terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sem mais legumes

Aproveito o feriado para voltar a escrever sobre o Grêmio aqui no "Vida Cancheira", pois creio que o nível de desimportância que a participação do clube em 2011 no contexto nacional chegou a um ponto que torna desnecessária qualquer análise. Assim o faço por ter estado no Olímpico no último domingo, e ter visto um jogo que, apesar da qualidade técnica quase nula, teve bastantes emoções, mostrou algumas coisas pontuais, e foi uma diversão interessante para uma tarde esquisita, parecendo Finados em Porto Alegre. O empate em 2 a 2 foi justo não só com a partida, mas sim com o ano -e porque não década- que Grêmio e Palmeiras vem tendo, sem qualquer destaque merecedor de nota de jornal, ou postagem de blog, a não ser de alguns interessados.

A tarde reservava, talvez como principal atração, a "visita" de Felipão ao Olímpico, onde ele costuma sentir-se em casa, passando isto para seus jogadores, visto que nunca perdeu como visitante ao Grêmio. Muito válidas as homenagens da torcida, aplausos ao anúncio do nome do treinador palmeirense, entretanto tenho minhas convicções de que o tempo do Felipe já foi... Tornou-se um velho amargo [mais do que já era!], sem paciência para nada, imagino que até para ficar na beira de um gramado, gritando orientações para 11 homens que, em sua maioria, como diz meu colega de blog Carlos Paiva, são completos "taipas". Além de estar ultrapassado taticamente, seus times deixaram de ser encaixados para serem engessados.

E foi o que se viu no jogo de domingo. O Palmeiras, realmente, não tem time para lutar mais do que por uma vaga na Copa Sul-Americana, assim como o Grêmio. A intenção estrutural de Scolari até foi boa, mas os jogadores para cumprir essas funções que, definitivamente, não ajudam. O "alviverde imponente" entrou em campo em um 4-2-3-1, tentando espelhar com um preguiçoso Grêmio, mas mesmo assim esteve longe, muito longe, de se sobressair. A linha dos 3, com Patrik, Luan e Tinga é inaceitável para um clube do porte do Palmeiras, jogadores que estão abaixo do seu nível histórico. Confesso que senti pena do ex-gremista Ricardo Bueno, que morreria por inanição, não fosse uma brilhante jogada do [ótimo] lateral Cicinho.

Jogada esta que redundou no gol do próprio lateral, contando com as coadjuvâncias de Ricardo e Victor, construtores de um grande lance, com bela cabeçada do centroavante, e melhor ainda defesa do goleiro gremista. O gol não mudou muito o ânimo do Grêmio, que, para variar saiu mal escalado, com o "imortal" Adílson na meia-direita [!], no 4-2-3-1, que deveria ter sido 4-3-2-1, o famoso esquema "árvore de Natal", desenvolvido [testado e aprovado] por Carlo Ancelotti, no Milan campeão do mundo em 2007. Enfim, Roth ainda teve a chance de se redimir quando da lesão de Escudero, podendo simplificar para um 4-3-1-2, com a entrada de Brandão, mas não, nosso glorioso treineiro deslocou o péssimo Miralles para a meia-esquerda, deixando 2 jogadores fora de suas posições.

A leitura de jogo é algo engraçado, para quem está fora de campo, e, principalmente, não participa dos treinamentos. Será que não funcionaria alinhar os volantes e os atacantes? Nunca saberemos. O importante é que a primeira etapa acabou no mesmo ritmo sonolento, com o Grêmio tentando pouco, e o Palmeiras parecendo satisfeitíssimo com o contexto proposto pelos locais. Digo que a leitura de jogo é engraçada, porque no intervalo Roth mexeu, e muito bem no time, tirando Adílson [sério, já gostei mais do Alemão, mas hoje ele me parece uma ofensa ao futebol bem jogado] e colocando Leandro, outro jogador que não é de minha preferência, mas com mais possibilidades de funcionar que um volante improvisado na armação.

Com Leandro, o time ficou em um falso 4-2-3-1, que, na prática, me pareceu um 4-2-1-3, com Douglas recuando um pouco mais, e Leandro/Miralles alinhando com Brandão, dando velocidade pelos lados e mais opções ao armador e aos laterais, que não tinham com quem jogar. O balde de água quente no jogo foi o gol de Marcos Assunção, cobrando falta, ali o Tricolor acordou em definitivo para o jogo, e mostrou algo que me agradou muito, que foi a capacidade de reação, de indignação, para buscar um jogo quase perdido, mas que não valia absolutamente nada. Leandro realmente funcionou bem na asa-esquerda de ataque, onde fizera seus melhores jogos pelo Grêmio, e por ali puxou um ótimo contra-ataque, resultando no gol de Brandão.

Deola não tinha muito trabalho, praticamente, porém o Palmeiras se enclausurou, e, de tanto ter a posse da bola e tentar criar, o Grêmio acabou sendo recompensado, ou melhor, a justiça acabou entrando em campo, e, no finalzinho, Fernando, de não só boa atuação, mas como de razoável temporada, acertou um chutaço da intermediária, empatando a partida. Aliás, em uma análise mais "imaginativa", diria que o jogo foi a tônica com 2011 gremista: criando dificuldades para si próprio onde elas não existiam, o time/clube foi obrigado a correr atrás da máquina, conseguindo não mais que salvar o próprio pescoço, e, como o empate de domingo, fica aquele pensamento de que poderia ter sido pior, bem pior.

O caso Kléber Cotovelo, ademais à partida, já está dando nos nervos. Eu sou um que não iria querer sua contratação, mesmo que ele tivesse assinado na noite da fatídica quarta-feira em que ele "pernoitou" no Gruta Azul. Pessoalmente, não me parece um jogador de qualidades suficientes para ser um 9 diferenciado, tanto é que nunca ganhou nada, nunca foi artilheiro de nada, e nunca foi para a Seleção [digo isto um dia depois de Jonas (!) ter feito 2 gols em amistoso]. E se for para ganhar os valores indicados pela imprensa, que não venha mesmo, é um absurdo um atleta de nível médio ganhar R$ 500 mil/mês. A montagem de um time decente para 2012 não passa, em definitivo, pela vinda deste atleta.

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