quinta-feira, 5 de abril de 2012

À margem

Voltam os períodos acadêmicos, e voltam as dificuldades para fazer acompanhamentos, coberturas e afins jornalístico-futebolescos. Sim, queria começar este texto com uma desculpa esfarrapada, pois é o mínimo que espero das pessoas ligadas ao Grêmio, sobretudo dos responsáveis pelo fiasco da noite de ontem, em Minas Gerais. O Grêmio não conseguir matar o confronto contra o Ipatinga (veja bem, o Ipatinga!) no primeiro tiro, é tão inadmissível quanto não fazer o mesmo com o River Plate/SE(m grife). Meu lado racional pensa assim, vê o Grêmio com a obrigação, e nada menos que isto, de patrolar todos seus oponentes mais low profile. O problema, ou, aqui, solução, é revisitar a história, pois, afinal, o Tricolor é apenas tetra-campeão deste torneio, quer dizer, o clube possui know-how para falar em Copa do Brasil.

Em 1994 e 1997, o Grêmio teve Copas atípicas, enfrentando apenas clubes de tradição, ou relativa tradição. Na campanha do bi, o Tricolor enfrentou Criciúma, Corinthians, Vitória, Vasco da Gama e Ceará. Talvez o finalista fosse o menos tradicional, mas a campanha eliminando Palmeiras e Internacional o autorizou a desafiar o Grêmio. 3 anos mais tarde, outra Copa tendo apenas clubes de médio/grande porte como oponentes: Fortaleza, Portuguesa, Vitória, Corinthians e Flamengo. Na 1ª edição da Copa do Brasil, envolta em novidade, e em times alternativos, o Grêmio teve a honra de receber o Ibiraçú, do Espírito Santo, depois de vencer o 1º jogo por apenas 1-0. À época, não existia o critério que matava o 2º jogo com vitória por 2 gols ou mais de diferença fora de casa.

Mais adiante, destroçou o Mixto, do Mato Grosso (0-5), tanto é que o adversário não quis vir a Porto Alegre jogar a volta. Dali em diante o emparelhamento afunilou, e o Grêmio derrubaria Bahia, Flamengo e Sport, na sequência. No tetra-campeonato, em 2001, o qual tenho lembranças mais claras, e último título decente que o Tricolor comemorou, algumas etapas foram de sofrimento. As 2 primeiras fases, contra Villa Nova, de Nova Lima/MG, e Santa Cruz foram agônicas, com o Grêmio tendo que buscar no jogo de volta. Lembro, principalmente, do jogo contra o time do Recife, disputado sob um dilúvio em Porto Alegre, e o time treinado por Tite quase deixou escapar a classificação. Aquele jogo lavou a alma do time, que seguiu firme, a partir dali eliminando Fluminense, Coritiba, São Paulo e Corinthians.

O que quero dizer: nem sempre começar mal é signo do fracasso e vexame total. Tudo bem, 3 jogos, 3 vitórias, mas todas, eu disse TODAS, foram apertadas. Em 2000, ano de estrelas, ano da ISL, o Grêmio começou com um 0-4 inapelável contra o União Rondonópolis, para depois levar 4 da Portuguesa, em pleno Estádio Olímpico, maior fiasco gremista nesta competição. O que quis dizer: nem sempre começar bem é sinônimo de taça à vista. Por isto, vou usar da minha incoerência, e dizer, mesmo preocupado, para que os torcedores não se preocupem (!). Daqui a 1 ou 2 fases os confrontos começam a ficar mais parelhos, então poderemos ter um parâmetro, digamos, decente do potencial do time de Luxemburgo, e do próprio técnico, diga-se de passagem.

Porque, convenhamos, muito da magérrima vitória de ontem passou pelas falhas de Luxemburgo. Em determinado momento do jogo, o time estava em um 3-6-1, onde o único atacante era o garoto Weverson Leandro, extremamente insuficiente, que substituiu a Bertoglio; André Lima, que havia entrado ainda no 1º tempo, foi sacado para a entrada (?) de Marquinhos, que, tentando emular um centroavante, desperdiçou 2 gols praticamente feitos, e que dariam a classificação ao Tricolor. O "Caneleiro Imortal" entrara pois o imponderável do azar fez com que mais um atacante gremista, desta vez Marcelo Moreno, se lesionasse. Impressionante. Comentava no Twitter que Luxemburgo é um jóquei de puro-sangue para quem foi dado um pônei maldito para correr.

O gol da vitória (?!) foi marcado pelo volante Léo Gago, em jogada praticamente espírita, ganhando uma dividida e mandando um tijolaço do meio da rua, lá pelos 20' do 2º tempo. Não fosse este cataclisma, e Ipatinga e Grêmio poderiam ficar jogando até agora, que não teria sido sequer criada uma chance de gol. O Grêmio, com a proposta inicial no 3-5-1-1 jogou absolutamente para não perder, o que irrita ainda mais em relação ao jogo do Sergipe, onde o time jogou nada, é verdade, mas ao menos a ideia era vencer. Sinceramente, pensava que Naldo já havia sido dispensado, e o pior é saber que (o menos pior) Grolli ficou em Porto Alegre... Que o Grêmio passa pelo Ipatinga, disto eu não tenho sequer dúvida, mas será que poderemos almejar algo maior com este nível de atuações?

Antes do Esquecimento
  • O bicho pegou para o Flamengo. Acompanhei em partes o jogo do rubro-negro carioca contra o Emelec, em Guayaquil. O Mengão até vinha bem no jogo, construiu um placar de 1-2 bastante sólido no 1º tempo, apesar de ter sido por vezes ameaçado pelos Electricos. A 2ª etapa foi um desastre ecológico. Joel Santana mostrou sua veia retranqueira, o time não passou do meio-campo em 90% do tempo, e o empate e posterior virada do Emelec foi apenas consequência. O argentino Lucho Figueroa, ex-River Plate, marcou 2 gols, e Fernando Gaibor converteu pênalti aos 45' do 2º tempo, e garantiu a vitória equatoriana. Léo Moura e Deivid diminuiram para o Flamengo, que precisará vencer o Lanús na última rodada, e torcer para um empate entre Olimpia-Emelec.

2 comentários:

  1. "Know-How" Cronista de nivel é outra coisa!
    Mas acredito q o Grêmio passe pelo Ipatinga se n seria fiasco. Mas e c pegasse um Palmeiras ou São Paulo da vida? O nosso time ta abaixo dos paulista em termos de produção. E estamos sem zagueiros também literalmente.

    ResponderExcluir
  2. Com esse time sem ataque, sem um 10 e sema zaga fica complicado na Copa do Brasil. E vamos brigar para n rebaixar ou ser o decimo colocado no brasileirão.
    N acha?

    ResponderExcluir