Lá pelas tantas, escrevendo esta crônica, começo a ouvir Comfortably Numb, do Pink Floyd, e concluo que poucas músicas poderiam refletir tanto o sentimento do torcedor gremista quanto esta. Claro que vi muita gente chorando quando do apito final da partida contra o Atlético-PR, e não poderia ser diferente, pois a expectativa por sair da fila era gigantesca. Era um torneio que parecia mais fácil do que realmente foi, e a queda foi um baque absurdo, pelo simples fato do resultado ter sido diferente daquele ansiado pelas cerca de 45 mil pessoas que quebraram o recorde de público
Sentimentos. Não sou o cara mais indicado para falar sobre isto, seja lá qual for o aspecto. Nada traduz melhor o que senti após o jogo do que este verso da estupenda composição de David Gilmour e Roger Waters: "there's no pain, you are receding". No texto que citei acima, dizia que o Grêmio havia "deixado de ser grande". Após o jogo contra o Corinthians, utilizei o Twitter para proferir o seguinte:
Apenas que me manterei em chamas profundas até o próximo balde de água fria. Porque com o Grêmio é sempre assim: esperando o próximo tombo.
— Jhon W. Tedeschi (@jhontedeschi) October 25, 2013
O Grêmio a cada campeonato que passa, rebobina a fita de sua história para os infelizes anos 70, mais especificamente a primeira metade deles, quando era um clube sem a menor expressão fora dos limites do Mampituba - aceitem a realidade histórica, amigos gremistas. Voltamos a ser o time do quase. O time das duas eliminações consecutivas em oitavas de final de Libertadores e das três eliminações seguidas em semi finais de Copas do Brasil nos últimos 3 anos. Aliás, quatro dessas cinco derrotas foram para equipes teoricamente inferiores, ou para clubes de menor expressão. Infelizmente a camisa deixou de ganhar jogos há muito tempo...
"Now, I've got the feeling once again", porque já virou costume aquela cara de tacho após uma derrota inexplicável em casa ou uma eliminação absurda - seja para colombianos, de Medellín e Bogotá, seja para caxienses e chilenos, seja para paranaenses e paulistas. Nos últimos 12 anos o torcedor gremista já viu de tudo um pouco. Como diz com propriedade o amigo Jair Farias, baita gremista, somos "passageiros da agonia". A agonia, na minha interpretação da metáfora, é um ônibus cheio da pressão dos anos consecutivos sem conquistas relevantes. Na imensa maioria das vezes somos muitos a tentar empurrar esse ônibus no grito, ladeira acima, mas invariavelmente ele vem empacando. Enquanto mais íngreme a ladeira (de acordo com a dificuldade do jogo), mais força fazemos, mais nos desgastamos e dá mais vontade de desistir.
Para você que é gremista, está lendo este texto e diz que não gosta de perder, tenho más, ou melhor, péssimas notícias. Dificilmente uma válvula de escape vitoriosa será o clube que escolheste torcer, ou que seu pai lhe ensinou a amar, ou seja lá qual foi o motivo pelo qual escolheste torcer por um clube de futebol. Porque o futebol é como a vida: feita de vitórias e derrotas, glórias e fracassos. Inclusive acho que tu, que ainda não pensas assim, já deverias ter se acostumado com esta ideia. Ser gremista - ou torcedor de qualquer outro time - é exercitar o masoquismo. Não adianta ficar de "mimimi" e revoltinha em redes sociais, todos sabem que você sofre de morte quando seu time perde uma final, é rebaixado ou sofre um empate nos acréscimos do 2º tempo.
O pior de tudo é que torcedor age como marido traído da espécie "corno manso". Na próxima quarta-feira o Grêmio joga contra o Vasco e eu serei um dos trouxas que estará
Nenhum comentário:
Postar um comentário