quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Guerra, e vocês de branco?!

A rodada de quarta-feira na Copa Libertadores reservou 3 confrontos envolvendo brasileiros, todos estreando na 2ª fase da competição. O acompanhamento começou as 8 da noite, e foi até a meia-noite, onde foram cobertos quase 5 horas de futebol, todas recheadas de emoções dignas de um torneio como a Libertadores. A se pontuar, negativamente, a falta de vitórias dos times daqui na rodada, com 2 empates e 1 derrota - alguns dirão que todos jogaram longe de seus domínios, entretanto, apenas o Flamengo enfrentava um adversário com alguma expectativa de mostrar boa qualidade. A derrota, aliás, foi do time que menos se esperava, do atual campeão, que pagou pelo capricho do seu ataque em La Paz, e deixou pontos importantíssimos na Bolívia.

Uma coincidência interessante foi que todos, Santos, Corinthians e Flamengo, jogaram de branco. Palidez futebolística? Apenas um termo, assim como não foi proposital que todos jogassem frouxos, como indica a passividade da (ausência de) cor dos uniformes. Comecei bem, na altitude de La Paz, onde o Santos começou sua participação da mesma forma que terminou a última - enfrentando um time vestindo amarelo e preto. E o The Strongest pareceu disposto a vingar o Peñarol, derrotado na final de 2011, e foi para cima desde a saída da bola. Pablo Escobar, com passagem razoável pelo futebol brasileiro (Santo André, Ipatinga, entre outros), organizava o time aurinegro com surpreendente qualidade, incomodando a fraquíssima defesa santista.

Porém, com menos de 10', o Santos foi quem saiu na frente. Paulo Henrique Ganso cobrou falta lateral, a defesa boliviana fez uma lambança enorme, e Henrique só teve o trabalho de empurrar para o gol, sem goleiro. Foi a senha para que o Strongest se soltasse em definitivo, e fosse para cima dos paulistas - o que proporcionou espaços preciosos para os contra-ataques poderosíssimos do Santos. O problema é que Ganso estava muito preocupado em emular Sócrates, Ibson corria por todo o campo como uma barata tonta e os laterais (como de costume) inexistiam. A tendência era que Neymar e Borges morressem de fome, como diz o colega Carlos Paiva, e foi bem o que aconteceu, ainda que o #11 tentasse levar o time nas costas. A tentativa era como subir o Everest com bagagens correspondentes a 11 pessoas, e em lugares altos os times da Bolívia costumam sentir-se bem à vontade. Não deu outra, de tanto insistir, os donos da casa chegaram ao empate pouco após a meia hora de jogo, com o paraguaio Cristaldo, após boa jogada de Parada pelo lado direito.

Na 2ª etapa, foram 30' de total domínio do Santos, onde os bolivianos só chegavam em tentativas de média distância - sobretudo com Escobar, o melhor em campo -, e os brasileiros cansaram, mas cansaram de perder gols, foram pelo menos 4 chances vivas (3 com Neymar, e 1 com Elano). Depois deste período, o time de Muricy Ramalho sentiu o cansaço - desta vez o físico - e se permitiu ser pressionado pelo "más fuerte". 2 defesaças de Rafael Cabral não adiantaram, e, aos 45', o quase-xará do treinador santista, Ramallo, apareceu para completar cobrança de escanteio de Escobar, virar a partida e decretar a vitória dos donos da casa. O Santos pecou pelo excesso. Excesso de displicência, excesso de chances perdidas, excesso de confiança... Em jogos assim, a comanda pesa, e a cobrança é feita no mesmo jogo.

Acredito que Muricy nada poderia ter feito, a responsabilidade passa pelo caminhão de gols desperdiçados, e eles terão que ser recuperados na próxima rodada. O The Strongest me surpreendeu, muito; o time havia vencido apenas o Apertura 2011, mas montou um time muito organizado, méritos para Mauricio Soria, que centraliza o jogo em Escobar, auxiliado pelos bons Cristaldo e Chumacero (dublê boliviano do Paulo Nunes). Certamente dará trabalho ao Internacional, na partida de La Paz. Agora a partida do próximo dia 8 está untada em Trinitrotolueno (vulgo TNT), quando o Santos terá nada menos que a obrigação da vitória contra um dos principais favoritos ao título. Eu que não vou perder esse jogo.

Nos Acréscimos
  • Mais tarde, me dividi entre Lanús-Flamengo e Deportivo Táchira-Corinthians, com preferência para o jogo da Argentina. O Flamengo fez uma partida surpreendentemente sólida contra os granate, mostrando muita maturidade e organização defensiva, e boas saídas para o ataque, tanto que saiu na frente, com Léo Moura, em falha terrível da defesa argentina, no último lance do 1º tempo. O Lanús não fez muito para merecer a virada, mas a estrela de Schürrer brilhou ao colocar em campo Carlos Carranza, que empatou em seu 2º toque na bola. A briga seguirá muito equilibrada no Grupo 2.
  • As vezes trocava de canal para a partida em San Cristóbal, onde tinhamos mais um duelo aurinegro contra alvinegro. O Deportivo Táchira dominou todo a 1ª etapa, e fez 1-0 com Sergio Herrera, com passagens pela seleção da Colômbia, e pelo Atlético Paranaense. Contudo, no 2º tempo, especialmente nos minutos finais, o Corinthians tomou as rédeas da partida e correu para o empate, que provou o quanto Tite estava errado em escalar Jorge Henrique na vaga de Alex; o #12 entrou, e deu a assistência para o gol de Ralf, aos 49' do 2º tempo. Empate com gosto de vitória na Venezuela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário