mas necessita de reforços a começar por um segundo atacante, um meia de criação e um zagueiro de confiança. Hoje o Inter tem um time razoável do meio para trás em compensação é para ser uma maquina do meio pra frente, afinal tem um maestro argentino, um craque uruguaio e um artilheiro nato. Porém o elenco do Inter hoje é fraco pois os reservas são muito distantes tecnicamente dos titulares. Enfim que amanhã tenhamos um bom GRENAL, acima de tudo sem violência e que demostremos civilidade.

Barbárie!

Infelizmente neste episodio triste do jogo entre San Jose e Corinthias com a morte de um jovem de 14 anos vitima fatal de um MORTEIRO lançado por um marginal transvestido de torcedor deveria ser usado como divisor de águas mas não creio nessa tendencia.

O time paulista foi severamente punido pela COMMEBOL, sem torcida o Corinthias ficará sem receita, os números podem chegar a 15 milhões de reais. Mas isso trará de volta para os braços da famila o garoto boliviano novamente? O pior é que em NADA mudará a organização falha e ultrapassada da COMMEBOL responsável pela organização da competição. Triste por está entidade que deveria atuar de forma seria e PROFISSIONAL. Infelizmente a COMMEBOL está parada nos 80 onde era tudo a BANGU.

Deveriam usar esse triste fato para mudar a fiscalização nos estadios tanto em Oruru, Montevidel, Rio de Janeiro ou Buenos Aires. Não importa! Pois esses fatos não podem se repetir. Considera-se isso uma barbárie a morte do garoto boliviano, uma falta de civilidade e uma insensatez sem precedentes. Imagina se fosse alguém próximo? Um irmão? Um filho ou amigo que não voltará mais para casa pelo ato besta de um marginal.

Portanto devemos refletir e agir racionalmente, sim digo NÓS pois a COMMEBOL nada se pode esperar desta entidade pobre de espirito, amadora e totalmente despreparada ou organizada. Estamos em
pleno 2013 e só agora aprovaram a suspensão por 3 cartões amarelos. O que esperar de um entidade assim? Sinto tristeza pela família e pelo esporte que perde.

Das reviravoltas da vida

Copa Libertadores da América, 2ª fase, 2ª rodada. Fluminense 0-3 Grêmio, 20.02.2013, Engenhão (Rio de Janeiro/RJ).
Que troço absurdo que é esse tal de futebol. Um time totalmente bagunçado na quinta-feira chega na quarta e, como em passe de mágica, adquire entrosamento, ganas de ganhar, alia a grande qualidade a um ímpeto que eu não lembrava ter visto antes. Dificilmente um resultado como este que você vê ali acima acontece em confrontos entre equipes da mesma grandeza técnica. Muito menos uma vitória deste tamanho na casa do adversário. Menos ainda em um jogo de Copa. O Grêmio me surpreendeu, calou minha boca e reacendeu a esperança no sofrido torcedor gremista, que parecia ter jogado a toalha após a derrota para o Huachipato. O mesmo time chileno (troque 2 letras e você terá o verdadeiro adjetivo do time) que conseguiu a proeza de levar 1-3 do Caracas, em casa, e ressucitou venezuelanos e gaúchos no Grupo 8 do certame copeiro. Agora todo mundo tem 3 pontos, só os visitantes venceram e a próxima rodada promete, com o Grêmio recebendo o Caracas, e com Huachipato e Fluminense, no Chile.

Tivemos uma semana tensa no time que vem alternando entre Humaitá e Azenha. Muitas explicações para a derrota na Libertadores na quinta anterior e a atuação insuficiente no domingo pelo Gauchão. Minha ideia era que o Grêmio havia tirado o pé contra o Veranópolis para chegar voando contra o Fluminense, enquanto os cariocas vem se matando em seu Estadual. Deu certo. Qualidade, quando chama qualidade, dá jogo. O Grêmio provou que não precisa parir uma bigorna por jogo para ganhar na Copa. Dá para ser campeão jogando, dominando o adversário. O Grêmio jogou, dominou, amassou, destroçou o atual campeão brasileiro. Em um primeiro momento não há como dominar a euforia; depois chega a dar pena do Fluminense, que não conseguiu jogar, não conseguiu impedir o Grêmio de jogar, não conseguiu nada. Se bem que, dos brasileiros, sempre considerei o Fluminense o clube mais fácil de se encarar em uma Copa. Clube sem camisa, sem torcida, sem tradição, sem nada, além de ser um dos maiores filhos do Grêmio.

