terça-feira, 2 de agosto de 2016

Essa tal meritocracia

Nem os gols de rebote e o bom humor nas redes sociais livraram Douglas das críticas após o jogo do último domingo (Foto: Reprodução) 
No início da noite deste domingo, o Grêmio teve uma chance daquelas reluzentes para ficar na cola dos líderes de um dos Brasileirões mais equilibrados dos últimos tempos. O duelo foi contra o América-MG, lanterna convicto e absoluto do campeonato, que tinha (até então) média de meio ponto por jogo. Era a oportunidade do Tricolor mostrar sua cara e entrar de vez na disputa pelo título brasileiro.

Não dá para dizer que o Grêmio não mostrou sua cara. Aquele velho retrato dos últimos anos, de sempre amarelar na hora H e entregar para times pequenos, entrou em campo no Independência e tomou conta do time. Como eu disse em determinada rede social, “o Grêmio é isso aí mesmo”, nunca perde a chance de fazer um fiasco. Sim, empatar com o América-MG, mesmo na casa do adversário, seja qual for o cenário, é inadmissível.

Obviamente a torcida entrou em ebulição após o jogo, imbuída de um espírito fatalista totalmente contagiante - mais contagiante que a falta de vontade do time em Belo Horizonte. Não entro na onda dos que pensam que o Grêmio não pode ser campeão por ter tropeçado no último colocado. Foram dois pontos desperdiçados, mas os mesmos dois pontos caso o adversário fosse o Corinthians, o Flamengo, o Cruzeiro ou o Santa Cruz.

Vamos para o outro lado da moeda. Muitos dizem que, para ser campeão neste formato de pontos corridos, é necessário atropelar os pequenos e trocar pontos com os grandes. Concordo. Só que muitas vezes esquecemos que o Brasileirão é o campeonato com mais armadilhas dentre as “grandes ligas”. O pequeno pode surpreender o grande a qualquer momento, sem sobreavisos, não há uma lógica, até porque se tem uma coisa que o futebol não é, é uma ciência exata.

O Grêmio foi irritante, isso é consenso absoluto entre os gremistas. Foi um time indolente, autossuficiente, que pensou que poderia ganhar quando bem entendesse, como bem entendesse. No final das contas acabou muito mais próximo da derrota do que da vitória. O que deve ficar como aprendizado é que o Tricolor tem que encarar todos os jogos como se fossem finais, mostrando intensidade, gana, vontade de vencer. Se não ganhar, tudo bem, faz parte do jogo.

Não vejo os problemas de Belo Horizonte passando pelo técnico Roger Machado, ainda que eu siga sendo um crítico contundente do trabalho do ex-lateral multi-campeão. O time que entrou em campo foi praticamente o mesmo que dominou amplamente o São Paulo no domingo anterior, sem alterações estruturais ou algo que o valha. Ou seja, o que causou o desastroso empate foi uma questão puramente anímica, que vem do psicológico dos atletas.

Outra questão importante, que eu pontuei em alguns grupos logo após o jogo: o Grêmio carece de um planejamento de jogo, coisa que até meu time de futsal na adolescência tinha. O tal planejamento condizia em manejar as formas de jogo de acordo com o adversário, para que as qualidades do nosso time batessem com os defeitos do rival, mesmo que para isso fosse necessária uma mudança profunda na fotografia do time. Não digo que tivemos o maior sucesso do mundo, mas isso é importante para superar as próprias limitações.

Mais que superar, conhecer as limitações. Saber porque ganha e saber porque perde. Estudar, não apenas o adversário, mas estudar a si próprio. Fazer com que o espírito seja o mesmo, não importa o tipo de enfrentamento. Não é um software alemão que irá proporcionar isso à estrutura de futebol de um clube. Afinal, essa estrutura é composta por pessoas, passíveis de erros e capazes de aprender, ao contrário das máquinas e aplicativos.

Dito isto, concluo que o Grêmio pode sim ganhar o Brasileirão 2016. O time tem qualidade e uma estrutura tática que não deve nada a nenhum dos outros 19 oponentes no certame. Espero que todos os envolvidos tenham aprendido e incorporem o espírito vencedor necessário para qualquer conquista, seja no futebol, seja na vida. Já passou da hora de largar esse medo de ser feliz e enveredar rumo às vitórias e aos títulos.

Antes do Esquecimento

  • Foram conhecidos os confrontos das oitavas de final da Copa do Brasil. O Grêmio irá enfrentar o Atlético-PR, sendo o jogo de ida em Curitiba, e a volta na Arena. Os confrontos serão nos dias 24/08 e 21/09, e esse mês de intervalo será destinado aos jogos "quarta/domingo" pelo Brasileirão. Os outros gaúchos na competição, Internacional e Juventude, terão pela frente, respectivamente, Fortaleza e São Paulo.

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