sábado, 30 de agosto de 2014

United colors against discrimination

Que toda discriminação vá para a lata do lixo. (Foto: beingliberal.org)

Falar sobre preconceito e discriminação nos coloca em um mar complicado de navegar, correndo riscos sérios de ser engolidos por ondas de demagogia, oportunismo e hipocrisia. Talvez seja por isso que eu tenha perdido um pouco o timing dos acontecimentos lamentáveis da última quinta-feira, em Porto Alegre, e que terão reflexos muito fortes nas próximas semanas. A conclusão que se chega é: o mundo cansou de discriminação. A pergunta que fica é: o que cada um de nós está fazendo em prol disto?

Eventual e sistematicamente cometemos atos de discriminação. Em algum momento, todos nós somos racistas, homofóbicos, ou discriminamos alguém por sua condição social, religião, gênero, peso, altura, idade... Todos, sem exceção. Quantas vezes fazemos piadinhas sobre a gordinha que o amigo ficou na festa? Ou então sobre o baixinho que não conseguiu afastar a bola de cabeça na pelada do domingo? Ou ainda, deixamos de ouvir ou não levamos em consideração o que uma pessoa tinha a dizer, pela sua forma de vestir?

Sempre fui contra essa onda de "politicamente correto". Me parecia uma chatice, uma patrulha excessiva, sem razão de ser. No entanto, conhecendo e entendendo um pouco melhor o mundo e as pessoas que o habitam, mudei de opinião. Será que é tão difícil assim nos tratarmos como iguais? Não é amar todo mundo, ser amigo de todo mundo, isso acaba sempre remetendo a uma relação falsa, forçada... É respeitar todo mundo, seja qual forem suas escolhas, seja como for seu corpo.

Estamos vivendo uma guerra motivada por questões religiosas no outro lado do mundo. Tenho certeza que as pessoas não querem que guerras por questões étnicas, sociais e religiosas aconteçam ao nosso lado - ainda que, na minha visão, elas já aconteçam de forma velada. Já basta a guerra civil com a qual convivemos todos os dias, por queremos ter vantagens em tudo, por entendermos que a lei da impunidade é a que melhor funciona neste país. Todos somos parte do extrato final que temos hoje em nossa sociedade, logo, todos podemos mudar isto de alguma forma.

Não entrei no mérito do futebol, produto principal deste blog e contexto social que motiva a publicação deste texto. Por quê? Porque o futebol é apenas mais uma parte do macroambiente onde vivemos. A diferença é que muita gente pensa que as cadeiras ou arquibancadas de um estádio são um universo à parte, onde os valores morais e éticos podem ser esquecidos, sem que isto provoque uma consequência. Só que esquecemos também que o espetáculo do futebol é feito por seres humanos, com seus valores, sentimentos e diferenças.

A forma como nos comportamos com um jogador dentro de campo, ou com o torcedor que está na arquibancada visitante, é a mesma postura que temos com o cara que nos fechou no trânsito, com o vendedor da loja com um visual diferente do nosso, ou ainda com a pessoa com um gosto musical alternativo. Parece que temos um prazer quase sexual em desprezar e tentar rebaixar quem é diferente. Isso não é campanha social do governo ou iniciativa de um clube de futebol que vai mudar, infelizmente.

Minha mãe sempre diz que educação vem de casa. E educação também compreende respeitar e entender as diferenças. Logo, o resultado para esta equação está em casa um de nós, em nossa educação e em nossa consciência do que é certo e errado. Infelizmente o preconceito e a discriminação vão levar algumas gerações para serem extirpadas da nossa sociedade. Felizmente hoje conseguimos ver uma luz no fim do túnel. Vamos fazer a nossa parte?

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