Desde o apito inicial de Paulo César de Oliveira percebia-se que as coisas seriam diferentes. Se viu um time muito bem compactado, com as linhas muito próximas e se movimentando, totalmente diferente do time estático da quinta-feira anterior. Cris e André Santos, com melhor ritmo de jogo, renderam muito melhor. O zagueiro, que incorporou um xerifão, foi perfeito, anulando Fred (que só pega motoqueira...), intimidando o arisco Wellington Nem e baixando a ripa quando necessário. Bom, qualquer coisa que o defensor fizesse melhor que apenas sair do chão, coisa que ele não conseguiu contra o Huachipato, já seria lucro total. Tudo foi lucro. A nação tricolor incorporou um espírito de sangue-doce que não tinha nada a ver com aquela torcida que já acreditou em uma reversão de 4 gols contra o Boca Juniors, entre outras. O gremista se tornou um cara cético. Tanto é que, passada a euforia do jogo, o que mais se viu foram comentários "na defensiva", o que acho louvável. Um time de futebol deve sempre estar sob desconfiança.

Porque este Grêmio de Vanderlei Luxemburgo sempre quando esteve sob desconfiança deu respostas boas, mesmo que os resultados não fossem os ideais ou desejados. O problema sempre foi nas horas "cabais", com um nível de empolgação, favoritismo ou confiança elevados, quando algo acontecia e o time desandava, sobretudo em casa. Mantenham o pé atrás com o time, torcedor gremista. Se o time meter 3 ou 4 no Gre-Nal de amanhã, sem desespero. O gremista precisa aprender que só está ganho quando a taça está no armário, e faz muito tempo que isto não acontece. Parece que este ano vai, o grupo é excelente (o melhor nos últimos 10 anos), e o time parece que vai se acertar por osmose. Só isto não é o suficiente. Por mais que o time esteja um "cano", o torcedor vai precisar gastar sua voz, empurrar, para que não tenhamos um time auto-suficiente. Times auto-suficientes, como o do ano passado, sempre caem do cavalo. Não importa se no Olímpico ou no Teatro na Arena, o Grêmio vai ter que entrar em campo contra o Caracas tendo que "provar o contrário". Se fizer isto até o final da Copa, o Tri estará próximo.

(não queria falar em atuações específicas, mas como falei em Cris e André Santos, devo falar de Fernando. Impressionante o que o guri de Erechim jogou, ele simplesmente foi o dono da meia-cancha gremista, desarmando, armando, não errando passes, me surpreendeu muito, uma vez que sou um dos seus maiores críticos. A atuação de Abel Braga também foi determinante - atuou como Luxemburgo na quinta anterior, escalando mal, mexendo pior ainda e não dando qualquer consistência tática ao ótimo time do Fluminense. Passou pelo técnico a derrota do Tricolor das Laranjeiras. Do argentino Hernán Barcos, só tenho isto a dizer: <o/)

Porto Alegre de Açúcar

Depois de algum tempo afastado das redações deste blog que tanto me orgulho, venho tocar em um assunto que não pode passar batido. Como titulo desta cronica elaboro uma pergunta simples: Até quando teremos uma Porto Alegre de Açúcar? Pois não é a primeira vez que chove nesta intensidade na capital de todos os Gaúchos e acontece a mesma coisa... A cidade para, sinaleiras não funcionam, as ruas parecem rios e a cidade fica literalmente no caos.

O prefeito Fortunati ficou impressionado com o aqueduto de 59 MILHÕES de reais que não serviu pra necas de Pitibiriba. Entendo que hoje Porto Alegre vive em um canteiro de obras para novas vias de locomoção como a Avenida tronco, os Viadutos e melhorias para a cidade. Mas este episodio não pode ficar fora de pauta. A Nilo Peçanha estava irreconhecível, Assis Brasil nem se fala e fora que TODOS os carros e Ônibus não andavam. Porto Alegre parou!

