segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ainda em maturação

Confesso aqui neste blog de cunho futebolístico: sou um beberrão costumaz. Até alguns poucos anos atrás eu preferia me abster do consumo de bebidas alcoólicas, e afins, por questões de manutenção de uma vida supostamente saudável. Um gênio da música, Bezerra da Silva, cantava que bebia sim, e seguia vivendo, argumentando que havia gente que não bebia e estava morrendo; enquanto isto, há jogadores que bebem e jogam, ainda que sem aquele ânimo que encanta o torcedor, enquanto alguns santinhos (a.k.a. Atletas de Cristo e derivados) são mais conhecidos pela sua vontade e falta de intimidade com o balão de couro. O mestre Bezerra faleceu há pouco mais de 7 anos, ironicamente em consequência de um vício, mas não do trago eventual, e sim do maléfico cigarro.

Após ter me tornado um consumidor das águas que aves não metem o bico, parti para o estudo de algumas delas, as de minha preferência, especialmente a cerveja. Entretanto, algum conhecimento, por osmose, derivou-se ao tratamento e fabricação do vinho, coincidentemente cultura tradicional na região serrana do Rio Grande do Sul, região esta onde o Grêmio foi enfrentar ontem o Juventude. Em Caxias do Sul, o Papo é o time verdibranco, que carrega uma tanto de minha antipatia - mesmo que seja chamado de "Filial do Grêmio". Verdes são as uvas ainda nos parreirais, impróprias para a vindima e o consumo. Verde está o time do Grêmio, em diversos aspectos. Pouco experimentei vinhos feitos com uvas verdes; meu contato com vinhos secos não foram os mais satisfatórios.

Assim como o desempenho do time Tricolor, amargo, sem sabor, insosso. Caio Júnior, durante o jogo contra o Canoas, parecia ter tido um lapso de consciência, e ajustado o time para um 3-5-2 emergencial, contudo parece não ter treinado esta formação durante os 3 dias seguintes. Os alas Gabriel e Júlio César eram mais wingers do que propriamente alas, e a cobertura dos volantes inexistia. Em certo ponto do 1º tempo, Douglas Sóbrio, digo, Grolli e Mário Fernandes eram convidados a dar combate aos extremos Alan e Jônatas Belusso, deixando Saimon no mano-a-mano com o bom centroavante Zulu. Léo Gago e Fernando devem ter achado que era um retorno à pré-temporada em Bento, e perderam-se em algum lugar na Rota das Vinícolas. Obrigado, a ressaca fica toda com o torcedor.

Victor foi um dos poucos jogadores a tomar suco de laranja (abraço, Rodrigo Baldasso!) no almoço, visto que estava pegando até pensamento, e salvando mesmo quando não valia mais nada. Mas, depois da pausa para a água (sic), um ataque muito bom pela direita, com as participações de Rafael Mineiro, ou Capixaba, ou Paraíba, a cerveja me impediu de registrar (aí está uma vantagem de ver jogos nas bancadas, não se pode beber no decorrer), e Belusso, este derrubado por Saimon, sobre a linha da área, portanto, pênalti. Alcione descreveria bem o autor do gol, o avante ebônico Zulu, que converteu o penal rasteiro, um pouco mais à esquerda do gol de Victor, que caiu totalmente à direita, sequer aparecendo na fotografia, e consagrando o jogador periquito como um artilheiro máximo do Gauchão, com 4 gols.

O trio final gremista, com Douglas, Kléber e Marcelo Moreno, parecia perdido como turista s nordestinos na Festa da Uva. O time mal e porcamente alimentava os referidos, e, quando a bola chegava, ela parecia ter o peso de uma bigorna ACME [®], para cada qual com seu motivo especial. Douglas vive no Fantástico Mundo de Bobby, é até injusto dizer que ele tem propensões a ebriedade eventual, pois isto até não influencia no desempenho do atleta - em um primeiro momento, e, óbvio, se isto é verdade. Mas, quando a bola caía no pé esquerdo do #10 Tricolor, bom... Confesso que me irritei mais com o incensado Kléber, que brigou como um Gladiador, mas pensou como um Nero, visivelmente querendo tocar fogo em todos os ataques gremistas, dando toquezinhos para trás, e cavando faltas imbecis e infrutíferas.

