sábado, 23 de fevereiro de 2013

Das reviravoltas da vida

Copa Libertadores da América, 2ª fase, 2ª rodada. Fluminense 0-3 Grêmio, 20.02.2013, Engenhão (Rio de Janeiro/RJ).
Que troço absurdo que é esse tal de futebol. Um time totalmente bagunçado na quinta-feira chega na quarta e, como em passe de mágica, adquire entrosamento, ganas de ganhar, alia a grande qualidade a um ímpeto que eu não lembrava ter visto antes. Dificilmente um resultado como este que você vê ali acima acontece em confrontos entre equipes da mesma grandeza técnica. Muito menos uma vitória deste tamanho na casa do adversário. Menos ainda em um jogo de Copa. O Grêmio me surpreendeu, calou minha boca e reacendeu a esperança no sofrido torcedor gremista, que parecia ter jogado a toalha após a derrota para o Huachipato. O mesmo time chileno (troque 2 letras e você terá o verdadeiro adjetivo do time) que conseguiu a proeza de levar 1-3 do Caracas, em casa, e ressucitou venezuelanos e gaúchos no Grupo 8 do certame copeiro. Agora todo mundo tem 3 pontos, só os visitantes venceram e a próxima rodada promete, com o Grêmio recebendo o Caracas, e com Huachipato e Fluminense, no Chile.

Tivemos uma semana tensa no time que vem alternando entre Humaitá e Azenha. Muitas explicações para a derrota na Libertadores na quinta anterior e a atuação insuficiente no domingo pelo Gauchão. Minha ideia era que o Grêmio havia tirado o pé contra o Veranópolis para chegar voando contra o Fluminense, enquanto os cariocas vem se matando em seu Estadual. Deu certo. Qualidade, quando chama qualidade, dá jogo. O Grêmio provou que não precisa parir uma bigorna por jogo para ganhar na Copa. Dá para ser campeão jogando, dominando o adversário. O Grêmio jogou, dominou, amassou, destroçou o atual campeão brasileiro. Em um primeiro momento não há como dominar a euforia; depois chega a dar pena do Fluminense, que não conseguiu jogar, não conseguiu impedir o Grêmio de jogar, não conseguiu nada. Se bem que, dos brasileiros, sempre considerei o Fluminense o clube mais fácil de se encarar em uma Copa. Clube sem camisa, sem torcida, sem tradição, sem nada, além de ser um dos maiores filhos do Grêmio.

Desde o apito inicial de Paulo César de Oliveira percebia-se que as coisas seriam diferentes. Se viu um time muito bem compactado, com as linhas muito próximas e se movimentando, totalmente diferente do time estático da quinta-feira anterior. Cris e André Santos, com melhor ritmo de jogo, renderam muito melhor. O zagueiro, que incorporou um xerifão, foi perfeito, anulando Fred (que só pega motoqueira...), intimidando o arisco Wellington Nem e baixando a ripa quando necessário. Bom, qualquer coisa que o defensor fizesse melhor que apenas sair do chão, coisa que ele não conseguiu contra o Huachipato, já seria lucro total. Tudo foi lucro. A nação tricolor incorporou um espírito de sangue-doce que não tinha nada a ver com aquela torcida que já acreditou em uma reversão de 4 gols contra o Boca Juniors, entre outras. O gremista se tornou um cara cético. Tanto é que, passada a euforia do jogo, o que mais se viu foram comentários "na defensiva", o que acho louvável. Um time de futebol deve sempre estar sob desconfiança.

Porque este Grêmio de Vanderlei Luxemburgo sempre quando esteve sob desconfiança deu respostas boas, mesmo que os resultados não fossem os ideais ou desejados. O problema sempre foi nas horas "cabais", com um nível de empolgação, favoritismo ou confiança elevados, quando algo acontecia e o time desandava, sobretudo em casa. Mantenham o pé atrás com o time, torcedor gremista. Se o time meter 3 ou 4 no Gre-Nal de amanhã, sem desespero. O gremista precisa aprender que só está ganho quando a taça está no armário, e faz muito tempo que isto não acontece. Parece que este ano vai, o grupo é excelente (o melhor nos últimos 10 anos), e o time parece que vai se acertar por osmose. Só isto não é o suficiente. Por mais que o time esteja um "cano", o torcedor vai precisar gastar sua voz, empurrar, para que não tenhamos um time auto-suficiente. Times auto-suficientes, como o do ano passado, sempre caem do cavalo. Não importa se no Olímpico ou no Teatro na Arena, o Grêmio vai ter que entrar em campo contra o Caracas tendo que "provar o contrário". Se fizer isto até o final da Copa, o Tri estará próximo.

(não queria falar em atuações específicas, mas como falei em Cris e André Santos, devo falar de Fernando. Impressionante o que o guri de Erechim jogou, ele simplesmente foi o dono da meia-cancha gremista, desarmando, armando, não errando passes, me surpreendeu muito, uma vez que sou um dos seus maiores críticos. A atuação de Abel Braga também foi determinante - atuou como Luxemburgo na quinta anterior, escalando mal, mexendo pior ainda e não dando qualquer consistência tática ao ótimo time do Fluminense. Passou pelo técnico a derrota do Tricolor das Laranjeiras. Do argentino Hernán Barcos, só tenho isto a dizer: <o/)

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