Fui na minha bela dentista ali na Azenha, depois do tratamento maldito fui recompensado com o belo sorriso da doutora, de traços finos e olhar forte. Saí do consultório rumo ao centro e demorei incríveis 1 hora e dez minutos. Pois os corredores os ônibus não andavam, no meu caso estava no viaduto e o motorista não podia abrir a porta, via muitas pessoas indo caminhando e muitas outras perguntando o que estava acontecendo.

Portanto estamos a beira de uma Copa do Mundo e se chover assim nesta intensidade? Com que cara ficaremos perante o mundo? O prefeito Fortunati tem o dever de rever estes conceitos de esgotos e afins pois é algo PRIMÁRIO em termos de infraestrutura para uma cidade como Porto Alegre. Conheço as dificuldades de um politico nesta capital maniqueísta em que vivemos. Ainda esperamos a tal revitalização do Porto que não saí por pura birra, o Aeromóvel então é mais indignante ainda e sem nem mencionar a duplicação da Edvaldo Paiva onde pessoas protestaram em favor das arvores. Se faz obras criticam e se não faz também criticam... Afinal Porto Alegre não é de açúcar é Maniqueísta. Simples assim. 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

3 em 5

Uma verdadeira overdose de Grêmio na semana que se passou. A que estamos vivendo promete, com momentos de alta tensão e, desde já, grande ansiedade devido aos jogos importantíssimos que vem pela frente. Voltando um pouco no tempo, tivemos 3 jogos: 2 pelo Gauchão e o outro pela Copa Libertadores. O Grêmio escapou de um fiasco no âmbito doméstico, em compensação pagou um king-kong para toda a América ver.
 
Campeonato Gaúcho 2013, Taça Piratini (1º turno), 3ª e 8ª rodadas.Grêmio 5-0 Santa Cruz, 13.02.2013 | Grêmio 1-0 Veranópolis, 17.02.2013 (ambos no Olímpico Monumental).
Começando com os menos repercutidos dos jogos. Na quarta-feira, o time misto/reserva do Grêmio recebeu o Galo do Vale do Taquari e abusou. Usou e abusou. Fez 5, podendo ter feito 6, 7, 8... O time era tão alternativo, que sequer o técnico foi Vanderlei Luxemburgo - Roger Machado comandou a equipe. Ótimas atuações de Facundo Bertoglio e Guilherme Biteco, este improvisado na ala-esquerda. A atuação na etapa inicial não foi mais que regular, chegando a correr alguns riscos, mas mesmo assim Werley abriu o placar no final do primeiro tempo. O segundo tempo foi avassalador. Depois de levar uma bola no poste, Bertoglio fez 2 gols em 2 minutos, matando o ímpeto do Santa Cruz. O argentino ainda daria assistência e sofreria pênalti, para os 2 gols de Willian José. Devo dizer que o 3-5-2 armado por Roger, até de maneira emergencial, deu certo. Os alas Guilherme Biteco e Tony tiveram grandes participações ofensivas, assim como o armador Jean Deretti - que inexplicavelmente está relegado ao time de aspirantes, mesmo inscrito na Copa Libertadores.

O jogo que garantiu a classificação gremista às quartas-de-final da Taça Piratini também definiu que teremos um Gre-Nal no próximo domingo. O jogo foi confirmado para o estádio Centenário, em Caxias do Sul, às 16hs. Os titulares, de castigo pela derrota contra o Huachipato, foram buscar entrosamento sob um calor escaldante que assolou a Capital do Rio Grande do Sul. O jogo foi devagar, com 2 pausas ao longo do jogo para reidratação dos atletas. Werley fez o gol da vitória, ainda no 1º tempo, e tivemos poucas chances de gol. Ao menos o time foi bem defensivamente, sem ser ameaçado. Dida voltou ao arco gremista e fez uma boa intervenção na etapa final, nada além disto. Eduardo Vargas e Welliton mostraram que o time realmente precisa de um homem de referência - Welliton nesta função é menos jogador que Hernán Barcos e Marcelo Moreno. O ataque contando com um chileno, um boliviano e um argentino teve pouco tempo para jogar, mas para jogos mais encrespados poderia ser uma alternativa, caso Bertoglio estivesse inscrito em La Copa.

