terça-feira, 19 de novembro de 2013

Un poquito de Máxica

No primeiro gol de Maxi diante do torcedor, contra o Criciúma, muita emoção
na comemoração (foto: Edison Vara/Placar)

"Dominou ali pelo meio, tentou levar, ganhou do marcador, grande dele, bateu... GOLAÇO! ES-PE-TA-CU-LAR! GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL! Mais do que um gol, vai para um quadro, vai para a Bienal! Que coisa espetacular! Que jogada maravilhosa! Que jogador! E como é que o Renato diz que este jogador não está pronto? Mas quem é que está pronto neste mundo?! Grande gol do Maxi Rodríguez!"
Assim o narrador da Rádio Gaúcha, Pedro Ernesto Denardin, descreveu o 2º gol do jovem uruguaio Maximiliano Rodríguez, na vitória do Grêmio sobre o Flamengo, na tarde-noite do último domingo, em Porto Alegre. O garoto de 23 anos (apenas 6 dias mais jovem que este que vos escreve) chegou há 6 meses ao Tricolor gaúcho e vem mostrando grande evolução, jogo após jogo. Os gols do último domingo foram apenas o terceiro e o quarto dele com a camisa gremista, mas todos tem uma característica em comum: a investida pessoal, a habilidade e a disposição em arriscar que fez com que os dirigentes gremistas fossem ao Uruguai buscá-lo no pequeno Montevideo Wanderers - clube que revelou ninguém menos que o genial Enzo Francescoli.

Ainda me recordo bem quando das negociações do Grêmio com o clube apelidado de Bohemio (melhor apelido), entre abril e maio. Eu era setorista no VAVEL Brasil, noticiei o interesse do Grêmio em Maxi por lá, e fui atrás de informações sobre o jogador junto aos colegas da imprensa oriental. Obviamente estava escaldado com as apostas feitas pelo Tricolor em jogadores estrangeiros, que nos últimos anos sistematicamente vem dando errado - não queiram que eu faça uma lista, né? Os indícios eram bons, mesmo jogando em um time de menor porte Maxi vinha se destacando, inclusive marcando muitos gols, acima da média para um meio-campista.

Os primeiros jogos mostraram um Maxi um tanto disperso, com claras dificuldades de adaptação ao estilo de jogo praticado aqui no Brasil, mas já dando amostras de sua alta capacidade. A estreia do uruguaio, curiosamente, foi na reestreia de Renato Portaluppi no comando técnico do Grêmio, em 6 de julho, quase 2 meses após sua chegada. Na oportunidade, com apenas 5 minutos em campo, o camisa 14 deu assistência para o gol de Barcos, que empatou o jogo na Vila Capanema. Exatos 3 meses após sua chegada, em 11 de agosto, veio o primeiro gol, contra o Bahia, e sua primeira grande atuação foi contra o Náutico, quando deu um ótimo passe para gol e, em um lapso de genialidade, deu 3 canetas no mesmo adversário.

Até então, Maxi só vinha sendo utilizado nas etapas complementares dos jogos. A primeira oportunidade como titular veio exata uma semana após o meia completar 23 anos, contra o Criciúma, na Arena. Um golaço, somado a alguns bons passes, elevaram ainda mais a já boa moral do jovem junto ao torcedor. Na semana seguinte, contra o Corinthians, a entrada no intervalo e um passe genial para o gol de Barcos apenas endossaram o status do garoto charrúa.

No entanto o uruguaio não conseguia manter uma boa sequência no time gremista, uma vez que ele lutava, além da concorrência normal da posição, contra outros 3 estrangeiros, já consagrados e de passagens por suas seleções. Maxi ficou de fora de boa parte das decisões do Grêmio nesta temporada, sendo utilizado somente nas ocasiões em que o chileno Vargas esteve suspenso, ou servindo à sua seleção. Talvez o único dos jogos realmente importantes na temporada no qual o meia esteve à disposição tenha sido o jogo de ida da semi-final da Copa do Brasil, contra o Atlético-PR, em Curitiba - e lá Renato Portaluppi ignorou solenemente o camisa 14.

O Grêmio caiu para o próprio Rubro-Negro paranaense na Copa do Brasil, Zé Roberto voltou a ser titular, mas as chances para Maxi seguiam raras, poucos minutos contra Cruzeiro e Vasco, antes da sua entrada aos 10 minutos do 2º tempo contra os reservas do Flamengo, quando aconteceu o que ainda está quente na retina de todos os torcedores. O técnico gremista diz que o uruguaio ainda "não está pronto", dentre outras afirmações. É incoerente da minha parte, eu sei, principalmente depois de toda essa ode ao nosso futuro camisa 10, mas concordo com Renato; o processo de maturação do jovem meia ainda está em andamento e estas situações de jogo são ótimas para talhar o seu inegável potencial.

Para 2014 (14, seria coincidência?) certamente teremos um Maxi Rodríguez muito mais aprumado, como dizemos aqui no Sul, com maior capacidade de enfrentamento contra os volantes e zagueiros adversários, e melhor moldado taticamente, uma vez que ele ainda não consegue fazer um trabalho tático razoável - primeiramente porque ainda não desenvolveu uma boa leitura de jogo e não tem pique para jogar o tempo todo no ritmo que o esquema atual do Grêmio exige. É nítido que o uruguaio tem muita bola no pé, já sendo uma das maiores esperanças do torcedor gremista para a próxima temporada.

Fora isso, há a questão da adaptação a Porto Alegre e, principalmente, ao Grêmio. É notável a incorporação do uruguaio ao espírito gremista - logo quando chegou criou uma conta no microblog Twitter, para se aproximar dos torcedores. Percebe-se a gana do garoto quando está em campo, quando tem a bola no pé, quando marca um gol e comemora efusivamente. O pai de Maxi, Mauro Rodríguez, deu entrevista a uma rádio dizendo que seu filho mostrou 60% do que pode jogar. Podem anotar aí, Maxi vai encher nossos olhos e nos dará muitas alegrias. Estamos diante de um prodígio.

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