segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Entre carrinhos e dribles

Ontem aconteceu um dos melhores duelos do Brasileirão. Não que necessariamente tenha sido um grande duelo entre 2 times, a partida nem foi das melhores, mas entre 2 dos melhores jogadores do campeonato. Atacante contra zagueiro, agilidade contra força, todos os ingredientes necessários para um confronto pessoal extra-classe, como foi entre Neymar e Dedé. Confronto entre os campeões da América e da Copa do Brasil. Volta de Paulo Henrique Ganso aos gramados. Vasco sonhando com o título, Santos com o Mundial. Nada disto importou. É um privilégio poder ver um futebol de alto nível aqui no Brasil, sem que os principais jogadores precisem ir desaprender na Europa. Disfrutemos enquanto há tempo...

A partida começou, praticamente, em 1-0 para o Santos; gol aos 3', nos 2 primeiros lances protagonizados pelas estrelas da tarde: Neymar arrancou pela direita, Dedé acompanhou, fazendo falta. Na cobrança, o #11 santista chutou para a área, e um leve desvio do zagueiro vascaíno matou Fernando Prass. A partida ficava ao gosto de Muricy Ramalho, que recuou seu tripé de volantes (Adriano-Arouca-Henrique), quando o Vasco tinha a bola, e abria Neymar e Arouca (esquerda e direita, respectivamente) como se fossem "wingers", quando da posse da bola. Estratégia perfeita, principalmente porque Danilo, e até mesmo Durval, apareciam bem para o overlap, dando alternativas de ataque importantes.

Pouco acompanhei o Vasco ao longo do ano, fora os jogos contra o Grêmio, só lembro de ter assistido o jogo final da Copa do Brasil, contra o Coritiba, e os 2 últimos jogos, contra Universitario/PER e o de ontem. Custo a acreditar que este time fraco, quase patético, tenha sido campeão inconteste da Copa nacional, e esteja peleando pelo título do Brasileirão. O time da cruz-de-malta até tem alguns bons valores individuais, como Juninho Pernambucano e Diego Souza, mas fica nisto; outros jogadores como Fellipe Bastos [é assim que escreve?], Julinho e Fágner são horrendos, quem faz 2 partidas seguidas no nível que estes cidadãos fizeram não merecem titularidade nem na várzea carioca.

Taticamente, o time do ex-jogador do Grêmio Cristóvão Borges seguiu o mesmo plano tático de Ricardo Gomes, por coincidência o mesmo 4-3-1-2 do Santos. Até há uma boa organização, o time funciona mecanicamente, entretanto, falha demais no acabamento das jogadas, sobretudo no abastecimento aos avantes Élton e Éder Luís, e tem uma dependência absurda das bolas paradas de Juninho, e da inconstância irritante de Diego Souza - se isto é recorrente dentro dos próprios jogos, que dirá dentro de uma campanha de 38 jogos? Podem dar a desculpa de que há muitos lesionados, e que o grupo não é tão forte, mas existem razões obscuras para que Bernardo e Alecsandro sejam reservas deste time.

Na 2ª etapa Borges ampliou, com um golaço de fora da área, quebrando o recorde de gols marcados por um jogador do Santos na mesma edição de Campeonato Brasileiro, fazendo seu 23º gol. Mas quem deu um show à parte foi Neymar, cadenciando com excelência as jogadas, driblando com objetividade, dando passes precisos, enfim... Há algum tempo me rendi ao brilhante futebol do menino da Vila, que destroçou o estigma de "cai-cai" e firulento. Ontem ele se destacou mais por ter um marcador qualificado, que o desarmou sem falta algumas vezes (contei 4), mostrando precisão nos botes e muita velocidade, surpreendente para um jogador grande e, à primeira vista, pesado.

Os 2 destaques do jogo são pilares para a Seleção de Mano Menezes, se quiser alguma coisa na Copa '14. Hoje, não os considero prontos para enfrentar um Mundial, porém temos mais quase 3 anos para que eles amadureçam e consolidem seus já grandes potenciais e desempenhos. Uma hora quero escrever sobre os jogadores jovens, que podem evoluir visando a Copa do Mundo do Brasil. Como não disputamos as Eliminatórias, é importante que seja montada uma base, sem isso de experimentações à torto e direito, para beneficiar/satisfazer empresários com intenções escusas. Ao contrário do que muitos pensam, temos material humano sim, para formar um grande time, capaz de campeonar o mundo pela 6ª vez, e em casa.

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