Copa Libertadores da América, 2ª fase, 1ª rodada. Grêmio 1-2 Huachipato/CHI, 14.02.2013, Arena Porto-Alegrense.
Porque na Copa, amigos, na Copa o bicho pegou. O Teatro A Arena Porto-Alegrense viu um dos piores jogos do Grêmio na história da Libertadores da América. Eu, pelo menos, vi poucos jogos tão ruins com meus próprios olhos - e esta é minha 3ª Libertadores como frequentador de todos os jogos em Porto Alegre. Luxemburgo quis mostrar que a direção trabalhou, escalando 3 reforços ao mesmo tempo, sem qualquer entrosamento. André Santos, Adriano e Hernán Barcos estavam totalmente perdidos no gramado, além de os 2 primeiros não mostrarem qualquer qualidade superior aos atletas substituídos (no caso Alex Telles e Fernando). Gostei da estreia de Barcos, homem de referência, que impõe respeito e deixa os defensores adversários sempre preocupados. Fez seu golzinho, convertendo pênalti já com o placar em 0-2, e agora faltam 24 gols para alcançar a marca que leva na camisa.

Taticamente, o time foi uma salada. Sem compactação, com os setores totalmente distantes um do outro. Adriano e Souza ficaram se batendo durante 45', até o ex-santista sair no intervalo. Enquanto isto, nenhum deles dava cobertura ao lado esquerdo da defesa, onde saiu a jogada do primeiro gol dos chilenos. Cris e Saimon, no miolo, foram desastrosos, assim como Elano, o pior em campo - não criou, não marcou, não correu, nada, nadinha... Bom, ao invés de ficar reativando minha úlcera falando dos que não foram, prefiro falar dos que foram, dos que fizeram, que foram os chilenos. Los Acereros marcaram, correram, deram a vida, que é o mínimo que a Copa exige. Quando precisaram mostrar qualidade, o veterano Francisco Arrué e o centroavante Braian Rodríguez apareceram muito bem. Gostei muito do toque de bola dos negriazules, bem ao estilo do futebol chileno, rápido e com grande objetividade - a eficácia lhes deu os 3 pontos, justíssimos.

Ao passo em que todos reclamam do estádio, nas questões internas, mas o que estava fora de campo prejudicou bem mais que o "estado do gramado". Como o Huachipato conseguiu tocar bola na Arena, como se estivesse em casa? Cara, eles estão na Libertadores, certamente méritos para isto eles tiveram, e, de fato, mostraram ainda ter. A Arena foi campo neutro. Isto é pontuável, juntamente com as dificuldades de acesso, a insistência das direções do Grêmio e da Arena Porto-Alegrense em impedir que a torcida mais participativa do Brasil ajude o time, relegando parte da torcida ao Nível 4, o mais distante do gramado, e, para outros setores, cobrando ingressos absurdos. O futebol moderno vem vitimando uma das torcidas mais contrárias a ele, triste ironia. Da forma como estão conjecturados os favores, os times adversários se sentirão super à vontade no estádio do Grêmio (sic), outrora uma das canchas mais temidas do continente.

Em outra oportunidade falarei sobra a figura do "10", que falta no time gremista. Sem ele, não há criatividade, não há o diferencial para que os atacantes saiam na cara do gol ou para que os ótimos terceiros homens de meio-campo cheguem como elementos-surpresa. Só que é possível vencer, ainda mais uma equipe inferior. Infelizmente o Grêmio esqueceu que era um jogo de Copa, jogando sem vontade, sem tesão, sem comer a grama, que é o mínimo que a torcida gremista exige do seu time ao disputar a Libertadores da América. Se não considerarmos o jogo contra a Liga de Quito, o Grêmio volta a receber e a ser derrotado por 1-2 por um time chileno na Libertadores. São 5 derrotas nos últimos 6 jogos (!!!!) de Copa. Amanhã o Fluminense é o adversário, talvez o time mais forte da competição. Uma derrota no Rio afunda o Grêmio, obrigando o time a obter 4 vitórias nos 4 jogos restantes. Na boa? Só nos resta torcer e rezar...

domingo, 10 de fevereiro de 2013

A Espanha é aqui

No ano passado houve uma polêmica gigantesca sobre a questão das cotas televisivas, e a ruptura da maioria dos clubes do Brasil com o (falecido) Clube dos 13. Muitas pessoas argumentavam que, de acordo com a divisão nem tão igual assim, o futebol brasileiro sofreria uma “espanholização”, aonde, teoricamente, 2 clubes – Corinthians e Flamengo – iriam se distanciar dos demais por ganharem mais grana da televisão, fruto do fato de ambos os clubes serem os de maior torcida no território nacional. Aqui no Rio Grande do Sul foi onde se deu uma das maiores “choradeiras” em relação a isto, logo aqui, onde temos o maior “teto de vidro” do Brasil...

