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Em 2011, o Grêmio caiu diante da Universidad Católica, sendo parte do famoso e frustrado "Gre-Nal da Libertadores" (Foto: Jefferson Bernardes / AFP Photo) |
A possibilidade de haver uma final histórica é real, o que
caracterizaria o maior clássico da história. No entanto, por falar em história,
ela nos conta que, sempre que estivemos diante de um Gre-Nal que pararia o Rio
Grande do Sul, muitas vezes ele não aconteceu. Até hoje se fala do “Gre-Nal do
Século”, disputado em fevereiro de 1989, válido pela semifinal do Campeonato
Brasileiro do ano anterior – graças ao formulismo vigente à época. O
Internacional venceu o clássico de número 297 por 2 a 1, de virada, em um
domingo calorento, dentro de um Beira-Rio com quase 80 mil pessoas, chegando à
final do torneio.
Tivemos outros clássicos em competições de mata-mata, mas
nenhum com a mesma importância. Destaca-se entre eles o confronto eliminatório
nas quartas de final da Copa do Brasil de 1992, no qual o Internacional
novamente saiu vencedor, se classificando às semifinais na competição da qual
se sagraria campeão. Foram dois empates em 1 a 1, com o time colorado se
classificando na decisão dos pênaltis, dentro do estádio Olímpico. Nas Copas
Sul-Americana de 2004 e 2008, o Inter fez valer a regra e eliminou o Grêmio,
assim como na Seletiva para a Libertadores, em 1999.
Os clássicos que a história não escreveu
E os Gre-Nais que não aconteceram? No início das competições
nacionais, lá na distante década de 60 do século passado, o Rio Grande do Sul
tinha apenas um representante, o campeão estadual. Somente em 1967, com a
criação do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, Grêmio e Internacional passaram a
participar juntos das competições além do Mampituba. O clássico de 1989 foi o
primeiro a decidir alguma situação importante – no caso, além da classificação
à final daquele Brasileirão, também valia uma vaga na Libertadores de 1989.
Até então, sequer havia a iminência desse clássico arrasa-quarteirão,
ainda que ambos fizessem boas campanhas, sobretudo ao longo dos anos 70, mas
muitas vezes o Grêmio ficou pelo caminho e não pode evitar o tricampeonato do
Internacional. Nos anos 80, a tendência se inverteu, só que sem as boas
campanhas coloradas, pelo menos na primeira metade daquela década. Depois de
1989 a gangorra quebrou de vez, e, pelo menos no Brasileirão, enquanto um ia
bem, o outro ia mal. Restava a recém-criada Copa do Brasil.
O Brasileirão teve disputas eliminatórias apenas até 2002,
descartando a possibilidade de um duelo de vida ou morte. A Copa do Brasil teve
o confronto de 1992, que marcou a exceção do Internacional, um costumaz
figurante no torneio. Em 1994, o Inter foi eliminado nas quartas de final pelo
Ceará, que seria derrotado na final pelo Grêmio. Os nordestinos ainda passaram
pelo obscuro Linhares, do Espírito Santo, antes da decisão – ou seja, era mesmo
uma oportunidade concreta de um Gre-Nal na final daquele ano.
Os pequenos desastres da era moderna
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O Internacional foi eliminado em casa, para o Peñarol, dando adeus à Libertadores 2011 e a possibilidade de um clássico histórico (Foto: Reprodução / AFP) |
Entre 2002 e 2013 os clubes que disputavam a Libertadores da
América ficaram de fora da Copa do Brasil – 2003, 2006, 2007, 2009, 2010, 2011
e 2012 foram exemplos disto. Nos anos de exceção, mais algumas pequenas
tragédias, mas isso entra na conta histórica da Copa do Brasil. Em 2013, voltamos
a ter a chance de um Gre-Nal decisivo. Nas quartas de final daquela competição,
Grêmio e Inter enfrentariam Corinthians e Atlético-PR, respectivamente, e
estavam chaveados para um possível enfrentamento nas semifinais.
O Tricolor passou nos pênaltis pelos paulistas, mas o
Colorado ficou no caminho, perdendo no gol qualificado para o Furacão, que
também eliminaria o Grêmio nas semifinais. No ano passado a situação se
repetiu, terminando de forma ainda mais melancólica. A dupla Gre-Nal iria
enfrentar Fluminense e Palmeiras, na mesma situação de 2013 – isso que no
sorteio para as quartas de final já houve a expectativa de as bolinhas
colaborarem. Ambos foram eliminados, ficando a um gol cada do esperado clássico
que ficou na vontade.
A situação mais bizarra aconteceu em 2011. O Internacional
era o atual campeão da Libertadores da América, enquanto o Grêmio arrancou uma
vaga à fórceps para a fase preliminar da competição. As campanhas de ambos os colocaram
nas oitavas de final posicionados de modo a se enfrentarem, caso se
classificassem. Os adversários eram o Peñarol, para os colorados, e a
Universidad Católica, para os gremistas. Rivais acessíveis, na teoria...
Na prática, a expectativa se tornou uma tragédia esportiva.
Em meio à decisão do returno do Gauchão 2011, houveram os confrontos na
competição continental. Ambos conseguiram a proeza de perder os jogos em Porto
Alegre, o Grêmio na ida, e o Inter na volta, e o clássico pela Libertadores virou
lenda urbana. Para 2016, a expectativa é maior que das outras oportunidades, em
que pese o momento não tão brilhante dos times. Serão duas quartas-feiras que
poderão encher o Rio Grande do Sul de dinamite – ou de lamúrias, novamente.
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