quarta-feira, 25 de abril de 2012

Chave para fechar e abrir

Há horas venho pensando seriamente nos 2 assuntos ligados ao Grêmio que vem dando maior polêmica nos últimos tempos: inauguração da Arena e despedida do Olímpico. Muitas ideias pairam sobre esta caixa craniana, e muitas coisas se ouvem por aí, desde especulações, até confirmações - que, aliás, não me agradam muito. Duas coisas estão certas, até agora, que haverá um show da Madonna, no dia 9 de dezembro, para possivelmente fechar as portas do Velho Casarão, e que o Bayern, de Munique, deve inaugurar a Arena, caso não ganhe o campeonato continental que disputa. Queria colocar algumas coisas que povoam minha mente no papel, e uma conversa com o amigo Elói Saldanha Jr., do recém-criado blog "Futebol Além dos Gramados", ajudou a abrir um pouco minha mente.

Começando pelo fim. O fim do Olímpico Monumental. Quase 58 anos abrigando o Grêmio Foot-ball Porto Alegrense, palco de grandes partidas, decisões e títulos do Tricolor, também foi palco de muitos e grandes shows ao longo dessas 6 décadas. Só vou focar na última década, com o auxílio da nossa gloriosa Wikipédia: Eric Clapton, Roger Waters, Rush e Lenny Kravitz pisaram no estádio para fazerem seus espetáculos sem bola nos pés. Meu pai, coloradaço, me fala com carinho do show do Sting no Monumental, lá por 1987, se não me falha a memória. Vejam bem, Sting, ninguém menos que o cara que levava o The Police nas costas. Agora os gestores do clube permitem que a Madonna faça os últimos trabalhos do nosso templo sagrado? Isto é completamente inadmissível. Ela é a Rainha do Pop? Beleza, que seja, mas o Grêmio não é um clube "pop", aliás, existe um clube em Porto Alegre que se orgulha de ser chamado assim. Enfim, deixa pra lá...

Para mim, deveria acabar como começou, com um grande jogo. As passagens de grandes músicos pelo Olímpico entraram para a história, e sei que muitos gremistas tem um enorme orgulho disto. Sei também que alguns gremistas se orgulharão de receber uma artista do tamanho da Madonna no nosso estádio. Eu não. Nada contra a moça (!), muito pelo contrário, respeito demais o sucesso que ela faz há sei lá quantas décadas - certamente mais tempo do que tenho de vida. Entretanto, não é um espetáculo com o qual a maioria de nossa torcida se identifica, disto tenho certeza. Como a produtora não tinha outro lugar decente para socar um show desses, aproveitou-se o Monumental; bueno, se a direção gremista conseguir tirar uma boa grana desse fiasco, minha indignação irá reduzir um pouco. Minha preferência seria colocar em risco a história do estádio (e do clube), fazendo o encerramento com o Gre-Nal da última rodada do Brasileirão, no dia 2 de dezembro e já era, fecha as portas. Sei que muitos gremistas (inglórios) iriam tremer de medo, mas quer jogo mais digno para a ocasião? No festival de inauguração levamos 6 deles, o estádio não caiu, o clube não acabou, e não deixamos de conquistar títulos na nossa casa.

Já quanto a inauguração da nova Arena (que dizem ser "multiuso", entre outras mumunhas de 1º mundo), me divido em 2 correntes, tanto para sugestão de evento, quanto para pontuar uma questão ventilada desde ontem na imprensa. Primeiro, ao apontamento: foi falado que, com a recusa dos australianos do AC/DC, a Grêmio Empreendimentos iria buscar o Foo Fighters para fazer a abertura dos trabalhos no estádio. Desde já confesso que estou secando fortemente esta possibilidade, mas é o escriba Jhon Willian que o faz, e não por não gostar de Dave Grohl e cia., pelo contrário (no início do mês, inclusive, assisti a um show dos caras em São Paulo - mais um motivo para secar [risos]). Sem contar que já se falou em nomes como U2 e Rolling Stones; mais uma vez, nada contra as bandas. É que tem o seguinte, um show desses caras, seria um evento (e que evento!) para Porto Alegre, e, aqui entre nós, o acontecimento da inauguração do novo estádio do Grêmio, deve ser destinado APENAS aos gremistas, no meu ver. Duvido que não haja 1 colorado (ou torcedor de qualquer time que seja) que não queira assistir aos Stones em Porto Alegre, duvido mesmo. Delimitação de público, esta é uma ideia, e não é com shows de grande magnitude que isto será feito.

O que penso a respeito, já pensava, e a conversa com o Elói apenas me limpou as vistas: lembrei do festival de inauguração do Olímpico, há quase 58 anos, quando aconteceu um triangular envolvendo o próprio Grêmio, o Internacional e o Nacional, de Montevidéu - já lembrei há 2 parágrafos o que aconteceu, e não preciso fazê-lo novamente. Penso em algo semelhante a isto, e aqui transcrevo uma sugestão bastante superficial, porque não entendo muito de elaboração de eventos, tampouco de publicidade, e como isto se enquadraria. Seria realizado um torneio semi-final com 4 equipes, e eu sugeriria, além do Grêmio, o Nacional/URU, o Ajax e o Club Almagro, da Argentina. 2 clubes com laços históricos muito fortes com o Grêmio, e um clube europeu com participação na nossa história. O Grêmio participaria do 1º jogo, por óbvio, e entre este jogo e a outra semi-final, seriam realizados shows com artistas identificados com o Grêmio, como Humberto Gessinger (e os Engenheiros do Hawaii, fosse o caso), Tico Santa Cruz (e os Detonautas), Adriana Calcanhoto, Renato Borghetti, Wander Wildner, Michel Teló, algum pagodeiro, enfim, para atender a todos os gostos dos gremistas. Acredito eu que nem todos sejam fãs de rock pesado.

Assim seria feito antes da final, ou como fosse definido o regulamento do torneio, ficaria à cargo dos gestores e organizadores. Deste modo, a festa de abertura da Arena aos gremistas não seria restrita a um nicho de consumidores (de rock'n'roll, no caso), se restringiria aos gremistas, e aí se faria exigível a obrigatoriedade de ser sócio para participar do evento. Valorizaria os vínculos que o clube Grêmio Foot-ball Porto Alegrense tem com alguns clubes no mundo afora, e valorizaria os talentos daqui, que são assumidamente gremistas, ao invés de trazer atrações do exterior que talvez sequer saibam o que é futebol, muito menos o que é o Grêmio. E finalizando, abro espaço para os gremistas fazerem suas sugestões, do que gostariam de ver na inauguração da nossa Arena, e as opiniões sobre o show (e jogo) de despedida do Olímpico.

Antes do Esquecimento
  • Comecei o post ontem, 24 de abril, uma data importantíssima: há 59 anos começava a ser erguido o nosso Velho Casarão, do qual estamos discutindo uma melhor maneira de nos despedirmos. Lugar onde vivi muitas emoções, tanto boas, quanto ruins; onde chorei de alegria, de tristeza, dei risada com os amigos, assisti a grandes jogos, torcendo quase que doentiamente por este gigante do futebol que é o Grêmio. Cada vez que penso que estamos vivendo os últimos momentos podendo admirar aquela montanha de concreto e aço, que parece ter vida própria, me dá um aperto no coração. E o site Globo Esporte aproveitou o gancho, e fez uma excelente matéria sobre o assunto, a qual recomendo muito a leitura.

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