Nos últimos 40 anos, apenas 2, sim, DOIS clubes que não fossem Grêmio e Internacional conseguiram ganhar o Campeonato Gaúcho, o Juventude, em 1998, e o Caxias, em 2000. O Alviverde caxiense, aliás, foi campeão da Copa do Brasil em 1999, e se manteve mais de 10 anos consecutivos na Série A do Brasileirão, enquanto o Grená quase subiu para a elite nacional em 2001 (em decisão pra lá de discutível, diga-se de passagem). Desde 1973, em apenas 15 anos os 2 primeiros colocados no Gauchão não foram Grêmio e Inter, ainda que, se formos pegar os modelos com finais, em apenas 7 oportunidades nos últimos 20 anos o campeonato foi decidido em Gre-Nal. Somente no ano passado 2 clubes do Interior decidiram um turno de Gauchão; na oportunidade o Caxias venceu o Novo Hamburgo.

Não consigo comparar por nomes de clubes com a Espanha, ou algo assim, mas vejo que o temor de alguns torcedores ao longo do Brasil já é uma realidade há décadas aqui no Rio Grande do Sul. Hoje ela é mais escancarada, com a Federação dando prioridade total aos clubes de Porto Alegre (os 2 que “importam”, claro), e deixando de lado o futebol do Interior, que mal tem um representante na Série C do futebol nacional, e os 2 “garantidos” (pelas vagas reservadas pela CBF) na Série D. Já existe pouco incentivo para os clubes crescerem no âmbito estadual, para esse desenvolvimento no âmbito nacional ele é praticamente inexistente. Nem ao menos ajuda política, como apontam o supracitado caso do Caxias, em 2001, e do Brasil de Pelotas, no ano passado. Se depender da FGF, Grêmio e Internacional se tornarão 2 dos maiores clubes do mundo, enquanto teremos apenas os tais “2 garantidos” na Série D do Brasil – para eles me parece excelente esta hipótese.

Ironicamente, acabei simpatizando com o clube do “chefe”, e que também não parece ganhar muita atenção do seu dono – a rede de lojas de itens musicais deve dar bem mais lucro que um clube de futebol. Aqui mesmo, no Vida Cancheira, acompanhamos alguns jogos do Esporte Clube São José, pelo Gauchão do ano passado, e minha presença no Passo d’Areia, que era eventual, vem se tornando freqüente. Em 2013 assisti a mais jogos do São José do que do próprio Grêmio, clube do qual sou sócio há quase 3 anos. E no final da tarde do sábado eu estava no primeiro e maior estádio com grama sintética do Brasil para mais um jogo do nosso Estadual. O Zequinha, chamado de “o mais simpático do Rio Grande”, é também o mais forte deste ano, enquanto líder de seu grupo, maior pontuador no geral, e único clube do Estado a levantar taça em 2013. Tudo bem, foi um torneio amistoso, a Copa Centenário, mas marcou a quebra de um período de 42 (!) anos sem ganhar sequer campeonato de par-ou-ímpar.

O jogo de ontem foi contra o Cerâmica, clube de Gravataí, cujo estádio fica a 20 minutos da minha casa, ainda mais próximo que o Passo d’Areia – o Vieirão é mais uma cancha que certamente visitarei neste Gauchão. Normalmente o público na cancha do São José se concentra nas sociais, onde normalmente me posiciono, e atrás da goleira da direita, a única que tem arquibancadas e onde fica a barra do Zequinha, Os Farrapos, que costumam fazer um barulho bacana, apesar de serem pouco mais de uma dúzia por jogo. Do outro lado, nem uma alma sequer, nem para resgatar uma eventual bola que seja chutada para aquele setor. Assim como no domingo passado, havia um contingente interessante de torcedores adversários – na outra oportunidade era uma galera muito animada que veio de Passo Fundo –, com trapos e quase todos com camisas do Cerâmica, coisa não muito comum nas arquibancadas do São José, de quem a grande maioria é apenas simpatizante. Afinal, não era o clube “mais simpático do Rio Grande”?