Na 2ª etapa, a vitória e a ressaca se consolidaram, e, por falar em vinhos, Anderson Daronco, o árbitro da partida, parece ter escorregado no momento de pisotear o insumo de sua atuação, expulsando o capitão do Juventude, Bruno Salvador, e o ala-direito do Grêmio, Gabriel, sem motivo aparente para este escriba que estava assistindo ao jogo em claro estado de afetação alcoólatra. Pelo mesmo critério, ou falta dele, Daronco deixou de expulsar Kléber, que ficou aos agarrões com Rafael Mineiro (Capixaba ou Paraíba), de forma mais incisiva que os demais expulsos. Na lance da 1ª expulsão, saiu o 2º gol do Juventude, de fato marcado por Douglas Grolli, mas de direito o gol ficou para Athos. Nos instantes finais um gol de pênalti, anotado por Kléber, gritedo à italiana e vinho derramado na área do Juventude, mas nada que ameaçasse seriamente o goleiro Jonatas.

Nos primeiros instantes de partida, o esquema do Grêmio parecia promissor, entretanto, com o passar dos minutos, e com a ambientação de Gabriel e Júlio César ao campo de ataque, a defesa foi ficando vulnerável, sem cobertura, e o ataque do Juventude fez a festa quando da posse de bola. Acredito que um defensor tarimbado ajude a resolver os problemas do time, e este defensor (não necessariamente um zagueiro), no meu ver, está no grupo: Gilberto Silva, jogador com uma noção tática muito melhor que Léo Gago, por exemplo, que até agora, pela amostragem, me pareceu um Guiñazu que fala português, tem menos fôlego e desarma menos (e se é para chutar daquele jeito, que não chute). Contra o São Luiz, quinta, o time terá mais uma oportunidade de mostrar-se um pouco mais maduro, coeso e entrosado, afinal, ainda estamos em pré-temporada.

Nos Acréscimos
  • O que teve de gente fazendo velório sem defunto no caso D'Alessandro foi algo inédito. Eu só acreditaria quando visse "El Cabezón" vestindo a camisa do time chinês, o que duvidava muito que acontecesse. Qual jogador iria trocar a idolatria e a visibilidade de um dos maiores clubes da América e do Mundo por um exílio no insalubre futebol chinês? Mesmo que tenha sido dobrado o soldo do argentino, é perfeitamente compreensível a permanência do armador, seja qual tenha sido o contexto da negociação. Agora está tudo ajustado e azeitado para a partida de volta do Colorado contra o Once Caldas, depois de amanhã, em Manizales, valendo vaga no grupo 1 da 2ª fase da Libertadores.
  • Segue a bailanta no Gauchão 2012! Tivemos, além de Juventude 2-1 Grêmio, mais 6 jogos. No sábado, a gurizada do Inter venceu o Veranópolis por 3 a 1, no Beira-Rio, e o brioso Cruzeiro foi a Erechim e voltou com 3 pontos, com a vitória por 1 a 0 sobre o Ypiranga. Ontem, o Caxias venceu o São Luiz, em Ijuí, por 1 a 0, com um gol nos minutos finais; na finaleira veio o gol da vitória do Cerâmica por 2 a 1 sobre o Canoas, no clássico da Região Metropolitana disputado no Complexo Esportivo da Ulbra; o Lajeadense enfim venceu na Arena Alviazul, 3 a 1 no Pelotas e, terminando, o São José recebeu o Avenida no sintético do Passo d'Areia e meteu 3 a 0, ao natural.

Um comentário:

  1. Cara gostei da cronica misturando vários elementos!
    E sim que bom que o D´alessandro ficou. E melhor ainda o reconhecimento de ambas as torcidas.

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