Entre os 2 jogos, contra Passo Fundo e Cerâmica, estive nas arquibancadas do velho Olímpico Monumental, para assistir à estreia dos titulares gremistas no certame, contra o até então invicto e INVIOLADO São José. Naquela tarde/noite ficou ainda mais nítido que, se a dupla Gre-Nal levar a sério o campeonato, dificilmente será vencida. Muitas vezes vemos o Campeonato Espanhol com Real Madrid e Barcelona abrindo dezenas de pontos de vantagem sobre os demais, com menos de 5 (!) derrotas ao longo de uma liga com 34 jogos, e isto só não acontece aqui, porque muitas vezes os “grandes” da Capital ignoram o “charmoso” Gauchão, como diria um famoso locutor da Província. Quando jogam às ganhas, placares como o 5-1 do Grêmio sobre o São José e o 3-0 do Inter em cima do Pelotas (fora o baile) se tornam comuns, e algo diferente disto, como na estreia dos titulares colorados, no empate sem gols contra o Novo Hamburgo, é considerado uma zebra.

O que acontece hoje aqui no Rio Grande do Sul, é uma amostra do que muitos pensam que pode acontecer no Brasil em um médio-prazo. São 12 campeonatos sem que Inter ou Grêmio seja o campeão, e infelizmente isto não é um absurdo. Como eu dizia anteriormente, não existe qualquer incentivo para os clubes do Interior, nadinha de nada. Sei lá, eu não consigo mensurar quantos torcedores haviam neste último jogo, e não sei se chegou ao milhar a quantidade de gente nos jogos contra Passo Fundo e Cerâmica. Isto é uma tendência na grande maioria dos clubes do Interior, e em todos da Região Metropolitana, onde é difícil encontrar alguém que seja torcedor apenas de Novo Hamburgo, Aimoré, Cruzeiro, entre outros. Caxias do Sul e Pelotas são locais de resistência, onde existem torcidas fortes e presentes às canchas destas cidades.

Eu defendo que a dupla Gre-Nal deveria ser retirada do Gauchão. O torneio não se tornará menos atrativo sem Grêmio e Inter, visto os públicos ridículos que eles levam aos seus estádios, e cada vez menos pessoas vão os ver nos campos do Interior. A cota televisiva da dupla poderia ser dividida entre os demais clubes, que fariam reforços nos seus elencos, ainda teriam seus jogos televisionados, e a chance real de título – que, convenhamos, hoje em dia é inócua – atrairia mais adeptos aos estádios. Dinheiro chama dinheiro: com maior grana da TV, os times seriam melhores, angariariam mais renda nos estádios, e as premiações por títulos acabariam tornando o crescimento dos clubes uma coisa natural. Não vou me aprofundar, mas é só pegar o exemplo de Santa Catarina, onde até ontem a Chapecoense não era nada, e uma sequência de bons Estaduais a catapultou à Série B do Brasileirão.

Para não dizer que não falei das flores, o jogo entre São José e Cerâmica foi um desastre. Não tivemos mais de 5 lances dignos de nota, e a única ocorrência foi a expulsão do bom volante e capitão do Zequinha Willian Paulista. Aliás, Willian estava jogando com a camisa 100, por alguma razão que não sei explicar, se pelo centenário do clube, ou pelo nº de jogos (o que acho improvável). O jogo foi tão bom, que fiquei o 2º tempo inteiro conversando com um senhor de 81 anos chamado Cândido, aposentado do Exército de um forte sotaque carioca, que me contou ter jogado em clubes como Flamengo e Botafogo entre 1948 e 1954, além de ter histórias sensacionais da sua carreira na Marinha. Espero encontrá-lo mais vezes no, assim como ele, seu Cândido, simpático Passo d’Areia.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Galácticos do Humaitá

Antes de mais nada é importante destacar a volta da equipe Vida Cancheira aos gramados virtuais, movimentando este espaço que foi utilizado até meados do ano passado, ficou guardado com carinho e volta a ser útil para que nossas análises futebolísticas, entre outras. Deixamos o domínio ".com.br", por questões administrativas, mas mesmo por aqui tentaremos ser o mais dedicados possível para levar nossas visões e opiniões aos leitores que nos acompanham desde setembro de 2011.

Fiquei de acompanhar e cobrir para o blog o confronto do Grêmio contra a Liga de Quito, pela fase preliminar da Copa Libertadores da América. Até então, poucas emoções na pré-temporada gremista, que era de um marasmo de dar dó, onde pouca gente chegava, as negociações aqueciam e esfriavam em ritmo nada empolgante, e tudo dava a entender que o Grêmio enfrentaria seus 2 jogos na Copa praticamente com o mesmo time de 2012. Os reforços até a virada do ano eram Dida, veterano goleiro de 40 (!) anos, contratado junto a Portuguesa (!!), e Willian José, promissor (?) centroavante do São Paulo, além do pacotão dos garotos do Juventude Follmann (goleiro), Bressan (zagueiro), Alex Telles (lateral-esquerdo), Ramiro (volante) e Paulinho (atacante). Na primeira semana deste ano chegou mais um veterano, Cris, zagueiro de 35 anos que estava no futebol turco.

O clube esteve envolvido em uma novela interminável contra o São Paulo para trazer o atacante chileno Eduardo Vargas, do Napoli. Às vésperas da estreia gremista na Libertadores foi confirmada a contratação do avante que se consagrou jogando pela Universidad de Chile, em 2011. Pouco antes, havia sido trazido o jovem Jean Deretti, meio-campista do Figueirense - em troca, Felipe Nunes, Maylson e Willian Magrão foram para o Furacão do Estreito. A gestão Fábio Koff, até este momento, era muito criticada, e o principal alvo dos ataques era Rui Costa, executivo de futebol que passou pela gestão Duda Kroeff no segundo semestre de 2010 (juntamente com o excelente Alberto Guerra). Taxado de devagar, inclusive por este blogueiro, Rui preferiu trabalhar quietinho, principalmente depois que o assessor da presidência Omar Selaimen (who?) pediu as contas.

Isto que nem estou contando as vitórias nas negociações com Santos e Porto para manter Pará e Souza no elenco - ambos foram contratados em definitivo. Enquanto isto, o time treinava na altitude de Quito, buscando a sonhada adaptação as condições do centro do mundo para passar pela Liga Deportiva Universitária local. A (só aqui no Brasil) chamada pré-Libertadores reservou emoções além da conta para a torcida Tricolor. No primeiro jogo, o Grêmio deixou de matar o confronto por ironia do destino e falta de capricho e incompetência dos seus atacantes. Derrota por 1-0, gol sofrido no lance seguinte à lesão de Dida. A volta era nada menos que a primeira partida oficial disputada na nova Arena do Grêmio, e tudo já foi dissecado sobre o teste para cardíacos em que quase 8 milhões de torcedores foram aprovados, com louvor.

Não sei se o susto acordou a diretoria, sinceramente. O que se viu na semana seguinte a classificação foi uma verdadeira blitzkrieg do Grêmio no mercado: foram trazidos Adriano, volante do Santos, Welliton, atacante do Spartak Moskow/RUS (e que jogou demais pelo Goiás), e Hernán Barcos, do Palmeiras, todos dispensando maiores apresentações. Se pegarmos os nomes ventilados pela imprensa, incluindo na conta o bizarro caso de Enrico Cabrito e os nomes trazidos desde o final do ano passado, o balanço é de lucro absoluto para a direção gremista, vejam:

ESPECULADOS:
Diego Lugano, Anderson Polga, Antolín Alcaráz, Wellington Silva, João Filipe, Montillo, Éder Luís, Carlos Eduardo, Sebastián Coates, Fabián Balbuena, Emiliano Insúa e Jonas.


VIERAM:
Souza, Pará, Dida, Willian José, Cris, Jean Deretti, Eduardo Vargas, Welliton, Adriano, Hernán Barcos e André Santos.

Nem contei as bombas das quais o Grêmio se livrou. Aliás, contarei agora:

SAIRAM:
Gilberto Silva, Júlio César, Naldo, Pablo, Anderson Pico, Edílson, Gabriel, Marquinhos, André Lima e Vílson.

Alguns jogadores foram emprestados, como Leandro, Rondinelly e Léo Gago, na negociação com o Palmeiras para a vinda de Hernán Barcos, e, das saídas, a única discutível foi a do ótimo Júlio César, que acabou se transferindo para o Botafogo. Nada que fosse tão relevante assim. Bom, utilizei no título a expressão "Galácticos do Humaitá", claramente em alusão aos Galácticos do Real Madrid, que estão em sua 2º geração, mas que em 2000/2001 (biênio de times estrelares também no Tricolor gaúcho) arrebentou com o mercado de transferências. Tenho certeza que Fábio Koff está assumindo o papel de um Florentino Pérez - montando um time fortíssimo no ataque e deixando lacunas importantes em outros setores. Vanderlei Luxemburgo - que treinou o time espanhol no hiato entre os esquadrões - ganha bem até demais para ajeitar esta casa, já que material humano para fazer o time jogar da forma que ele, Luxa, gosta, tem de sobra.

Permito me colocar no lugar do "profexô", sem ganhar um tostão para isto, e fazer um pequeno exercício de imaginação. O que Luxemburgo pode fazer com um elenco tão recheado de alternativas ofensivas? Acredito que nem ele saiba ainda, podendo ter mais um ótimo "problema" à disposição, que é o lateral-esquerdo André Santos, que está chegando do Arsenal/ING. Eu pensei no assunto ontem, inclusive conversei com alguns amigos sobre e fiquei de dissertar, antes mesmo de explodir essa bomba da contratação de Barcos. Minha ideia inicial era claramente inspirada no Boca Juniors na década passada, que jogava em um 4-1-2-1-2, com um cabeça de área e um enganche bem definidos, além dos tradicionais carrilleros que apoiariam os laterais. Algo mais ou menos assim:


Utilizaria Elano e Zé Roberto como homens de 2ª função no meio-campo, não exigindo deles grandes avanços, muitas vezes fazendo com que eles joguem atrás da linha da bola, o que já acontece no 4-2-2-2 atual, e soltaria Facundo Bertoglio (uma vez se recuperando, de fato), Eduardo Vargas e Welliton, 3 jogadores de muita qualidade, velocidade e incisão, os chamados rompedores. Não podendo contar com o argentino, eu tentaria Jean Deretti, que até quando entrou contra a Liga de Quito mostrou virtudes interessantíssimas. Mal sonhava este blogueiro que a sexta movimentaria ainda mais o mercado... Então, já com Hernán Barcos e André Santos, creio que o melhor esquema tático seja o atual, com algumas mudanças de nomes, claro:


Vejam que a estrutura é a mesma, com alguns ajustes: Cris passaria a ser uma espécie de líbero, e Pará um lateral-base, até porque as melhores (?) características de André Santos são todas ofensivas. Adriano seria o volante responsável por cobrir o lado esquerdo, e Souza faria o lado direito, sem precisar se prender tanto. Zé Roberto pode ser um articulador mais recuado, posicionado à esquerda, explorando sua característica de pensar e organizar o jogo, e "fazendo" André Santos jogar. Assim Elano fica com mais liberdade para encostar nos atacantes, e eventualmente abrir para a direita, uma vez que sua condição física não é a mesma de 2010, por exemplo. Lembrando que são apenas esboços, sem grande aprofundamento ou sugestão de movimentação, mas creio que se possa ter uma ideia do que fazer.

Depois de muitos anos, o Grêmio tem opções de sobra, ofensivamente falando. Sequer toquei nos nomes de Kléber e Marcelo Moreno neste post, que formavam a dupla de ataque intocável do Tricolor na temporada 2012. Convido os leitores, neste reencontro, a sugerirem alternativas para montar este Grêmio, que, já na próxima quinta-feira, às 19h45, segue sua caminhada rumo ao Tri da América, recebendo o Huachipato/CHI. O Vida Cancheira estará na Arena do Grêmio para mais uma amostra do que os Galácticos do Humaitá são capazes. E sejam bem-vindos de volta!